Páginas

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Educar na era digital: Uma prioridade

As novas tecnologias e a grande variedade de dispositivos que existem actualmente foram-se introduzindo de forma paulatina nas nossas vidas e mudaram os hábitos de comunicação e de entretenimento que tínhamos.

Cada vez se dedica mais tempo ao uso e consumo dos ecrãs, seja televisão, Internet, videojogos, redes sociais, aplicações do telemóvel, pelo que os nossos comportamentos sociais e familiares estão completamente diferentes devido ao uso destes avanços tecnológicos.

Cada vez mais as pessoas, sobretudo as novas gerações, comunicam virtualmente, em vez de se encontrarem para conversar. Em muitas ocasiões, há mais comunicação através destes aparelhos tecnológicos do que pelo contacto pessoal.

As estatísticas confirmam que dedicamos em média 3 horas diárias a ver televisão e mais de 5 horas a outro tipo de ecrãs como os smartphones, tablets, videojogos, Internet - que se utilizam, inclusive, enquanto temos a televisão ligada. De facto, podemos estar a ver um programa de televisão e ao mesmo tempo estar no Twitter, ou a navegar por uma aplicação que nos propõem a partir desse espaço televisivo, ou estar a fazer o jantar e, ao mesmo tempo, publicar no Facebook o nosso menu...

A exposição de crianças e adultos, em períodos longos e sem diretrizes familiares que a delimitem, originou que diferentes organismos e instituições se tenham dedicado a estudar e analisar os efeitos que podem provocar a sobre-exposição e um uso inadequado dos meios audiovisuais.

Num estudo da Academia Americana de Pediatria, propõe-se que os miúdos "façam dieta" e desaconselham-se absolutamente os ecrãs a menores de dois anos, pelos seus efeitos negativos no seu desenvolvimento, já que na sua opinião lhes dificulta, entre outras coisas, o pensar e imaginar por si próprios. A Associação Japonesa de Pediatria também se juntou a este tipo de recomendações e aconselha a moderar o uso dos ecrãs como brinquedo para bebés.

Entre os outros riscos que um uso abusivo comporta, os especialistas citam a falta de comunicação, o sedentarismo, a obesidade, os problemas de atenção escolar e de comportamento adequado em ambiente social.

Face a esta voragem audiovisual, só mesmo as famílias é que podem e devem pôr ordem e tomar decisões sobre os hábitos que querem inculcar nos seus filhos. 

Este tema tão preocupante como alarmante levou os executivos de Silicon Valley que, apesar de trabalharem em companhias como a Google, a Yahoo ou a Apple, a pretenderem que os seus filhos sejam educados à margem dos computadores, por isso optaram por os colocar em escolas privadas onde o tradicional quadro negro e o giz, o papel e o lápis, e a agulha e a linha, são as principais ferramentas da sua aprendizagem. E argumentam: "No Google e em todos estes sítios, fazemos a tecnologia tão fácil que qualquer um a pode usar. Não há razão para que as crianças não possam aprendê-lo quando forem mais velhas".

Perante a invasão que os ecrãs fizeram do nosso espaço e do nosso tempo, será bom que todos tomemos consciência da importância de ensinar e acompanhar os menores e, por vezes, também os maiores, no consumo audiovisual. 

Entre outras coisas, sugere-se fixar um horário e limitar o tempo que se lhes dedica, inculcando normas sobre a atenção que se dá às mensagens instantâneas em momentos como as refeições, quer em casa quer nos restaurantes, durante as horas de estudo ou de outro trabalho, quando nos encontramos em espaços culturais, cinemas, concertos, museus, etc.

Parece exagero mas, para meu desencanto, não é. Por onde passo, em qualquer Igreja que entro e participo na Eucaristia, de norte a sul do país há sempre, pelo menos, um telemóvel que toca, toca, toca, com os sons mais impensáveis, desde o Passo-Doble das touradas ao Bolero da Ravel, vale tudo…e, ainda para maior cúmulo, há quem o atenda e responda…

Como prova da minha afirmação, entre tantas outras que fui encontrando, eu elegi esta que me chamou a atenção, a qual reflete bem o estado de dependência a que todos chegámos!… Ou será que Deus também já nos chama pelo telemóvel e eu é que estou desactualizada?
 

Maria Susana Mexia


Sem comentários:

Enviar um comentário