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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A sua filha de 21 anos morreu: «Sem a esperança na vida eterna, não sei como o teria suportado»

François Morinière, Director-geral do grupo L´Équipe
Sophie Morini

Actualizado 5 de Outubro de 2014

Laurence Meurville / Il Est Vivant

Director-geral do grupo L’Équipe, François é também o pai de Sophie, falecida acidentalmente aos 21 anos quando ia à JMJ do Rio de Janeiro há um ano. Relata-nos o seu testemunho da fé:

Sempre tive fé
Há três coisas que não mudaram na minha vida em trinta anos: tomar um café pela manhã, ler l´Équipe e ser crente! Sempre tive fé e até 2013 a minha vida se desenvolvia de maneira positiva, entusiasmante. Em 17 de Julho de 2013 a nossa filha Sophie, de 21 anos, faleceu num acidente em Guyana, quando estava de viagem para a Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro (Brasil). Sophie era a mais velha dos nossos quatro filhos: uma bonita irmandade muito unida. Com Beatriz, a minha esposa, e as crianças tínhamos uma vida familiar feliz.

Não procuremos uma explicação onde não a há. É um acidente. Não é o curso normal da vida que uma jovem de 21 anos morra assim. Estas palavras tão certas pronunciadas pelo sacerdote que celebrou as exéquias de Sophie consolaram-nos muito, como também a todas as pessoas, a todos os jovens reunidos ali nesse dia.

Quando a Sophie morreu experimentámos que a Igreja é uma grande família. Devido ao que sucedeu no contexto da JMJ, este facto teve uma ressonância especial. Um grande impulso de oração e de solicitude se deslocou, muito mais amplo que o nosso círculo habitual. Este impulso teve inclusive uma dimensão planetária quando o Papa Francisco abriu a JMJ na praia de Copacabana pedindo aos jovens um momento de silêncio para rezar por Sophie e a sua família.

A cadeia de solidariedade não se interrompeu

E a cadeia de solidariedade que nasceu então ainda não se interrompeu. Todavia hoje vivemos a nossa dor e a nossa fé rodeados de pessoas. A Igreja está ao nosso lado, com todos os seus componentes: autoridades eclesiais como cardeais ou bispos até pessoas anónimas expressam-nos o seu apoio, cada um à sua maneira. Criou-se um blogue que recolhe os testemunhos.

Sophie atraía pela sua simplicidade
Sophie tinha uma natureza espontânea e falava da sua fé com muita simplicidade, sem proselitismo. Na Escola Politécnica feminina onde estudava desde há quatro anos, tinha descoberto um mundo muito distinto ao qual ela não estava acostumada, formado por ateus, pessoas indiferentes ou membros de outras religiões. Um pouco perdida no início, tomou a sua decisão; atraía as amizades procurando sempre no outro o que é formoso, o positivo. Não fazia grandes discursos, mas sim testemunhava a sua fé vivendo-a, vivendo a presença de Cristo na sua vida. Isto via-se, por exemplo, na atenção tão especial que prestava aos meninos mais pequenos. Uma jovem contou que a raiz de uma reunião preparatória para a JMJ, à qual tinha ido contra a sua vontade pois sofria de depressão, ela sentia-se muito incómoda. Estava a ponto de ir-se quando Sophie se aproximou, dirigiu-lhe a palavra e se ocupou dela. Deixou de sentir-se incómoda.

Depois da sua morte veio a rebeldia, a dor, mas...

Como ela, outros jovens dizem-nos que foram marcados pela sua fé e muitos, nestes últimos meses, foram dirigidos, ou voltaram a ser dirigidos, até o bom caminho. Depois da morte de Sophie, atravessamos por momentos de rebeldia, de dor vinculados à ausência, mas também temos tido outros momentos fortes quando temos recebido apoio ou testemunhos.

Esperança na vida eterna
Sem a esperança na vida eterna, não sei como o teria suportado. Sei que a dor não desaparecerá nunca, mas permanecendo à escuta chegamos a perceber sinais tangíveis da intercessão de Sophie na nossa vida. Em determinados momentos, muito valiosos, sentimos a sua presença directa o indirectamente, através de certas circunstâncias. Estou certo, por exemplo, que ela é um apoio próximo e constante para os seus irmãos e a sua irmã, que é ela a que os está ajudando a superar a sus dor. O valor que eles demonstram depois da sua partida é o sinal mais forte».

http://sophiemoriniere.wordpress.com/

(Tradução de Helena Faccia Serrano, Alcalá de Henares)



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