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sábado, 28 de fevereiro de 2015

A Doutrina Social da Igreja é uma inspiração vital para a recuperação económica

A Fundação Centesimus Annus apresenta os vencedores do prémio "Economia e Sociedade"


Roma, 26 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Rocio Lancho García


É possível falar de ética e economia em um mundo que parece falar de economia apenas em termos de lucro. É possível pensar em uma economia a serviço do desenvolvimento humano. A Fundação Centesimus Annus - Pro Pontífice - promove, reconhece e premia. Esta manhã, a Fundação apresentou, na Sala de Imprensa da Santa Sé, as actividades desenvolvidas nos últimos dois anos, seus programas e os nomes dos vencedores da segunda edição do concurso internacional "Economia e Sociedade".

Os vencedores do prémio são Pierre de Lauzun, por sua obra ''Finance: un regard chrétien. De la banque mediévale a la mondialisation financière''. E na categoria dedicada aos jovens, os vencedores foram Alexander Stumvoll, nacido em 1983, por sua tese “A Living Tradition. The Holy See, Catholic Social Doctrine and Global Politics 1965-2000” e Arturo Bellocq Montano por sua tese “A Doutrina Social da Igreja. O que é e o que não é”.

"O prémio principal é para um livro que já foi publicado, com excelência na qualidade, correto do ponto de vista doutrinal, mas acima de tudo, que desenvolva a Doutrina Social da Igreja em aspectos concretos. Que não seja apenas um manual, uma introdução ou um resumo, mas apresente ideais novas e aplicáveis”. Os outros dois prémios foram entregues a trabalhos de doutorado inéditos, e de pessoas mais jovens, mas que seguem a mesma linha, como afirmou Domingo Sugranyes Bickel, presidente da Fundação, falando aos jornalistas no final da conferência de imprensa.

O objectivo do prémio - explicou - é promover autores que se dedicam a esse tema. Se trata de "encontrar novas maneiras que permitam, do nosso ponto de vista, que a economia de mercado floresça, mas a serviço da sociedade. Encontrar condições que permitam que mais pessoas encontrem em seus trabalhos uma realização. Assim, o crescimento ajudará a combater a pobreza, não há outra maneira", assegurou.

Ele alertou também que a Doutrina Social é pouco conhecida, até mesmo dentro da Igreja. "Falta iniciativa por parte dos católicos para desenvolver a Doutrina Social em termos concretos, para aplica-la, e também reflexões sobre suas aplicações e publicação de livros."

Respondendo a ZENIT sobre a forma específica de um cristão aplicar esta economia que visa o desenvolvimento humano, o presidente da Fundação afirmou que "em qualquer trabalho, empresa, nova iniciativa, melhor ainda se for empresarial, há um aspecto onde a fé tem o seu lugar. Nós não estamos falando de realidade exterior. Bento XVI na Caritas in Veritate disse que na vida económica é onde podemos viver relações gratuitas e de profunda comunicação. De alguma forma, o que estamos dizendo é que esta mensagem é para todos, para todos tem algum tipo de aplicação".

Quando perguntado se a mensagem de Francisco em favor dos pobres e contra a economia que não se preocupa com a pessoa, está sendo reconhecida, disse: "Eu acho que sim". E acrescentou: "não falta numa sociedade o diagnóstico do que não funciona. O que falta é a parte construtiva e ai sim, eu acho que na Doutrina Social da Igreja existe uma inspiração para um renascimento económico vital. Quer dizer, colocar tudo o que é feito para servir a sociedade em primeiro lugar e não em segundo. A empresa que afirma isso, assume muitas coisas: desde a organização do plano de vendas, a forma de remuneração e bónus, como é financiada ou como remunera os accionistas. Tudo tem a ver com a visão de uma empresa a serviço da sociedade. Nada é externo. Eu acho que podemos falar de um tempo de falhas graves que surgiram e continuam surgindo, e de um excessivo desenvolvimento financeiro, particularmente especulativo, e de uma globalização que tem sido por vezes distorcida por amor ao dinheiro".

Durante a conferência de imprensa monsenhor Scotti reiterou a importância de denunciar, seguindo o exemplo do Papa Francisco, a ''cultura do descarte'', que exclui as pessoas. ''Muitos acreditam que a economia pode assumir o papel de produtor absoluto de objectivos e valores aos quais deve se submeter qualquer âmbito da dimensão humana, justificando com o fato de que vivemos na era da pós-ideologia e pós-política", destacou. Na verdade - prosseguiu - seria um aspecto a analisar, mas também poderíamos analisar a cultura actual a partir da Palavra de Deus, levando em consideração que o prémio atribuído pela Fundação vai para autores que desejam com seus trabalhos oferecer uma maneira nova de olhar com sabedoria tanto o presente como o uso do dinheiro. Destacou ainda que o prémio não é suficiente, mas é um sinal. "É uma via se queremos que o dinheiro não prevaleça sobre nós e sobre o nosso caminho", concluiu.

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