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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

"Nunca mais estupros de guerra! São uma ofensa a Deus..."

O cardeal Nichols, arcebispo de Westminster, falou no encontro inter-religioso sobre violência sexual organizado pelo governo britânico e pela Associação de ONG cristã We will speak out


Roma, 12 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org)


“Nunca mais estupros de guerra”, trovejou o cardeal Vincent Nichols, arcebispo de Westminster e Presidente da Conferência Episcopal da Inglaterra e do País de Gales, falando no encontro inter-religioso sobre a violência sexual em conflitos, realizado na Lancaster House.

Em seu discurso, o cardeal pediu o fim destes crimes "imorais", uma "desgraça para a humanidade". Organizado pelo governo britânico e pela associação de ONG cristã “We will speak out”, o evento teve como objectivo exortar as comunidades religiosas a se mobilizarem para eliminar o terror dos estupros de guerra.

Para fazê-lo (disse Nichols em seu discurso) é preciso primeiro reconhecer que "toda actividade humana está sujeita a princípios morais e submetida a julgamentos". Isto significa que "nenhuma declaração de guerra, legítimo ou não, permite que os combatentes ignorem aquelas normas morais que protegem a dignidade humana”. “A guerra não é uma desculpa”, anotou o arcebispo, "um crime é um crime, independentemente do contexto em que se comete. E a violência sexual é sempre um crime, é sempre um ato imoral”.

Além disso, a violência sexual na guerra - disse - "provoca danos radicais e permanentes na essência das vítimas”, até mesmo porque não se trata de um “acto esporádico de um homem que perde, por um momento, todo o sentido da decência, mas sim é uma táctica deliberada de opressão e destruição”. “É uma vergonha para a humanidade que o uso sistemático das violências sexuais ainda seja considerado, em alguns lugares, um dever dos soldados, uma ordem que deve ser seguida”, reiterou. Assim como é inconcebível que a estigma de tal crime "recaia sobre as vítimas e não sobre aqueles que o cometem."

Outro ponto que tem focado a atenção do cardeal Nichols é a importância de proteger a sexualidade humana como "componente vital de cada um", que "une duas pessoas, corpo e alma, no nível mais profundo" e é "por natureza, aberto à procriação de uma nova vida humana". Nesse sentido, observou que a esfera sexual precisa de “honra e respeito” e que, portanto, “não há lugar, nela, para a agressão, a instrumentação ou para qualquer tipo de desumanização da pessoa."

"A Igreja apoia veementemente qualquer iniciativa para a prevenção da violência sexual cometida contra qualquer pessoa, em qualquer lugar e em qualquer circunstância", acrescentou o presidente dos bispos da Inglaterra e do País de Gales, quem agradeceu, então, os muitos religiosos e as muitas religiosas que lutam a cada dia contra este crime “sem procurar recompensas”, mas “para promover a justiça no  mundo contemporâneo”.

O arcebispo de Westminster, portanto, enfatizou a protecção dos direitos humanos: "A dignidade de cada pessoa e os direitos humanos deles derivam, são inerentes à mesma pessoa e são, portanto, inalienáveis", disse ele. Também porque "o direito à vida e à integridade do corpo são essenciais em quanto dons de Deus"; portanto, a sua violação por meio da violência sexual “representa a máxima violação da dignidade humana e a máxima ofensa dos direitos humanos. É uma ofensa a Deus”.

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