A Fundação Centesimus Annus apresenta os vencedores do prémio "Economia e Sociedade"
Roma, 26 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Rocio Lancho García
É possível falar de ética e economia em um mundo que parece
falar de economia apenas em termos de lucro. É possível pensar em uma
economia a serviço do desenvolvimento humano. A Fundação Centesimus
Annus - Pro Pontífice - promove, reconhece e premia. Esta manhã, a
Fundação apresentou, na Sala de Imprensa da Santa Sé, as actividades
desenvolvidas nos últimos dois anos, seus programas e os nomes dos
vencedores da segunda edição do concurso internacional "Economia e
Sociedade".
Os vencedores do prémio são Pierre de Lauzun, por sua obra
''Finance: un regard chrétien. De la banque mediévale a la
mondialisation financière''. E na categoria dedicada aos jovens, os
vencedores foram Alexander Stumvoll, nacido em 1983, por sua tese “A
Living Tradition. The Holy See, Catholic Social Doctrine and Global
Politics 1965-2000” e Arturo Bellocq Montano por sua tese “A Doutrina
Social da Igreja. O que é e o que não é”.
"O prémio principal é para um livro que já foi publicado, com
excelência na qualidade, correto do ponto de vista doutrinal, mas acima
de tudo, que desenvolva a Doutrina Social da Igreja em aspectos
concretos. Que não seja apenas um manual, uma introdução ou um resumo,
mas apresente ideais novas e aplicáveis”. Os outros dois prémios foram
entregues a trabalhos de doutorado inéditos, e de pessoas mais jovens,
mas que seguem a mesma linha, como afirmou Domingo Sugranyes Bickel,
presidente da Fundação, falando aos jornalistas no final da conferência
de imprensa.
O objectivo do prémio - explicou - é promover autores que se dedicam a
esse tema. Se trata de "encontrar novas maneiras que permitam, do nosso
ponto de vista, que a economia de mercado floresça, mas a serviço da
sociedade. Encontrar condições que permitam que mais pessoas encontrem
em seus trabalhos uma realização. Assim, o crescimento ajudará a
combater a pobreza, não há outra maneira", assegurou.
Ele alertou também que a Doutrina Social é pouco conhecida, até mesmo
dentro da Igreja. "Falta iniciativa por parte dos católicos para
desenvolver a Doutrina Social em termos concretos, para aplica-la, e
também reflexões sobre suas aplicações e publicação de livros."
Respondendo a ZENIT sobre a forma específica de um cristão aplicar
esta economia que visa o desenvolvimento humano, o presidente da
Fundação afirmou que "em qualquer trabalho, empresa, nova iniciativa,
melhor ainda se for empresarial, há um aspecto onde a fé tem o seu
lugar. Nós não estamos falando de realidade exterior. Bento XVI na
Caritas in Veritate disse que na vida económica é onde podemos viver
relações gratuitas e de profunda comunicação. De alguma forma, o que
estamos dizendo é que esta mensagem é para todos, para todos tem algum
tipo de aplicação".
Quando perguntado se a mensagem de Francisco em favor dos pobres e
contra a economia que não se preocupa com a pessoa, está sendo
reconhecida, disse: "Eu acho que sim". E acrescentou: "não falta numa
sociedade o diagnóstico do que não funciona. O que falta é a parte
construtiva e ai sim, eu acho que na Doutrina Social da Igreja existe
uma inspiração para um renascimento económico vital. Quer dizer, colocar
tudo o que é feito para servir a sociedade em primeiro lugar e não em
segundo. A empresa que afirma isso, assume muitas coisas: desde a
organização do plano de vendas, a forma de remuneração e bónus, como é
financiada ou como remunera os accionistas. Tudo tem a ver com a visão de
uma empresa a serviço da sociedade. Nada é externo. Eu acho que podemos
falar de um tempo de falhas graves que surgiram e continuam surgindo, e
de um excessivo desenvolvimento financeiro, particularmente
especulativo, e de uma globalização que tem sido por vezes distorcida
por amor ao dinheiro".
Durante a conferência de imprensa monsenhor Scotti reiterou a
importância de denunciar, seguindo o exemplo do Papa Francisco, a
''cultura do descarte'', que exclui as pessoas. ''Muitos acreditam que a
economia pode assumir o papel de produtor absoluto de objectivos e
valores aos quais deve se submeter qualquer âmbito da dimensão humana,
justificando com o fato de que vivemos na era da pós-ideologia e
pós-política", destacou. Na verdade - prosseguiu - seria um aspecto a
analisar, mas também poderíamos analisar a cultura actual a partir da
Palavra de Deus, levando em consideração que o prémio atribuído pela
Fundação vai para autores que desejam com seus trabalhos oferecer uma
maneira nova de olhar com sabedoria tanto o presente como o uso do
dinheiro. Destacou ainda que o prémio não é suficiente, mas é um sinal.
"É uma via se queremos que o dinheiro não prevaleça sobre nós e sobre o
nosso caminho", concluiu.
(26 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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