Entre as questões levantadas no consistório de ontem, a necessidade de que os cristãos permaneçam nos seus próprios países
Cidade do Vaticano, 21 de Outubro de 2014 (Zenit.org)
"A reunião contou com grande participação e não foi limitada
pelo tempo nem por outras urgências". Foi assim que o padre Federico
Lombardi descreveu o Consistório Ordinário Público realizado ontem na
Sala do Sínodo, no Vaticano. Durante uma conferência de imprensa na Sala de Imprensa da
Santa Sé, o jesuíta explicou aos repórteres a reunião convocada pelo
papa, que ampliou e aprofundou as questões sobre o Oriente Médio já
discutidas na reunião de núncios e representantes diplomáticos de 2 a 4
de Outubro.
Os cardeais e patriarcas presentes no consistório eram 86, dos
quais 27 se pronunciaram na Sala do Sínodo. Foi dada prioridade aos
patriarcas das Igrejas Orientais Católicas da região e aos líderes dos
dicastérios directamente relacionados com o assunto do encontro.
Cada um dos presentes, disse o pe. Lombardi, "expressou gratidão ao
papa pela sua solicitude", em particular os patriarcas, para quem a
decisão de convocar um consistório sobre o assunto foi "um verdadeiro
sinal de proximidade e de apoio". Francisco também recebeu mostras de
gratidão em todos os discursos, devido ao seu interesse permanente na
situação actual da região. O relatório do secretário de Estado, cardeal
Parolin, também despertou grande apreço dos participantes.
Durante o consistório, os patriarcas analisaram a situação de todos
os seus países: do Iraque à Síria e ao Egipto, passando pela Terra Santa e
pelo Líbano. Diferentes situações, mas com sofrimentos em comum. Todos
os líderes das Igrejas Orientais, contou o padre Lombardi, concordaram
em condenar com veemência as injustiças e as graves dificuldades que a
população cristã está enfrentando e por cuja causa muitas pessoas e até
famílias inteiras têm sido forçadas a fugir.
Em quase todas as intervenções, houve "muita ênfase na importância de
que os cristãos permaneçam no Oriente Médio". Eles têm, afirma o
jesuíta, "um papel essencial para a Igreja universal, para que ela não
perca a sua dimensão oriental, e para o próprio Oriente Médio, porque
essas comunidades sempre tiveram uma grande importância como mediadoras
da paz, mesmo sendo, geralmente, uma minoria no próprio país".
O porta-voz do Vaticano enumerou alguns discursos em particular,
destacando os seus principais temas sem entrar em detalhes. Além da
continuidade das comunidades cristãs no Oriente, necessária por causa do
seu papel histórico e social, a Sala do Sínodo abordou muitas vezes as
boas relações com as outras confissões religiosas, especialmente com os
patriarcas ortodoxos, que se unem ao coro da defesa dos direitos dos
cristãos e os convidam a permanecer firmes na esperança cristã.
Também foi discutido o papel da Santa Sé na comunidade internacional e
nas relações com os vários governos, bem como a importância do diálogo
entre muçulmanos e cristãos. A clara convicção de todos os 86
participantes do consistório é a de evitar até mesmo a mera ideia de uma
guerra entre cristianismo e islamismo, porque "o islão não é inimigo do
cristianismo".
Assim, reforça o padre Lombardi, "foram firmemente condenadas todas
as formas de fundamentalismo e, claro, de extremismo e terrorismo", ao
passo que se encorajou o cultivo do diálogo "com base na racionalidade
para se protegerem os direitos e o bem das pessoas", a partir da
educação dos jovens dentro do sistema escolar e das famílias.
Com base no relatório de Parolin, os patriarcas discutiram a falta de
distinção entre religião e Estado, que dificulta o conceito de
cidadania coordenada com a liberdade religiosa.
"As formas de solidariedade das Igrejas de todo o mundo são
essenciais para ajudar essa região que vive um momento a ser superado
através da solidariedade, da oração e do apoio". São necessários "sinais
de presença", como peregrinações, ajuda prática, eventos como reuniões
das conferências episcopais europeias em Jerusalém no ano que vem: todas
essas ocasiões "podem encorajar e fazem com que as comunidades cristãs
do Oriente Médio não se sintam abandonadas".
Um grande incentivo, observaram alguns jornalistas, seria uma visita
do pontífice às regiões martirizadas. É uma possibilidade "sempre
evocada", disse Lombardi, mas, por agora, "não há nada definido nem
iminente" neste sentido.
A próxima viagem de Francisco é ao Sri Lanka, em Janeiro de 2015.
Aliás, na abertura do consistório de ontem, o papa decidiu que, em 14 de Janeiro, durante a sua sétima peregrinação internacional, ele vai
elevar aos altares o pe. José Vaz, apóstolo do Ceilão.
(21 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.
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