Imigrantes trabalham no sistema kafala e já há registo de 1200 mortos
Roma, 17 de Abril de 2015 (Zenit.org)
Uma tragédia esquecida e uma catástrofe silenciosa: sob o
sol do Catar, 1.200 pessoas já morreram na construção de estádios para o
Mundial de Futebol de 2022.
A denúncia dos sindicatos internacionais e italianos, transmitida
pela Rádio Vaticano, destaca as condições de escravidão em que os
imigrantes trabalham no país árabe. A fim de despertar a atenção para
este drama, os sindicatos escreveram uma carta ao governo italiano e aos
dirigentes internacionais do futebol.
A principal acusação dos sindicatos é contra o sistema "kafala", uma
relação de trabalho a que empresários do Catar submetem trabalhadores
indianos e nepaleses: os empregados não podem deixar a empresa sem o
consentimento do empregador, não têm visto para sair do país e não
existe acordo claro sobre as condições de trabalho, as horas e os
salários.
O sindicado denuncia que, no país, mais de um milhão de trabalhadores
são obrigados a trabalhar 16 horas por dia, com 50 graus centígrados à
sombra. "Mais da metade das mortes se devem a ataques cardíacos causados
pelas condições ambientais e de trabalho. Se nada for feito, as 2.022
mortes de hoje passarão para 4.000. Um rio de sangue inocente que pode
transformar a festa do desporto numa tragédia".
O governo do Catar sempre rejeitou as acusações e os dados sobre as
mortes, mas, nos últimos dois anos, foram registados nas embaixadas da
Índia, do Nepal e de Bangladesh 900 casos, metade dos quais
classificados como “imprevistos de natureza desconhecida” ou “parada
cardíaca”.
As federações sindicais mundiais da construção suspeitam que os dados escondam mortes por trabalho exaustivo.
(17 de Abril de 2015) © Innovative Media Inc.
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