Monsenhor Patrón Wong, secretário para os seminários da Congregação para o Clero, afirma que o Papa diz para os sacerdotes que o melhor que nos aconteceu na vida foi encontrar-nos com o olhar e o chamado amoroso de Jesus
Roma, 27 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Rocio Lancho García
O seminário não é uma universidade onde só se aprendem
conceitos profissionais ou teóricos, é uma experiência de vida. Além
disso, a pastoral vocacional desenvolve um acompanhamento e
discernimento muito concreto, para que os jovens descubram a sua vocação
cristã específica. São ideias do monsenhor mexicano, Jorge Carlos
Patrón Wong, secretário para os seminários na Congregação para o Clero,
cargo que ocupa há pouco mais de um ano. Chegou em Roma em Novembro de
2013 directamente da diocese de Papantla. ZENIT entrevistou-o para saber
mais sobre o trabalho que tem desenvolvido nestes 14 meses, qual é a sua
visão sobre a vida nos seminários e como o Papa ajuda os sacerdotes em
sua missão.
ZENIT: Como você avalia a situação actual do clero e dos seminários depois destes primeiros meses de trabalho na Congregação?
Mons. Patrón Wong: Na Igreja, a vida é proposta como vocação, uma
vocação de amor e de serviço. Também hoje é uma novidade apreciar a vida
humana, como um dom; viver o baptismo e a vocação cristã como seguimento
de Jesus e perguntar-se: Onde e como Deus quer que ame e sirva os meus
irmãos? E aí é onde a pastoral vocacional desenvolve um acompanhamento e
discernimento muito concreto, para que os jovens descubram a sua
vocação cristã específica: a vocação ao sacerdócio, à vida consagrada ou
ao laicato comprometido.
ZENIT: Que conclusões concreto obtém do trabalho feito nestes meses?
Mons. Patrón Wong: Nos contactos que temos com os jovens seminaristas e
nas investigações que foram feitas este ano aparece um dado muito
importante. Todos os seminaristas tiveram duas experiências: o encontro
amoroso com Cristo e a presença de um ou mais sacerdotes próximos à sua
vida, à sua família, sacerdotes amigos e companheiros no seu
crescimento.
ZENIT: Nos seminários a formação deve ser não só intelectual, mas, como você diz, de experiência: como se trabalha este aspecto?
Mons. Patrón Wong: Estamos trabalhando na formação de formadores,
sacerdotes que assumem como vocação o ser pastores dos futuros pastores.
Há uma grande diferença entre transmitir conhecimentos e formar uma
pessoa. A convivência comunitária em um seminário permite integrar na
vida quotidiana todas as dimensões da formação: a espiritualidade, o
crescimento e desenvolvimento humano, intelectual e académico, e o
aspecto apostólico e missionário. O discernimento, com a ajuda dos
formadores, coloca o jovem em diálogo constante com Deus para descobrir
em qual vocação específica lhe chama. Neste sentido, o seminário é a
proposta positiva para descobrir e desenvolver uma vocação específica: a
vocação sacerdotal ministerial ou a vocação laical. No caso dos jovens
que descobrem que Deus os chama à vocação laical, tudo o que foi
aprendido no seminário é base e fundamento de uma vida comprometida com a
sociedade e formando uma família.
O seminário não é uma universidade onde só se aprendem conceitos
profissionais ou teóricos, é uma experiência de vida. Não é só escutar o
chamado de Deus, é responder; e, por isso, o acompanhamento deve
continuar toda a vida. Temos que estar ajudando-nos uns aos outros para
que as respostas pessoais sejam aquelas que Deus quer: com fidelidade
crescente e alegre.
ZENIT: Quais semelhanças encontra nos problemas e desafios dos seminários em todo o mundo?
Mons. Patrón Wong: Viver cada dia como vocação permanente: Deus me
chama por amor e eu respondo com alegria no serviço concreto aos meus
irmãos. Quando nos fazemos surdos ao chamado surgem os deslizes e quedas
na nossa resposta. Pelo contrário, quando em cada instante cresce o
gozo pelo chamado, multiplica-se, assim, a felicidade e a generosidade
em uma resposta plena. Tudo vai integrado porque, um bom sacerdote é um
bom cristão; e um bom cristão é um bom ser humano.
ZENIT: Os problemas sobre a vida sacerdotal e o clero que transcendem nos meios de comunicação são reais?
Mons. Patrón Wong: Os problemas existem porque eles são parte da vida
humana. Mas a vida e a vocação não podem ser vistas apenas como um
problema. É aprendizado, esforço, crescimento, porque a vida e a vocação
se definem com o amor. Os problemas se resolver com amor.
O Papa Francisco continuamente mostra sua preocupação e
proximidade aos sacerdotes, às vezes até mesmo parece que está sempre
dando uma bronca. Você acha que é assim mesmo?
Mons. Patrón Wong: O Papa ama os sacerdotes, os seminaristas, os
jovens, ama todos aqueles que tentam viver o seguimento de Jesus. E como
um bom pai e conhece nossas dificuldades e os verdadeiros desafios
actuais. Sempre nos alerta sobre as tentações e os erros que temos que
evitar, ou que não devem ser repetidos. É um Papa que nos ama ao estilo
de Cristo: na verdade e na misericórdia.
(27 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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