Na primeira meditação, ouvem o exemplo de Elias nas periferias e nas fronteiras geográficas e existenciais
Roma, 23 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org)
Ouvir e orar. Estas serão as duas actividades principais que
estarão na agenda do santo padre Francisco durante esta semana. Nos
próximos dias não haverá discursos do Papa, nem catequese, homilias ou
vídeo-mensagens. Não receberá chefes de Estado, nem fieis e peregrinos
vindos a Roma para cumprimenta-lo. Até a próxima sexta-feira o Papa
permanecerá em silêncio e dedicará o seu tempo somente para Deus.
E é que Francisco e a Cúria Romana se afastaram do trabalho diário e
das tarefas diárias da Santa Sé para retirar-se no começo deste tempo
quaresmal. Desta forma, desde o domingo, 22, até a sexta-feira, 27,
estarão hospedados na casa Divino Mestre na localidade italiana de
Ariccia. Como qualquer cristão, no silêncio, característico dos
exercícios espirituais, dedicarão estes cinco dias à oração e à escuta
das diversas pregações. Nessa ocasião o pregado será o padre Bruno
Secondin e o tema "Servidores e profetas do Deus vivo".
Antes de deixar Roma, no Angelus do domingo de manhã, o Santo Padre
confiou a Maria os exercícios espirituais e pediu orações para que
"neste deserto, entre aspas, que são os exercícios, possamos ouvir a voz
de Jesus e também corrigir tantos defeitos que todos nós temos, e
também lidar com as tentação que nos atacam todos os dias”.
E qual será o horário do Santo Padre nestes dias?
Na tarde de domingo começou às 18h com a adoração eucarística e
oração das Vésperas. Em seguida, o pregador fez uma introdução ao
assunto que os guiará durante os exercícios. Esta primeira palestra foi
um convite para "sair do próprio povo”.
De segunda a quinta-feira, assim será o horário:
7h30 Laudes
9h30 Meditação
Missa
16h Meditação
Adoração Eucarística
Vésperas
Na sexta-feira celebrarão a Eucaristia às 7h30 e terminará às 9h30 para voltar ao Vaticano.
REFLEXÃO 1
A recomendação para entrar na “escola da misericórdia”, como Elias e
seu exemplo, leva a uma “vida de periferia”. Conforme publicado hoje,
segunda-feira, no L’Osservatore Romano, este tem sido o centro da
primeira meditação da manhã: "Vá para o Oriente, esconda-se: volte para
as raízes”.
O pregador propôs algumas questões como o exame de consciência
pessoal. Também recomendou "apoiar-se na Palavra de Deus" e tentar
encontrar essa "grande riqueza" fazendo discípulos, deixando-se
transformar e não se distraindo. E dessa forma viver a experiência do
retiro como “uma sinfonia”, uma “verdadeira e real imersão total”, para
ser “habitados e absorvidos por esta proposta”.
Continuando a releitura de Elias, o pregador destacou "a geografia":
ele "luta em muitas frentes" e se move em direcção aos centros de poder,
mas especialmente para “as periferias e as fronteiras geográficas e
existenciais” colocando-nos também diante “dos problemas mais
interiores”. Sem esquecer, acrescentou, “a fragilidade e a
vulnerabilidade” de Elias.
Mas para compreender plenamente a missão do profeta é necessário
enquadrá-lo em seu contexto histórico. Assim, deve-se considerar o seu
ser originário de “uma região periférica, com uma religiosidade
tradicional e menor bem-estar”. Por isso, explicou o pregador, a sua
“raiva”, a sua forte reacção, escondem a constatação da “depravação
religiosa e social” criadas pelos novos cenários introduzidos em Israel
nos sistemas de comércio, de defesa militar, mas também no campo da
agricultura. E nesta situação, o Deus vivente termina sendo considerado
bom somente por “povos atrasados”. Eis aqui a dura realidade de Elias. E
Deus faz ouvir a sua voz, mandando Elias ir embora. A realidade,
recordou o padre Secondin, é que "Elias não substitui a Deus, mas deve
ser conduzido pela palavra" deve "ouvir, obedecer" e "deixar que Deus
seja o seu Deus".
O objectivo é "fazer do amor de Deus o centro da própria existência”,
sem tentar “precipitar as coisas” apontando para o resultado imediato:
conta ainda a confiança em Deus que, por outro lado, já pensou no homem
com amor. Deus pede para Elias desprender-se do próprio projecto,
aprender a obedecer deixando Ele fazer. E Deus “fala pouco e em voz
baixa”, por isso, para escutar, é necessário deixar de lado as fofocas.
Para concluir a pregação, o padre Bruno propôs algumas perguntas,
sugeridas justamente da atitude de Elias: perdi a paciência em algum
momento? Falei claro ou por trás, resmungando e alimentando as fofocas?
Abraço uma sobriedade saudável e serena, feita de recursos simples? Ou
me deixo levar pela tentação do desperdício na vida que tenho, nas
coisas que me circundam, na forma de vestir? Mantenho a alegria e o
frescor do primeiro amor ou tudo já desapareceu? Conheço a vida da
periferia ou gosto de estar no centro na atenção e das honras? Confio na
providência ou sou fanático da programação e do resultado? E,
finalmente, entre estas idolatrias, o pregador alertou sobre uma
religião "desajeitada" e sincretista que pretende juntar um pouco de
tudo.
(23 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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