Eis os riscos que se escondem por trás de uma festa que está se tornando cada vez mais popular entre os jovens
Roma, 24 de Outubro de 2014 (Zenit.org) Carlo Climati
A ingenuidade é muitas vezes a causa de muitos males do
nosso tempo. Muitas pessoas, de boa fé, são influenciadas por modismos e
encontram-se brincando com fogo. Não percebem os riscos que poderiam se
esconder atrás de situações aparentemente inócuas.
Um exemplo óbvio desta ingenuidade é a participação de muitos pais, crianças e jovens na festa de Halloween.
Há alguns anos atrás, este evento só poderia ser conhecido através de
alguns filmes ou quadradinhos norte-americanos. Mas hoje o mundo mudou. O
advento da Internet e a proliferação dos meios de comunicação
contribuem facilmente para a disseminação de modas.
E assim, o Dia das Bruxas atravessou as fronteiras e se espalhou em muitos outros países.
Para dar-se conta do fenómeno basta olhar para as vitrines de
restaurantes e lojas de brinquedos. Foram invadidas por objectos,
figurinos e bonecos relacionados a este evento.
O símbolo do Halloween é uma abóbora esculpida com os olhos, nariz e
boca, iluminada por uma vela colocada dentro. Na noite entre o 31 de Outubro e 1 de Novembro, as crianças americanas têm o costume de
vestir-se como fantasmas, vampiros ou monstrinhos. Batem nas portas das
casas com um saquinho na mão, pedindo doces e balas.
Alguém pode dizer: "O que há de errado? Por que não podemos fazer o
mesmo? Afinal de contas, o Halloween é uma espécie de carnaval! Uma
maneira de se divertir e brincar um pouco'!”. E é essa ingenuidade, a
falta de profundidade, que leva muitos pais a não entenderem os
possíveis riscos que se escondem por trás de certas modas.
Tentemos reflectir sobre a realidade dos fatos. Vamos perceber,
também, que Halloween não é apenas uma espécie de carnaval, mas algo
mais. É uma moda que, muitas vezes, tem raiz na superficialidade com que
se vive a fé cristã em certas famílias.
Muitos pais baptizam seus filhos, os levam ao Catecismo e os fazem
fazer a sua primeira comunhão. Mas depois se esquecem de leva-los à
Missa, porque dizem que têm muitos compromissos no domingo. Depois das
suntuosas festas de primeira comunhão as igrejas se esvaziam.
O baptismo e a Primeira Comunhão parecem ter se tornado rituais com
base na aparência, onde as pessoas se vestem bem e fazem grandes
refeições no restaurante com parentes e amigos. Mas poucos pais, depois,
se comprometem seriamente em acompanhar os filhos em um caminho de fé.
A participação ingénua no Halloween é um dos frutos dessa falta de
compromisso. Em vez de vestir as crianças de monstros, os pais deveriam
ensiná-las a orar. Deveriam contar-lhes as fascinantes histórias da vida
dos Santos, tendo em vista o primeiro de Novembro.
Em quantas famílias se reza hoje? Em um tempo as crianças recitavam
uma oraçãozinha antes de ir dormir. Quantas o fazem ainda hoje? Talvez
os pais estejam ocupados demais em disfarçar seus filhos de vampiros e
não têm tempo para educá-los ao conhecimento das nossas tradições
autênticas.
Em torno do Halloween se desencadeou também um fenómeno comercial que
toca os jovens e os adolescentes: a dos "rave" e das festa na discoteca
cheias de mau gosto. Representam uma verdadeira e real exaltação do
macabro, em que as pessoas vestem trajes horríveis e irreverentes,
muitas vezes ofensivos para a religião.
Em certas festas com temas esotéricos, além de dança, há o risco de
se deparar com "magos" e ocultistas que se aproveitam da ocasião para
introduzir os jovens nas práticas mágicas e supersticiosas.
Halloween se transformou em uma ocasião a mais para chegar tarde e
frequentar ambientes questionáveis. A moda acaba por distrair a atenção
dos jovens em um período do ano que, por tradição, sempre foi reservado à
memória de todos os santos e à comemoração dos mortos.
A memória dos santos e dos mortos foi substituída pela vulgaridade de
certos costumes. Os momentos de meditação e oração foram trocados pelos
volume ensurdecedor da discoteca.
É por isso que o Dia das Bruxas não pode ser considerado simplesmente
um segundo Carnaval. Por trás das abóboras, fantasias e festas,
aparentemente inofensivas, poderia esconder-se algumas armadilhas.
É preciso estimular um maior senso crítico nos jovens, ajudando-os a
não beber passivamente as mensagens enganosas que estão associados a
esta festa. Começa como uma brincadeira, aceitando o convite de um
"mago" na discoteca para ler o futuro nas cartas, e depois corre-se o
risco de se tornarem escravos do ocultismo.
Não esqueçamos as nossas tradições! Não precisa ter medo de lembrar
aos rapazes o significado da época do ano em que nos encontramos. Será
uma oportunidade preciosa para redescobrir a riqueza espiritual das
nossas raízes cristãs.
Os jovens precisam de uma cultura nova, alternativa e
contra-corrente, que substitua o som de certos fenómenos de massa com a
intimidade e os silêncios de uma fé viva, vivida na beleza da sua
jornada diária.
(24 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.
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