Num relatório denuncia a incapacidade da EU na hora de ajudar as pessoas com dificuldades. Revela níveis alarmantes de pobreza em Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Espanha
Roma, 19 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org)
A Caritas Europa apresentou nesta quinta-feira um novo
relatório sobre o impacto da crise. O estudo, intitulado "Pobreza e
desigualdades em ascensão: a única solução necessária são sistemas
sociais" (disponível só em inglês), revela níveis alarmantes de pobreza e
privação nos sete países da UE mais atingidos pela crise económica:
Chipre, Grécia, Irlanda, Itália, Portugal, Roménia e Espanha.
"A UE e os seus Estados-Membros continuam abordando a crise
focando, principalmente, nas políticas económicas e, especialmente, nos
gastos das políticas sociais. Como resultado disso, a implementação
dessas políticas está tendo um impacto devastador na população europeia,
especialmente nesses sete países mais afectados", alertou a organização
em um comunicado.
"A incapacidade da UE e dos seus Estados membros na hora de ajudar
concretamente e com o alcance necessário às pessoas com dificuldades, de
proteger os serviços públicos essenciais e de criar emprego contribuirá
para um prolongamento da crise”, acrescentou.
"Acreditamos que este relatório contribui para uma maior consciência
sobre o impacto da crise nos grupos vulneráveis. Faz uma chamada para se
adoptar soluções políticas alternativas e recorda que os políticos têm
várias possibilidades quando decidem quais medidas adoptar para aliviar
os piores efeitos da crise. O mundo que documenta este informe não é
justo. E constata, além do mais, que ter dado prioridade às medidas de
austeridade não solucionou a crise, mas causou problemas sociais que
terão impacto duradouro”, explicou o secretário geral da Cáritas Europa,
o espanhol Jorge Nuño Mayer.
O estudo é a terceira edição anual de uma série de análises
aprofundadas realizadas pela instituição católica sobre o impacto que as
políticas de austeridade estão tendo sobre os cidadãos da UE, onde se
constata também um crescente número de pessoas que lutam contra a
pobreza e a exclusão social.
O documento, diz a nota, "descreve uma Europa injusta, onde o risco
social está aumentando, os sistemas sociais estão sendo reduzidos, e os
indivíduos e as famílias estão sob pressão. Mostra uma Europa em que a
coesão social está desaparecendo e onde a confiança das pessoas nas
instituições políticas está enfraquecendo cada vez mais. Isso gera, a
longo prazo, um risco cada vez maior para a Europa”.
Por esta razão, Caritas Europa "questiona duramente o discurso
oficial, que sugere que a pior crise económica terminou”. “A crise não
diminuiu e as políticas actuais estão tendo um impacto extremamente
negativo nas pessoas vulneráveis", reclama.
Para a entidade de acção social e caritativa da Igreja, “o relatório
mostra claramente como – depois de 6 anos de crise económica – os pobres
continuam pagando por uma crise que não causaram. Os pobres são mais
pobres”.
Neste sentido, propõe às autoridades que as suas decisões sejam
baseadas na equidade e na justiça. "Cada governo nacional deve pum
mecanismo para garantir que todas as pessoas recebam renda suficiente
para viver com dignidade", recomenda. Além disso, "é necessário
enfrentar a evasão fiscal e introduzir sistemas justos de fiscalização
para que todos os sectores da sociedade, incluído o sector empresarial,
contribuam com uma cota justa e para que, quem puder fazer, pague mais”.
(19 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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