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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

"O casamento indissolúvel não é uma ameaça à liberdade humana"

O Cardeal Kurt Koch intervém no debate em vista do Sínodo sobre a família


Roma, 25 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Luca Marcolivio


"Fidelidade” e “inseparabilidade" permanecem as condições indispensáveis ​​do casamento cristão. Isto foi afirmado pelo Cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, durante uma conferência sobre o conteúdo do próximo Sínodo, da qual amplos trechos serão publicados na edição de amanhã do L’Osservatore Romano.

Em seu discurso, o cardeal suíço toma nota da actual crise do matrimónio e do aumento exponencial das separações e dos divórcios, identificando uma das principais razões na "incapacidade generalizada e crescente das pessoas para tomar decisões vinculantes e definitivas”.

É o triunfo do que o Papa Francisco chama de "cultura do provisório", segundo a qual "as decisões definitivas e a fidelidade não são mais tidas como valores primários, porque os homens se tornaram mais inconstantes nas suas relações e, ao mesmo tempo, mais desejosos de relacionamentos”.

Muitas pessoas parecem excluir a priori a possibilidade de "algo definitivo", prevendo já do início "a possibilidade de um fracasso". A perspectiva cristã, no entanto, é totalmente contrária e diz que a fidelidade a um “sim” pronunciado a um outro ser humano, “não se cristalizará, mas aprenderá de forma sempre mais profunda a abrir-se ao “tu” e, ao fazer isso, a alcançar a própria liberdade”, afirmou Koch.

Em relação ao debate sinodal sobre as possíveis condições de readmissão à eucaristia para os divorciados novamente casados ​​ou em coabitação, o cardeal disse que estava "convencido de que só é possível encontrar respostas credíveis e úteis para este assunto espinhoso, se se tiver a coragem de chamar pelo nome os problemas que estão na base”.

A pastoral matrimonial, portanto, precisa de “uma boa preparação para o matrimónio, de um catecumenato matrimonial como equivalente do velho tempo de noivado”.

Além disso, o amor conjugal cristão “não pode limitar-se a si mesmo e girar exclusivamente em torno de si mesmo, mas de sair de si mesmo através dos filhos e para os filhos; somente através do filho o matrimónio se torna família”.

É imprescindível, portanto, a abertura à “transmissão da vida humana”, porque, “com os filhos, se confia aos pais a responsabilidade do futuro, de tal forma que o futuro da humana passa pelo da família”.

A renúncia de colocar filhos no mundo é principalmente devida a um futuro que se tornou "tão incerto que os induz a fechar-se, com preocupação, como é possível expor uma nova vida a um futuro percebido como desconhecido”, afirma Koch.

Não é suficiente, então, transmitir a “vida biológica”, é preciso transmitir a vida “em um sentido pleno, ou seja, em um sentido que resiste à crise da vida e traz consigo uma esperança que se revela mais forte do que toda incerteza do futuro”.

Considerando-se as crianças como "o bem mais valioso da família", os pais cristãos lançam um "sinal profético", que responde ao declínio demográfico, “sinal de uma falta de confiança na vida e de esperança no futuro".

A dignidade do homem e a dignidade da família vão de mãos dadas e “a volta do debate da instituição da família representa também um ataque ao conceito cristão de pessoa humana”, como observou nos anos 80 o então cardeal Joseph Ratzinger.

Lembramos assim as recentes palavras do Papa Francisco que, em sua viagem à Filipinas do mês passado, afirmou: “"Qualquer ameaça à família é uma ameaça à própria sociedade."

Sublinhando que "com a família, o que se joga é alto para o homem e para a sociedade”, o presidente do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos lembrou que a próxima assembleia sinodal "vai enfrentar grandes desafios que poderá vencer só se proclamar o Evangelho do matrimónio e da família”, compreendido não como “uma ameaça ou um limite para a liberdade humana”, mas como “a sua realização mais autêntica”.

Por esta razão, "se a maior possibilidade da liberdade humana é a capacidade de fazer escolhas definitivas, então, conseguirá ser livre somente aquele que souber também ser fiel e poderá ser realmente fiel somente aquele que é livre. A fidelidade é, de facto, o preço que a liberdade paga e a liberdade é o prémio que vence a fidelidade”, concluiu o Cardeal Koch.

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