A Igreja local se esforça para encontrar soluções
Roma, 16 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org)
"Felizmente, as batalhas pararam por agora. Houve lutas
ferozes em Nebek durante todo o Advento. Ninguém pôde fugir. As pessoas
ficaram bloqueadas. A paz foi finalmente restaurada na semana antes do
Natal, mas nunca se sabe".
A irmã Houda Fadoul parece aliviada. A freira siro-católica preside
uma congregação de religiosas perto de Nebek, cidade com cerca de
50.000 habitantes ao nordeste de Damasco, já nas bordas do deserto. O
rebanho local é composto por apenas 120 famílias, numa população
católica total de 500, que conta com duas paróquias, uma siro-católica e
a outra melquita.
O inverno está na metade. A cidade, que permaneceu sob o controle do
governo desde a eclosão da guerra civil na Síria em 2011, está
desfrutando de certa calmaria nos confrontos entre o governo e os
extremistas islâmicos. No entanto, a ameaça de novos combates é sempre
iminente. Diz a irmã Fadoul: "Os jihadistas não estão longe. Nós,
cristãos, estamos com medo deles. Mas os muçulmanos de Nebek também
estão. Afinal, os jihadistas também matam muçulmanos. Ninguém os quer
aqui. Em Nebek, os cristãos e os muçulmanos são como uma família".
Cerca de 90 casas de cristãos foram destruídas ou danificadas nas
batalhas do ano passado. "Os jihadistas pensaram que o governo os
deixaria atacar o bairro cristão. Mas não foi o caso. Houve uma luta
feroz aqui. Só que o bairro cristão está desprotegido, em uma colina.
Por isso, as casas dos cristãos foram as mais afectadas. O povo ficou
escondido durante semanas em porões".
A prioridade da irmã Fadoul é fazer algo para aliviar a falta de
habitação. "Muitas famílias não têm onde ficar ou têm lugares que estão
inabitáveis. Temos que ajudar essas pessoas. Os cristãos de Nebek não
querem sair. Eles querem ficar em casa. Mas as casas precisam ser
reconstruídas". Algumas só estão com vidraças quebradas e sem energia
eléctrica. Outras foram destruídas por completo. "As pessoas estão
vivendo em habitações de emergência. Elas perderam tudo e precisam
urgentemente de colchões, fogões a gás, cobertores e uma série de
artigos para o lar".
A vida em Nebek já não era fácil nem mesmo antes dos recentes
confrontos. "Nós ficamos muitas vezes sem electricidade. As pessoas se
sentam no escuro. Falta combustível para o aquecimento. Não há nem
madeira. E no inverno faz bastante frio, as pessoas sofrem". Além disso,
o preço dos alimentos, quando disponíveis, subiu demais; os cuidados
médicos são escassos e faltam remédios.
"E nada disso é pior do que a falta de trabalho. Muitas fábricas
fecharam ou foram destruídas. Os jovens estão desempregados. Nós temos
que cuidar deles", disse a irmã, que também se empenha em conseguir
matérias-primas para as pequenas empresas locais. "Estou pensando nos
carpinteiros, por exemplo. Nós poderíamos fornecer madeira para eles. E
também ajudar as pequenas lojas que vendem baterias e lampiões,
conseguindo mercadorias".
Apesar de todas as dificuldades, a irmã Houda destaca que a fé das
pessoas não se abalou. "Os cristãos daqui são muito corajosos. Eles
celebraram uma grande missa de acção de graças depois das batalhas mais
recentes. As casas destruídas são só uma coisa, eles não consideram isso
tão importante. O importante é o fato de que eles ainda estão vivos, e
foi por isso que eles agradeceram a Deus. Nós temos que ajudar as
pessoas a recuperar a esperança e a fé no futuro na Síria. Se não, vamos
perdê-las".
(16 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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