E a media anunciou, como se fosse uma coisa revolucionária e muito inusitada, que o Papa Francisco disse que a teoria do Big Bang (que explica a origem do Universo) e a Teoria da Evolução (que explica a origem das espécies) estão corretas.
Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2014 (Zenit.org)
Nesta semana, a media anunciou, como se fosse uma coisa
revolucionária e muito inusitada, que o Papa Francisco disse que a
teoria do Big Bang (que explica a origem do Universo) e a Teoria da
Evolução (que explica a origem das espécies) estão corretas.
O tom de “oh, que coisa incrível!” das manchetes, somado à falta de
conhecimento das massas sobre a Igreja, reflectiu o sentimento de
surpresa geral. Mas gente… em 1951, há mais de 60 anos (!!!), o Papa Pio XII já havia acolhido com extrema simpatia a Teoria do Big Bang,
afirmando que ela era perfeitamente compatível com o ensinamento da
Igreja sobre a criação do mundo pelas mãos de Deus. Maravilhado com a
então chamada “Hipótese átomo primordial”, ele disse:
“Realmente parece que a ciência moderna, olhando para milhões de
séculos atrás, conseguiu se tornar testemunha daquele primordial Fiat
lux, pelo qual do nada irrompe, com a matéria, um mar de luz e radiação,
enquanto as partículas químicas dos elementos se separam e se reúnem em
milhões de galáxias.” (…)
“…com a concretude própria das provas físicas, a contingência do
universo e a fundamentada dedução sobre a época em que o cosmo saiu das
mãos do Criador. A criação no tempo, então; e, portanto, um Criador:
Deus! É essa a voz, ainda que não explícita e nem completa, que Nós
pedíamos à ciência, e que a atual geração humana espera dela.” ( Discurso de Pio XII. 22/11/1951. Tradução: blog Tubo de Ensaio)
Como vocês vêem, Pio XII não só aprovou a Teoria do Big Bang, como se
empolgou com ela além da conta. Ele chega até mesmo a dizer que essa
teoria era praticamente a prova científica da existência de Deus. Ao
ouvir isso, o “pai” da teoria, o Padre – é isso mesmo, PADRE – Georges
Lamaître fez chegar aos ouvidos do Papa um apelo do tipo: “Menos,
Santidade… Meeeeeenos!”.
Quanto à teoria da evolução das espécies, o mesmo Pio XII, em 1950,
já havia dito que, desde que mantida a devida prudência, “o magistério
da Igreja não proíbe que nas investigações e disputas entre homens
doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo”
(Encíclica Humani Generis).
Temos que ser justos e dizer que ao menos a Folha de São Paulo publicou
uma matéria bem ponderada, apresentando o parecer positivo de papas
anteriores sobre essas teorias, como Pio XII, São João Paulo II e Bento
XVI.
Voltando às declarações do Papa Francisco. Sobre a teoria da evolução, ele disse:
“Quando lemos, no Génesis, o relato da criação, corremos o risco de
imaginar que Deus seja um mago com uma varinha mágica, capaz de fazer
todas as coisas. Mas não é assim. Ele criou os seres e deixou que se
desenvolvessem segundo as leis internas que Ele deu a todos, para que se
desenvolvessem, para que chegassem à sua própria plenitude. Ele deu
autonomia aos seres do universo ao mesmo tempo em que assegurou Sua
presença contínua, dando o ser a toda realidade. E assim a criação
avançou por séculos e séculos, milénios e milénios, até se tornar aquilo
que conhecemos hoje, porque Deus não é um demiurgo ou um mágico, mas o
Criador que dá o ser a todos os entes. (…) A evolução na natureza não
contrasta com a noção de criação, porque a evolução pressupõe a criação
dos seres que evoluem.” (Discurso do papa Francisco. 27/10/2014. Tradução: Tubo de Ensaio)
Conforme já havíamos explicado em um post anterior (leia aqui), o Génesis não deve ser lido como um livro que traz um relato literal da criação.
Ele é um livro de verdades teológicas. Assim, quando diz que Deus
esculpiu o homem do barro, isso é uma verdade teológica, não científica.
Ou seja, Deus pensou o homem em cada detalhe e o criou, mas o seu corpo
pode ter se formado por meio de um processo gradual, pautado nas leis
que Ele mesmo estabeleceu para reger a natureza.
Quer dizer que o Papa Francisco acredita que a espécie humana veio do macaco? Não! A teoria
da evolução não diz que o homem “veio do macaco”; na verdade, homem e
macaco teriam surgido a partir de um ancestral comum. E isso não abala
em nada a revelação bíblica de que o homem foi feito “à imagem e
semelhança de Deus”. Afinal, essa verdade não reside nos atributos
físicos humanos, mas sim no espírito, na liberdade e no intelecto
(explicamos isso no post “Jávé: Homem ou Mulher?“).
O interessante é que o papa Francisco, nessa declaração, rejeita a
tapada ideologia evolucionista pregada pelos ateístas, que usam as
teorias de Darwin para defender que tudo surgiu do acaso. Como bem disse
Bento XVI, “Não somos o produto casual e sem sentido da evolução. Cada
um de nós é fruto do pensamento de Deus. Cada um de nós é querido, cada
um de nós é amado, cada um é necessário” (Homilia em 24/04/2005).
Fonte: Blog O Catequista
(30 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.
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