O cardeal Nichols, arcebispo de Westminster, falou no encontro inter-religioso sobre violência sexual organizado pelo governo britânico e pela Associação de ONG cristã We will speak out
Roma, 12 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org)
“Nunca mais estupros de guerra”, trovejou o cardeal Vincent
Nichols, arcebispo de Westminster e Presidente da Conferência Episcopal
da Inglaterra e do País de Gales, falando no encontro inter-religioso
sobre a violência sexual em conflitos, realizado na Lancaster House.
Em seu discurso, o cardeal pediu o fim destes crimes "imorais", uma
"desgraça para a humanidade". Organizado pelo governo britânico e pela
associação de ONG cristã “We will speak out”, o evento teve como
objectivo exortar as comunidades religiosas a se mobilizarem para
eliminar o terror dos estupros de guerra.
Para fazê-lo (disse Nichols em seu discurso) é preciso primeiro
reconhecer que "toda actividade humana está sujeita a princípios morais e
submetida a julgamentos". Isto significa que "nenhuma declaração de
guerra, legítimo ou não, permite que os combatentes ignorem aquelas
normas morais que protegem a dignidade humana”. “A guerra não é uma
desculpa”, anotou o arcebispo, "um crime é um crime, independentemente
do contexto em que se comete. E a violência sexual é sempre um crime, é
sempre um ato imoral”.
Além disso, a violência sexual na guerra - disse - "provoca danos
radicais e permanentes na essência das vítimas”, até mesmo porque não se
trata de um “acto esporádico de um homem que perde, por um momento, todo
o sentido da decência, mas sim é uma táctica deliberada de opressão e
destruição”. “É uma vergonha para a humanidade que o uso sistemático das
violências sexuais ainda seja considerado, em alguns lugares, um dever
dos soldados, uma ordem que deve ser seguida”, reiterou. Assim como é
inconcebível que a estigma de tal crime "recaia sobre as vítimas e não
sobre aqueles que o cometem."
Outro ponto que tem focado a atenção do cardeal Nichols é a
importância de proteger a sexualidade humana como "componente vital de
cada um", que "une duas pessoas, corpo e alma, no nível mais profundo" e
é "por natureza, aberto à procriação de uma nova vida humana". Nesse
sentido, observou que a esfera sexual precisa de “honra e respeito” e
que, portanto, “não há lugar, nela, para a agressão, a instrumentação ou
para qualquer tipo de desumanização da pessoa."
"A Igreja apoia veementemente qualquer iniciativa para a prevenção da
violência sexual cometida contra qualquer pessoa, em qualquer lugar e
em qualquer circunstância", acrescentou o presidente dos bispos da
Inglaterra e do País de Gales, quem agradeceu, então, os muitos
religiosos e as muitas religiosas que lutam a cada dia contra este crime
“sem procurar recompensas”, mas “para promover a justiça no mundo
contemporâneo”.
O arcebispo de Westminster, portanto, enfatizou a protecção dos
direitos humanos: "A dignidade de cada pessoa e os direitos humanos
deles derivam, são inerentes à mesma pessoa e são, portanto,
inalienáveis", disse ele. Também porque "o direito à vida e à
integridade do corpo são essenciais em quanto dons de Deus"; portanto, a
sua violação por meio da violência sexual “representa a máxima violação
da dignidade humana e a máxima ofensa dos direitos humanos. É uma
ofensa a Deus”.
(12 de Fevereiro de 2015) © Innovative Media Inc.
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