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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Na Quaresma, entramos no deserto e lutamos contra o mal

No Angelus do I Domingo da Quaresma, o Papa presenteia os fiéis com um livreto intitulado "Guarde o coração" e pede orações pelos Exercícios Espirituais


Roma, 22 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Salvatore Cernuzio


A Praça de São Pedro estava lotada. Entre os fiéis reunidos para rezar o Angelus com o Papa no Primeiro Domingo da Quaresma, estava um grupo de sem-tecto junto com o elemosineiro do vaticano Dom Konrad Krajewski.

Eles ajudaram os voluntários a distribuírem um presente que o Papa Francisco ofereceu aos fiéis para este percurso quaresmal. Um livreto intitulado “Custodici il cuore” (Guarde o coração), “porque – explicou o Papa - a Quaresma é um caminho de conversão que tem ao centro o coração”.

Não foi por acaso que os desabrigados ajudaram nesta tarefa. “Como sempre, também hoje, aqui na praça - destacou Francisco - os próprios necessitados nos trazem uma grande riqueza, a riqueza da nossa Doutrina para custodiar o coração”.

O livreto reúne alguns ensinamentos de Jesus, conteúdos essenciais da nossa fé como, por exemplo, os Sete Sacramentos, os Dons do Espírito Santo, os Dez Mandamentos, as Virtudes, as Obras de misericórdia..."Cada um pegue um livrinho e leve consigo, como ajuda para a conversão e o crescimento espiritual, que parte sempre do coração: alí onde se joga a partida das escolhas quotidianas entre o bem e o mal, entre mundanidade e Evangelho, entre indiferença e partilha. A humanidade tem necessidade de justiça, de paz, de amor e poderá ter isto somente retornando com todo o coração a Deus, que é a fonte de tudo isto. Peguem o livro, leiam-o todos”.

Na primeira catequese antes da oração mariana, o Papa deteve-se na “prova enfrentada voluntariamente por Jesus, antes de iniciar sua missão messiânica”, narrada no Evangelho de São Marcos, na liturgia de hoje.

Um verdadeiro "corpo a corpo" entre Jesus e Satanás "naqueles quarenta dias de solidão", destacou o Pontífice, mas do qual "o Senhor sai vitorioso", porque ele "desmascarou" as tentações do diabo, e "venceu". E "nós - acrescentou espontaneamente o Papa – vencemos todos, mas agora temos que proteger no nosso quotidiano esta vitória."

Por isso, na Quaresma "devemos combater", reiterou o Santo Padre. E a Igreja oferece a "perspectiva" e o "sentido" deste tempo litúrgico, que é "tempo de combate espiritual contra o espírito do mal."

O percurso desses quarenta dias - acrescentou Francisco - "passa pelo deserto", ou seja, o lugar "onde você pode ouvir a voz de Deus e a voz do tentador." Porque no "barulho" e na "confusão" que caracterizam o mundo de hoje "ouvimos apenas as vozes superficiais". Pelo contrário, no deserto, “podemos ir mais fundo, onde se joga verdadeiramente o nosso destino, a vida ou a morte."
Mas, como ouvimos a voz de Deus? "Na sua palavra", disse o Papa. Por isso "é importante conhecer as Escrituras, porque senão não saberemos responder aos ataques do maligno". E por isso você também precisa "ler o Evangelho todos os dias, medita-lo, um pouco, apenas 10 minutos, e levá-lo consigo, em seu bolso, na bolsa...".

O deserto quaresmal, na verdade, "nos ajuda a dizer não à mundanidade, aos ídolos, nos ajuda a fazer escolhas corajosas conforme o Evangelho e a reforçar a solidariedade com os nossos irmãos", assegurou o Santo Padre. Peçamos, portanto, para entrar neste deserto "sem medo", "porque não estamos sozinhos, estamos com Jesus, com o Pai e o Espírito Santo”. Na verdade, como foi para Jesus, “é justamente o Espírito Santo que nos guia no caminho quaresmal, o mesmo Espírito descido sobre Jesus e que nos é dado no baptismo”.

Além disso, no "deserto" quaresmal, devemos manter o olhar na Páscoa, que é a vitória final de Jesus contra o mal, contra o pecado e contra a morte. Este é o significado do Primeiro Domingo da Quaresma, disse o Papa Francisco: "colocar-nos decididamente no caminho de Jesus, o caminho que conduz à vida”. E ao final do itinerário quaresmal, na Vigília Pascal, “poderemos renovar com maior consciência a aliança baptismal e os compromissos que dela derivam”.

Neste percurso, ao nosso lado, está Maria, a Virgem Santíssima, "modelo de docilidade ao Espírito", à qual o Papa reza para que "nos ajude a deixar-nos conduzir por Ele, que quer fazer de cada um de nós uma nova criatura”. À Maria o Papa confia a semana de Exercícios Espirituais, que terá início às 18:00 (hora local), na Casa Divino Mestre em Ariccia, do qual participará toda a Cúria Romana.

Um evento importante para o Santo Padre, que pede aos fiéis para acompanhá-lo com a oração. "Rezem - disse – para que neste "deserto" que são os Exercícios possamos ouvir a voz de Jesus e também corrigir muitos defeitos que todos nós temos e também para enfrentar as tentações que a cada dia nos atacam."

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