O Cardeal Kurt Koch intervém no debate em vista do Sínodo sobre a família
Roma, 25 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Luca Marcolivio
"Fidelidade” e “inseparabilidade" permanecem as condições
indispensáveis do casamento cristão. Isto foi afirmado pelo Cardeal
Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos
Cristãos, durante uma conferência sobre o conteúdo do próximo Sínodo, da
qual amplos trechos serão publicados na edição de amanhã do
L’Osservatore Romano.
Em seu discurso, o cardeal suíço toma nota da actual crise do matrimónio e do aumento exponencial das separações e dos divórcios,
identificando uma das principais razões na "incapacidade generalizada e
crescente das pessoas para tomar decisões vinculantes e definitivas”.
É o triunfo do que o Papa Francisco chama de "cultura do provisório",
segundo a qual "as decisões definitivas e a fidelidade não são mais
tidas como valores primários, porque os homens se tornaram mais
inconstantes nas suas relações e, ao mesmo tempo, mais desejosos de
relacionamentos”.
Muitas pessoas parecem excluir a priori a possibilidade de "algo
definitivo", prevendo já do início "a possibilidade de um fracasso". A
perspectiva cristã, no entanto, é totalmente contrária e diz que a
fidelidade a um “sim” pronunciado a um outro ser humano, “não se
cristalizará, mas aprenderá de forma sempre mais profunda a abrir-se ao
“tu” e, ao fazer isso, a alcançar a própria liberdade”, afirmou Koch.
Em relação ao debate sinodal sobre as possíveis condições de
readmissão à eucaristia para os divorciados novamente casados ou em
coabitação, o cardeal disse que estava "convencido de que só é possível
encontrar respostas credíveis e úteis para este assunto espinhoso, se se
tiver a coragem de chamar pelo nome os problemas que estão na base”.
A pastoral matrimonial, portanto, precisa de “uma boa preparação para
o matrimónio, de um catecumenato matrimonial como equivalente do velho
tempo de noivado”.
Além disso, o amor conjugal cristão “não pode limitar-se a si mesmo e
girar exclusivamente em torno de si mesmo, mas de sair de si mesmo
através dos filhos e para os filhos; somente através do filho o matrimónio se torna família”.
É imprescindível, portanto, a abertura à “transmissão da vida
humana”, porque, “com os filhos, se confia aos pais a responsabilidade
do futuro, de tal forma que o futuro da humana passa pelo da família”.
A renúncia de colocar filhos no mundo é principalmente devida a um
futuro que se tornou "tão incerto que os induz a fechar-se, com
preocupação, como é possível expor uma nova vida a um futuro percebido
como desconhecido”, afirma Koch.
Não é suficiente, então, transmitir a “vida biológica”, é preciso
transmitir a vida “em um sentido pleno, ou seja, em um sentido que
resiste à crise da vida e traz consigo uma esperança que se revela mais
forte do que toda incerteza do futuro”.
Considerando-se as crianças como "o bem mais valioso da família", os
pais cristãos lançam um "sinal profético", que responde ao declínio
demográfico, “sinal de uma falta de confiança na vida e de esperança no
futuro".
A dignidade do homem e a dignidade da família vão de mãos dadas e “a
volta do debate da instituição da família representa também um ataque ao
conceito cristão de pessoa humana”, como observou nos anos 80 o então
cardeal Joseph Ratzinger.
Lembramos assim as recentes palavras do Papa Francisco que, em sua
viagem à Filipinas do mês passado, afirmou: “"Qualquer ameaça à família é
uma ameaça à própria sociedade."
Sublinhando que "com a família, o que se joga é alto para o homem e
para a sociedade”, o presidente do Conselho Pontifício para a Unidade
dos Cristãos lembrou que a próxima assembleia sinodal "vai enfrentar
grandes desafios que poderá vencer só se proclamar o Evangelho do matrimónio e da família”, compreendido não como “uma ameaça ou um limite
para a liberdade humana”, mas como “a sua realização mais autêntica”.
Por esta razão, "se a maior possibilidade da liberdade humana é a
capacidade de fazer escolhas definitivas, então, conseguirá ser livre
somente aquele que souber também ser fiel e poderá ser realmente fiel
somente aquele que é livre. A fidelidade é, de facto, o preço que a
liberdade paga e a liberdade é o prémio que vence a fidelidade”,
concluiu o Cardeal Koch.
(25 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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