O arcebispo Stankevics de Riga exemplifica na sua vida os avatares étnicos e espirituais da Europa Oriental, e toma com força a sua identidade católica |
Dom Zbignevs Stankevis disse que sua mãe, grávida dele, recebeu a proposta para interromper a gravidez por causa da idade avançada
Roma, 28 de Outubro de 2014 (Zenit.org) Federico Cenci
Hoje, veste a batina e ajuda a muitas mulheres que lutam com
gravidezes difíceis. No entanto, 60 anos atrás, fruto de uma gravidez
difícil, ele poderia ter sido arrancado do ventre de sua mãe. É a
história de Dom Zbignevs Stankevis, arcebispo de Riga, capital da Letónia. Ele mesmo conta sua história durante uma comovente entrevista à
Roma Reports.
"Minha mãe tinha 40 anos de idade e seu médico sugeriu que ela
fizesse um aborto", disse o prelado à agência de notícias. As razões por
trás deste conselho inesperado? "Você está velha e ter mais um filho
não é uma decisão sábia", conta.
Palavras que dilaceraram o coração daquela mulher, que já era mãe da
família. Palavras que, pronunciadas pela boca de um médico, podem
persuadir uma mente ingénua. A mãe do Arcebispo de Riga, no entanto,
enraizada na fé católica, resistiu as sirenes de morte. "Propuseram à
minha mãe me matar - afirma hoje - mas ela rejeitou a ideia". E
continuou: "Eu estou vivo por causa dela".
Dom Stankevis disse que precisava compartilhar esta intensa
experiência. "Eu posso viver livremente a minha vocação e cumprir a
minha missão na vida. Se minha mãe tivesse me matado, haveria um outro
bispo em Riga hoje".
Ao invés, tem ele, que nasceu graças à determinação de sua mãe em
Lejasciems, uma pequena cidade na Polónia, em Fevereiro de 1955, ou
seja, três meses antes da assinatura do Pacto de Varsóvia. Um século,
longe de nós, embora nos países do antigo bloco soviético, resíduos
culturais e legislativos desse período ainda permanecem. Como no caso da Letónia, a questão do aborto.
Propaganda soviética em letão |
Normas consideradas demasiado inflexíveis. Em 2001, tornou-se
possível fazer um aborto até a 22ª semana, nessas "situações difíceis";
também foi estendida a oportunidade de interromper a gravidez a menores
de idade sem o consentimento dos pais.
Foi durante o agitado período no qual o debate sobre a legalidade das
novas regras transformaram as mentes dos cidadãos da Letónia, que, à
época, Padre Zbignevs Stankevis decidiu falar publicamente em um artigo
intitulado "Porque eu tive sorte?".
Jovens do Konsomol letão desfilam
orgulhosos em Riga, na década dos 80, com os seus uniformes de Fuzileiros Vermelhos Letões... Hoje a simbologia comunista, tal como a nazi, estão proibidas na Letónia |
Sua atitude não teve o efeito desejado, uma vez que a lei foi
aprovada. Mas isso não impediu que os muitos voluntários da Letónia
lutassem pela defesa da vida em todas as suas fases. Graças a seus
esforços, a taxa de abortos no país caiu de 44 886 em 1991 (de 34 633
nascimentos) para cerca de 7.000 em 2011.
Esforços que contaram também com a participação do Arcebispo de Riga.
Em seu ministério, Dom Stakevis traz consigo uma riqueza de experiência
que faz dele um testemunho pró-vida e um arauto da proposta católica.
Em entrevista à Rádio Vaticano, durante o Sínodo sobre a Família, disse:
"A Igreja não precisa satisfazer os prazeres do mundo, a Igreja serve
para ser sal para o mundo, para mostrar a verdade que vem do alto."
(28 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário