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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Vigário apostólico na Líbia: Não vou embora. Não vou abandonar os cristãos

Dom Martinelli à Rádio Vaticano: Minha missão é ser testemunha de Jesus


Roma, 16 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org)


Na situação extrema dos cristãos no Oriente Médio, as dificuldades da Igreja na Líbia passaram quase despercebidas perante a opinião pública mundial. Os fiéis enfrentam seu pior momento desde a queda do regime de Muamar Kadafi, devido à instabilidade social e à ausência de ordem que permitiu os enfrentamentos entre grupos armados que querem controlar o país. É preciso adicionar ainda a decapitação de 21 coptas egípcios pelo Estado Islâmico, o mais recente capítulo de uma lista macabra de assassinatos selvagens cometidos pela organização terrorista.

O vigário apostólico de Trípoli, dom Giovanni Innocenzo Martinelli, disse à Rádio Vaticano nesta segunda-feira: "Tenho que ficar! Como vou deixar os cristãos sem ninguém? Estamos aqui para ser testemunhas do que Jesus nos pediu. E isso é tudo. Se não fosse pela fé, não estaríamos aqui".

Diante das graves circunstâncias que a Líbia está atravessando, o prelado franciscano pediu que a comunidade internacional "comece um diálogo com este país que está dividido" e fez um apelo para que as pessoas sejam "instrumentos de unidade".

Martinelli lamentou ainda que "pensamos no petróleo, pensamos em nossos interesses e nos esquecemos um pouco do diálogo humano, sincero, entre as partes". Ele incentivou um "diálogo fraterno entre civilizações".

Para o vigário apostólico em Trípoli, "os muçulmanos também poderiam fazer o possível para encontrar certa serenidade. Não é fácil, agora não é fácil. Mas eu acho que é a única maneira de tornar este encontro possível".

O prelado franciscano encerrou suas declarações assegurando que o financiamento dos jihadistas vem "dos poços de petróleo da Líbia, do Golfo Pérsico etc.".

Por sua vez, as autoridades italianas anunciaram neste domingo o fechamento temporário da sua embaixada em Trípoli "devido à piora das condições de segurança" na Líbia. Seu pessoal foi repatriado por via marítima.

A decisão foi adoptada em um contexto de crescente violência e descontrole, com o constante avanço do Estado Islâmico no país, informou o ministério italiano de Assuntos Exteriores.

Durante as últimas semanas, o governo italiano recordou aos seus cidadãos a recomendação de abandonar temporariamente o território líbio por causa da "crescente instabilidade".

A queda de Sirte, segunda cidade do país, a 400 quilómetros de Trípoli, foi considerada como um facto particularmente grave pelos serviços italianos na Líbia. Os choques entre grupos e milícias armadas acontecem em grande parte do território.

O titular italiano de Assuntos Exteriores, Paolo Gentiloni, foi definido como "um ministro das cruzadas" pelo Estado Islâmico após declarar que Roma está pronta para participar de uma acção na Líbia, caso as Nações Unidas assim decidam. Em vídeo, o Estado Islâmico avisou: "Antes, estávamos em uma colina da Síria. Hoje, estamos ao sul de Roma, na Líbia".

Nesta quinta-feira, Gentiloni apresentará ao parlamento um relatório sobre a situação líbia para verificar junto às forças políticas do país uma eventual participação da Itália em uma intervenção internacional chefiada pela ONU.

Em declarações ao canal de televisão Sky24, o chanceler de Assuntos Exteriores garantiu que a Itália "mantém a cooperação com a comunidade internacional para combater o terrorismo e reconstruir um estado unitário e inclusivo na Líbia, baseado no acordo negociado pelo enviado especial da ONU", o espanhol Bernardino León.

A ministra da Defesa, Roberta Pinotti, destacou que Roma está pronta para encabeçar uma coligação de países europeus e norte-africanos, missão da qual a Itália participaria com mais de cinco mil homens.

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