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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Síria: os cristãos querem ficar

A Igreja local se esforça para encontrar soluções


Roma, 16 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org)


"Felizmente, as batalhas pararam por agora. Houve lutas ferozes em Nebek durante todo o Advento. Ninguém pôde fugir. As pessoas ficaram bloqueadas. A paz foi finalmente restaurada na semana antes do Natal, mas nunca se sabe".

A irmã Houda Fadoul parece aliviada. A freira siro-católica preside uma congregação de religiosas perto de Nebek, cidade com cerca de 50.000 habitantes ao nordeste de Damasco, já nas bordas do deserto. O rebanho local é composto por apenas 120 famílias, numa população católica total de 500, que conta com duas paróquias, uma siro-católica e a outra melquita.

O inverno está na metade. A cidade, que permaneceu sob o controle do governo desde a eclosão da guerra civil na Síria em 2011, está desfrutando de certa calmaria nos confrontos entre o governo e os extremistas islâmicos. No entanto, a ameaça de novos combates é sempre iminente. Diz a irmã Fadoul: "Os jihadistas não estão longe. Nós, cristãos, estamos com medo deles. Mas os muçulmanos de Nebek também estão. Afinal, os jihadistas também matam muçulmanos. Ninguém os quer aqui. Em Nebek, os cristãos e os muçulmanos são como uma família".

Cerca de 90 casas de cristãos foram destruídas ou danificadas nas batalhas do ano passado. "Os jihadistas pensaram que o governo os deixaria atacar o bairro cristão. Mas não foi o caso. Houve uma luta feroz aqui. Só que o bairro cristão está desprotegido, em uma colina. Por isso, as casas dos cristãos foram as mais afectadas. O povo ficou escondido durante semanas em porões".

A prioridade da irmã Fadoul é fazer algo para aliviar a falta de habitação. "Muitas famílias não têm onde ficar ou têm lugares que estão inabitáveis. Temos que ajudar essas pessoas. Os cristãos de Nebek não querem sair. Eles querem ficar em casa. Mas as casas precisam ser reconstruídas". Algumas só estão com vidraças quebradas e sem energia eléctrica. Outras foram destruídas por completo. "As pessoas estão vivendo em habitações de emergência. Elas perderam tudo e precisam urgentemente de colchões, fogões a gás, cobertores e uma série de artigos para o lar".

A vida em Nebek já não era fácil nem mesmo antes dos recentes confrontos. "Nós ficamos muitas vezes sem electricidade. As pessoas se sentam no escuro. Falta combustível para o aquecimento. Não há nem madeira. E no inverno faz bastante frio, as pessoas sofrem". Além disso, o preço dos alimentos, quando disponíveis, subiu demais; os cuidados médicos são escassos e faltam remédios.
"E nada disso é pior do que a falta de trabalho. Muitas fábricas fecharam ou foram destruídas. Os jovens estão desempregados. Nós temos que cuidar deles", disse a irmã, que também se empenha em conseguir matérias-primas para as pequenas empresas locais. "Estou pensando nos carpinteiros, por exemplo. Nós poderíamos fornecer madeira para eles. E também ajudar as pequenas lojas que vendem baterias e lampiões, conseguindo mercadorias".

Apesar de todas as dificuldades, a irmã Houda destaca que a fé das pessoas não se abalou. "Os cristãos daqui são muito corajosos. Eles celebraram uma grande missa de acção de graças depois das batalhas mais recentes. As casas destruídas são só uma coisa, eles não consideram isso tão importante. O importante é o fato de que eles ainda estão vivos, e foi por isso que eles agradeceram a Deus. Nós temos que ajudar as pessoas a recuperar a esperança e a fé no futuro na Síria. Se não, vamos perdê-las".

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