Palestra aborda assunto de grande actualidade na abertura do ano académico na Itália
Roma, 21 de Outubro de 2014 (Zenit.org)
O angustiante questionamento do Rei Lear, “Quem é que pode
me dizer quem eu sou?”, dá título à palestra de abertura do novo ano académico da Pontifícia Faculdade de Ciências da Educação Auxilium, de
Roma. O palestrante é Francesco D'Agostino, professor de Filosofia do
Direito na Universidade Tor Vergata, também da capital italiana.
O evento faz parte de uma série de encontros que a faculdade tem
organizado para debater a complexa “questão de género”, um dos grandes
temas da actualidade, que tem sérias implicações na educação, na
universidade e no futuro dos jovens. O objectivo é estudar e apontar
critérios interpretativos para identificar caminhos de crescimento na
construção do masculino e do feminino.
A palestra de D'Agostino parte de duas perguntas básicas que todos
nós fazemos diante de um bebé: “É menino ou menina? Qual é o nome
dele/dela?”.
“São perguntas que se fundem e se confundem, porque é a partir delas e
através delas que se constrói o mistério da identidade pessoal”. Ao
mesmo tempo, “quando nos perguntam ‘quem é você?’, recorremos, mesmo que
não nos demos conta, ao outro e à sua ajuda providencial”, diz
D'Agostino, “e não porque a palavra do outro seja infalível, mas porque o
ato de ouvi-lo acciona em nós a consciência de que é essencial que a
resposta seja dada de acordo com a verdade e não de acordo com a nossa
arbitrariedade”.
A partir dessas questões, D'Agostino percorre os diferentes níveis em
que pode ser tratada a questão da identidade, da orientação sexual e da
identidade de género, as perspectivas resultantes do problema que, em
última instância, não surgem apenas do jurídico e do social, mas do
antropológico, "já que questionam a nossa capacidade de compreensão
pessoal própria". O palestrante conclui, por exemplo, que "somos homens
ou somos mulheres porque respondemos, com a nossa identidade sexual, e
desde o nascimento, às provocações (pró-vocações) que nos vêm do sexo
oposto, pró-vocações que, essencialmente, nos pedem reconhecer na
alteridade sexual o limite constitutivo da nossa subjectividade".
Dirigida há mais de cinquenta anos pelas Filhas de Maria Auxiliadora,
a faculdade tem a sua missão cultural caracterizada pela
internacionalidade e pela interculturalidade, como experiência
consolidada e vivida, mas também como objectivo do ensino universitário a
fim de construir identidades fortes em uma sociedade cada vez mais
multiétnica e multicultural, bem como pela formação de profissionais
educadores na atenção constantes às transformações da sociedade
contemporânea, que afectam todas as profissões, das mais tradicionais às
mais recentes e inovadoras.
É a mesma missão que Bento XVI chamou de "serviço da caridade
intelectual", concretizada na formação das novas gerações de educadores e
profissionais da educação.
(21 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.
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