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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Iraque, Síria, Egipto, Terra Santa, Líbano: situações diferentes, sofrimentos comuns

Entre as questões levantadas no consistório de ontem, a necessidade de que os cristãos permaneçam nos seus próprios países


Cidade do Vaticano, 21 de Outubro de 2014 (Zenit.org)


"A reunião contou com grande participação e não foi limitada pelo tempo nem por outras urgências". Foi assim que o padre Federico Lombardi descreveu o Consistório Ordinário Público realizado ontem na Sala do Sínodo, no Vaticano. Durante uma conferência de imprensa na Sala de Imprensa da Santa Sé, o jesuíta explicou aos repórteres a reunião convocada pelo papa, que ampliou e aprofundou as questões sobre o Oriente Médio já discutidas na reunião de núncios e representantes diplomáticos de 2 a 4 de Outubro.

Os cardeais e patriarcas presentes no consistório eram 86, dos quais 27 se pronunciaram na Sala do Sínodo. Foi dada prioridade aos patriarcas das Igrejas Orientais Católicas da região e aos líderes dos dicastérios directamente relacionados com o assunto do encontro.


Cada um dos presentes, disse o pe. Lombardi, "expressou gratidão ao papa pela sua solicitude", em particular os patriarcas, para quem a decisão de convocar um consistório sobre o assunto foi "um verdadeiro sinal de proximidade e de apoio". Francisco também recebeu mostras de gratidão em todos os discursos, devido ao seu interesse permanente na situação actual da região. O relatório do secretário de Estado, cardeal Parolin, também despertou grande apreço dos participantes.


Durante o consistório, os patriarcas analisaram a situação de todos os seus países: do Iraque à Síria e ao Egipto, passando pela Terra Santa e pelo Líbano. Diferentes situações, mas com sofrimentos em comum. Todos os líderes das Igrejas Orientais, contou o padre Lombardi, concordaram em condenar com veemência as injustiças e as graves dificuldades que a população cristã está enfrentando e por cuja causa muitas pessoas e até famílias inteiras têm sido forçadas a fugir.


Em quase todas as intervenções, houve "muita ênfase na importância de que os cristãos permaneçam no Oriente Médio". Eles têm, afirma o jesuíta, "um papel essencial para a Igreja universal, para que ela não perca a sua dimensão oriental, e para o próprio Oriente Médio, porque essas comunidades sempre tiveram uma grande importância como mediadoras da paz, mesmo sendo, geralmente, uma minoria no próprio país".


O porta-voz do Vaticano enumerou alguns discursos em particular, destacando os seus principais temas sem entrar em detalhes. Além da continuidade das comunidades cristãs no Oriente, necessária por causa do seu papel histórico e social, a Sala do Sínodo abordou muitas vezes as boas relações com as outras confissões religiosas, especialmente com os patriarcas ortodoxos, que se unem ao coro da defesa dos direitos dos cristãos e os convidam a permanecer firmes na esperança cristã.


Também foi discutido o papel da Santa Sé na comunidade internacional e nas relações com os vários governos, bem como a importância do diálogo entre muçulmanos e cristãos. A clara convicção de todos os 86 participantes do consistório é a de evitar até mesmo a mera ideia de uma guerra entre cristianismo e islamismo, porque "o islão não é inimigo do cristianismo".


Assim, reforça o padre Lombardi, "foram firmemente condenadas todas as formas de fundamentalismo e, claro, de extremismo e terrorismo", ao passo que se encorajou o cultivo do diálogo "com base na racionalidade para se protegerem os direitos e o bem das pessoas", a partir da educação dos jovens dentro do sistema escolar e das famílias.

Com base no relatório de Parolin, os patriarcas discutiram a falta de distinção entre religião e Estado, que dificulta o conceito de cidadania coordenada com a liberdade religiosa.


"As formas de solidariedade das Igrejas de todo o mundo são essenciais para ajudar essa região que vive um momento a ser superado através da solidariedade, da oração e do apoio". São necessários "sinais de presença", como peregrinações, ajuda prática, eventos como reuniões das conferências episcopais europeias em Jerusalém no ano que vem: todas essas ocasiões "podem encorajar e fazem com que as comunidades cristãs do Oriente Médio não se sintam abandonadas".


Um grande incentivo, observaram alguns jornalistas, seria uma visita do pontífice às regiões martirizadas. É uma possibilidade "sempre evocada", disse Lombardi, mas, por agora, "não há nada definido nem iminente" neste sentido.


A próxima viagem de Francisco é ao Sri Lanka, em Janeiro de 2015. Aliás, na abertura do consistório de ontem, o papa decidiu que, em 14 de Janeiro, durante a sua sétima peregrinação internacional, ele vai elevar aos altares o pe. José Vaz, apóstolo do Ceilão.

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