O Santo Padre recebe a Conferência de Rabinos Europeus
Cidade do Vaticano, 22 de Abril de 2015 (Zenit.org) Sergio Mora
O papa Francisco recebeu nesta segunda-feira uma delegação
da Conferência de Rabinos Europeus, que, pela primeira vez, foi ao
encontro de um pontífice no Vaticano. Durante o encontro, o papa
recordou a importância da declaração conciliar “Nostra Aetate”, ponto de
referência para o diálogo inter-religioso, assim como a necessidade de
ressaltar a dimensão espiritual e religiosa diante da ameaça do ateísmo e
do secularismo. Francisco manifestou ainda a preocupação com as
tendências anti-semitas, reiterando que “todo cristão deve deplorar
firmemente qualquer forma de anti-semitismo, expressando a sua
solidariedade para com o povo judeu”.
O papa iniciou o encontro manifestando a sua alegria com este
evento e, ao mesmo tempo, dando à delegação os pêsames pela morte do
rabino emérito de Roma, Elio Toaff, "homem de paz e de diálogo" que
recebeu o papa João Paulo II na histórica visita à Grande Sinagoga de
Roma, em Abril de 1986. Devido ao falecimento do rabino emérito, o actual
rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, não esteve presente no
encontro com o papa.
Em seu discurso, o papa lembrou que o diálogo entre a Igreja católica
e as comunidades judaicas prossegue e que, em 28 de Outubro,
celebram-se os 50 anos da declaração conciliar “Nostra Aetate”, ponto de
referência do sempre necessário diálogo inter-religioso.
Pouco depois, foi abordada a problemática europeia, que demanda uma
ênfase na “dimensão espiritual e religiosa da vida humana”, já que,
“numa sociedade cada vez mais marcada pelo laicismo e ameaçada pelo
ateísmo, corre-se o risco de viver como se Deus não existisse. O homem
sente com frequência a tentação de tomar o lugar de Deus, de se
considerar o critério de tudo, de pensar que pode controlar tudo, de se
sentir autorizado a usar tudo o que o cerca de acordo com o seu
arbítrio”.
"É muito importante recordar que a nossa vida é um dom de Deus e que a
Ele devemos confiar-nos e dirigir-nos sempre. Judeus e cristãos têm o
dom e a responsabilidade de contribuir para manter vivo o senso
religioso da humanidade de hoje e da nossa sociedade, dando testemunho
da santidade de Deus e da vida humana: Deus é santo e é sagrada e
inviolável a vida que Ele nos deu”.
Francisco também manifestou preocupação com as tendências anti-semitas e com os actos de ódio e violência verificados na Europa
actual e afirmou: “Todo cristão deve deplorar firmemente qualquer forma
de anti-semitismo, expressando a sua solidariedade para com o povo
judeu”.
O papa recordou ainda o recente 70º aniversário da libertação do
campo de concentração de Auschwitz, "onde se consumou a grande tragédia
da Shoah. A memória do que aconteceu no coração da Europa deve ser uma
advertência para as gerações presentes e futuras. Igualmente, é preciso
condenar, em qualquer outro lugar, as manifestações de ódio e de
violência contra os cristãos e contra os fiéis de outras religiões".
Ao terminar a audiência, o Santo Padre agradeceu “de todo o coração
por esta visita, tão significativa”; desejou o melhor para as
comunidades judaicas e lhes assegurou a sua oração. Por fim, pediu que
não se esquecessem de rezar por ele e se despediu com a frase “Shalom
Alechem!”.
(22 de Abril de 2015) © Innovative Media Inc.
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