Após rezar o Angelus, Francisco recorda a beatificação de Madre Assunta Marchetti, que ocorreu neste sábado, 25, em São Paulo
Roma, 26 de Outubro de 2014 (Zenit.org)
Antes de rezar o Angelus com os fiéis e peregrinos presentes
na Praça de São Pedro neste domingo, 26 de Outubro, o Papa reflectiu
sobre o mandamento do amor. Eis o texto na íntegra:
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje nos lembra que toda a lei de Deus se resume no
amor a Deus e ao próximo. O evangelista Mateus diz que alguns dos
fariseus se organizaram para testar Jesus (cf. 22,34-35). Um deles, um
doutor da lei, fez a seguinte pergunta: "Mestre, na Lei, qual é o maior
mandamento?" (V. 36). Jesus, citando o livro de Deuteronómio, respondeu:
"Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma e
com toda tua mente. Este é o grande e primeiro mandamento" (vv. 37-38).
Ele poderia ter parado aqui. Mas, Jesus acrescenta algo que não havia
sido solicitado pelos doutores da lei. Ele diz: "O segundo é semelhante:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (v 39). Também este segundo
mandamento Jesus não inventa, mas extrai do livro de Levítico. Sua
novidade consiste em unir esses dois mandamentos - amor a Deus e amor ao
próximo - provando que eles são inseparáveis e complementares, são
dois lados da mesma moeda. Você não pode amar a Deus sem amar o próximo e
não pode amar o próximo sem amar a Deus. O Papa Bento XVI deixou-nos um
bom comentário sobre o assunto em sua primeira encíclica Deus Caritas Est (N. 16-18).
O sinal visível com o qual o cristão testemunha ao mundo e aos
outros, à sua família o amor de Deus é o amor pelos irmãos. O mandamento
do amor a Deus e ao próximo é o primeiro não porque está no topo da
lista dos mandamentos. Jesus não o coloca no alto, mas no centro, porque
é o coração de onde tudo deve partir e para onde tudo deve retornar e
ser referência.
No Antigo Testamento a exigência de ser santo, à imagem de Deus que é
santo, incluía o dever de cuidar dos mais fracos como o estrangeiro, o
órfão, a viúva (cf. Ex 22,20-26). Jesus cumpre a lei da aliança, Ele
une em si mesmo, na sua carne, a divindade e a humanidade, em um único
mistério de amor.
Agora, à luz da palavra de Jesus, o amor é a medida da fé, e a fé é a
alma do amor. Não podemos separar a vida religiosa, a vida de piedade
do serviço aos irmãos, aos irmãos que encontramos concretamente. Não
podemos dividir oração, e encontro com Deus nos sacramentos, do ouvir o
outro, do estar próximo de sua vida, especialmente de suas feridas.
Lembre-se: o amor é a medida da fé. Quanto você ama? E cada um responda.
Como está a sua fé? Minha fé é como eu amo. E a fé é a alma do amor.
No meio da floresta densa de regras e regulamentos - os legalismos de
ontem e de hoje - Jesus permite que se veja duas faces: a face do Pai e
do irmão. Não nos entrega duas fórmulas ou dois preceitos: não são
preceitos e fórmulas; nos dá duas faces, na verdade, um rosto só, o de
Deus que se reflecte em muitas faces, porque no rosto de cada irmão,
especialmente o menor, mais frágil, indefeso e necessitado, está
presente a própria imagem de Deus. E devemos nos perguntar, quando
encontrarmos um destes irmãos, se somos capazes de reconhecer nele o
rosto de Deus: somos capazes disto?
Desta forma, Jesus oferece a cada homem o critério fundamental no
qual devemos apoiar a própria vida. Mas acima de tudo, Ele nos deu o
Espírito Santo, que nos capacita a amar a Deus e ao próximo como Ele,
com o coração livre e generoso. Por intercessão de Maria, nossa Mãe, nos
abramos para receber este dom do amor, para caminhar sempre nesta lei
de duas faces, que são uma só: a lei do amor.
Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs,
Ontem, em São Paulo, Brasil, foi proclamada Beata Madre Assunta
Marchetti, nascida na Itália, co-fundadora das Irmãs Missionárias de São
Carlos Borromeo - Scalabrini. Ela era uma freira exemplar no serviço
aos órfãos dos imigrantes italianos; ela via Jesus presente nos pobres,
órfãos, nos doentes, nos migrantes. Agradecemos ao Senhor por essa
mulher, um modelo de espírito missionário incansável e dedicação
corajosa no serviço da caridade. Este é um apelo e, sobretudo, uma
confirmação do que dissemos antes, no que diz respeito a buscar a face
de Deus na irmã e no irmão necessitado.
Saúdo com afecto todos os peregrinos da Itália e de vários países,
começando pelos devotos de Nossa Senhora do Mar, de Bova Marina. Acolho
com alegria os fiéis de Lugana em Sirmione, Usini, Portobuffolè,
Arteselle, Latina e Guidonia; bem como aqueles de Lausanne (Suíça), e
Marselha (França). Dirijo um pensamento especial para a comunidade
peruana em Roma, aqui presente com a imagem sagrada - Eu vejo - do
Senhor dos Milagres.
Saúdo também os peregrinos de Schoenstatt: Eu vejo daqui o ícone da Mãe.
Agradeço a todos e saúdo com afecto.
Por favor, rezem por mim, não se esqueçam. Desejo a todos um bom domingo e um bom almoço. Adeus!
(26 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.
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