Por ocasião da festa do Deepavali, o cardeal Tauran convida cristãos e hindus a se aliarem contra o materialismo, o relativismo e o fundamentalismo religioso
Roma, 20 de Outubro de 2014 (Zenit.org)
Os seguidores do hinduísmo celebram neste dia 23 de Outubro o
Deepavali, a festa da luz. Pela ocasião, o cardeal Jean-Louis Tauran,
presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, enviou
a mensagem "Cristãos e hindus: juntos para promover a cultura da
inclusão".
O texto recorda que a globalização abriu muitas fronteiras
inovadoras e ofereceu novas oportunidades para o desenvolvimento, mas,
por outro lado, não conseguiu o seu objectivo principal de integrar as
populações locais na comunidade global. "A globalização repercutiu
consideravelmente em muitos povos, levando-os a perder a sua identidade
sócio-cultural, económica e política".
"Os efeitos nocivos da globalização podem ser notados em todo o
mundo, inclusive nas comunidades religiosas que estão estreitamente
unidas às culturas circundantes". A globalização contribuiu para
fragmentar a sociedade e para aumentar o relativismo e o sincretismo,
assim como a “privatização” da religião. "O fundamentalismo religioso, a
violência étnica, tribal e sectária em várias partes do mundo são
amplas manifestações de descontentamento, de incerteza e de insegurança,
especialmente entre os mais pobres e os excluídos dos benefícios da
globalização".
Outras consequências negativas da globalização, como a propagação do
materialismo e do consumismo, tornaram as pessoas mais egocêntricas,
famintas de poder e indiferentes aos direitos, necessidades e
sofrimentos dos outros. A este propósito, o texto menciona as palavras
do papa Francisco ao comentar que isto "desembocou na globalização da
indiferença que nos leva lentamente a nos acostumarmos com o sofrimento
do outro, fechando-nos em nós mesmos". Esta indiferença gera a cultura
da exclusão, que nega os direitos dos pobres, dos marginalizados e dos
indefesos, assim como as oportunidades e os recursos que estão à
disposição de outros membros da sociedade. Deste modo, a mensagem afirma
que, em muitos sentidos, "a exploração de crianças e mulheres, o
abandono dos idosos, dos enfermos, dos deficientes, dos migrantes e dos
refugiados, assim como a perseguição das minorias, são indicadores
evidentes desta cultura da exclusão".
Por isso, o dicastério para o diálogo inter-religioso afirma que
"construir uma cultura de inclusão se torna um chamado comum e uma
responsabilidade compartilhada, que devemos assumir com urgência". É um
projecto que envolve todos os que se preocupam com a saúde e com a
sobrevivência da família humana aqui na terra e que é preciso realizar
no meio das forças que perpetuam a cultura da exclusão (e apesar delas).
Ao encerrar a mensagem, o dicastério assegura que, "como pessoas
arraigadas em nossas respectivas tradições religiosas e com convicções
em comum, nós, hindus e cristãos, podemos nos unir aos seguidores de
outras religiões e a pessoas de boa vontade para promover a cultura da
inclusão, com o objectivo de construir uma sociedade justa e pacífica".
(20 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.
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