O professor Mustafá Cenap Aydin disse que os grupos violentos aproveitaram a desintegração dos governos que existiam
Roma, 26 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Sergio Mora
Muçulmanos, de Marrocos a Bagdade, constituem apenas 20 por
cento do total dos muçulmanos existentes em todo o mundo. Os grupos
fundamentalistas violentos cresceram graças à desintegração dos governos
que haviam e aproveitando o vazio de poder. O califado islâmico e os
grupos terroristas como Boko Haram só deturpam o Islão, que é uma
religião de paz. Na Europa, é necessário que haja um Islão moderado que
respeite a cultura dos vários países para combater a propaganda
fundamentalista, e entender que o Islão é moderado.
Estas são algumas das ideias que o líder muçulmano Mustafá Cenap
Aydin, expôs nesta quinta-feira em um café da manhã de trabalho
organizado em Roma pelo Centro de Estudo do Oriente Médio da espanhola
Fundação Promoción Social de la Cultura, sobre o tema "A liberdade de
expressão, liberdade de religião e diálogo", que também contou com a
presença do Arcebispo Agostino Marchetto, secretário emérito do
Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes.
Questionado por ZENIT sobre a necessidade de que o Islão moderado
tenha uma voz mais forte do que a dos violentos, Cenap Aydin, que é
também director do Instituto Tevere, reconheceu que "os muçulmanos
moderados do Ocidente não estão bem organizados" para dar voz ao
verdadeiro Islão, que é uma religião de paz.
Sobre os jovens que vão para lutar na Síria ou no Iraque, disse que o
motivo é porque “não têm nada para fazer e não vêem um futuro". Indicou
que os grupos extremistas "recebem dinheiro de outros países" e o usam
para fazer proselitismo em países africanos, mas também em países
importantes como a Itália”.
Também lembrou que até mesmo países como a Albânia, com sua própria
tradição islâmica, embora pouco praticante e marcadamente moderada; um
país que recebeu o papa Francisco e que tem um grande apreço por Madre
Teresa, sofre a chegada dos salafitas que convidam à violência.
"É necessário uma educação religiosa justa”, disse, e lamentou que
"não haja nenhuma instituição na Itália para explicar o Islão aos
jovens”. Porque “existem templos improvisados, com ímãs que se
autoproclamam”, quando “não se pode chegar a ser Ímã desse jeito”. E
esclareceu que “para ser ímã é preciso estudar teologia e filosofia, e
existem regras para isso”.
Disse que na Áustria uma lei cancelou os financiamentos a ímãs,
“porque lamentavelmente o governo da Turquia usa as mesquitas como
departamentos de um partido político”, disse.
O director desta associação que promove o diálogo inter-religioso
afirmou também que não existe um único Islão, e que deveria haver um Islão
italiano, um Islão francês, etc. de acordo com a Constituição italiana,
com a cultura italiana, com a maioria católica.
Durante seu discurso, o presidente da Associação Tevere, quis
esclarecer que os extremistas não matam apenas os cristãos, mas as
vítimas mais numerosas são os próprios muçulmanos. Disse que na faixa
que vai do Marrocos a Bagdade, está só o 20% do mundo muçulmano, mas
reconheceu, entretanto, que grupos fanáticos sempre existiram, desde o
começo do Islão e que estes são aqueles que aumentaram a força com a
anarquia criada no Oriente Médio. Por exemplo, disse que o Sha da Pérsia
Mohammad Reza Pahlavi, tinha proibido o véu nos anos 40, e que foi
restabelecido como obrigatório pelo Ayatolá Khomeini nos anos 70.
O professor Cenap Aydin, que também é pesquisador na Universidade
Gregoriana, disse que o califado islâmico e o grupo Boko Haram, são
inimigos do Islão, porque prejudicam sua reputação a cada dia. E citou a
Evangelii Gaudium do Papa Francisco "que indica que uma interpretação
autêntica do Alcorão não pode permitir a violência".
(26 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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