Dom Oliver Dashe Doeme visitou várias comunidades cristãs libertadas da ocupação do Boko Haram e celebrou missas de reconciliação
Madrid, 17 de Abril de 2015 (Zenit.org)
"A vingança e a recompensa são coisa de Deus, não nossa",
disse o bispo da diocese nigeriana de Maiduguri, dom Oliver Dashe Doeme,
em sua visita a várias comunidades do nordeste da Nigéria durante a
semana da Páscoa. Segundo a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre
(AIS), dom Dashe recordou aos fiéis que a vingança gera um círculo
vicioso de violência e guerra e destacou os valores fundamentais da fé
cristã: amar os nossos inimigos e aqueles que nos perseguem. As feridas
só podem ser curadas se perdoarmos o passado e olharmos para o futuro
com grande esperança e confiança.
O desejo dos fiéis de rezar e confessar-se era grande. Em algumas
comunidades, o bispo e os sacerdotes que o acompanhavam administraram o
sacramento do perdão durante mais de três horas.
Depois que uma força-tarefa dos exércitos da Nigéria, Chade e
Camarões reconquistou alguns povoados nigerianos ocupados pelo grupo
terrorista islamista Boko Haram, os primeiros refugiados voltaram para
casa. A maior parte tinha fugido para Camarões. Seus sofrimentos são
grandes: houve muitos mortos e outros tantos fugitivos ainda estão longe
de casa. Suas aldeias foram espoliadas e suas igrejas incendiadas. Há
pais que ainda não reencontraram seus filhos. Pessoas de idade que não
puderam fugir foram assassinadas pelos terroristas porque se negaram a
renunciar à fé cristã. Os fiéis que regressaram têm que começar a vida
de novo. Em várias missas de reconciliação e desagravo, dom Dashe os
encorajou a ser firmes na fé apesar de todas as misérias que sofreram e
os chamou a seguir o exemplo de Cristo, perdoando os terroristas pelo
seu ódio.
Os bispos nigerianos receberam o apoio do papa Francisco, que,
algumas semanas atrás, fez um apelo para que eles não se deixassem
intimidar pelo terror do Boko Haram. Os cristãos e os muçulmanos sofrem
por igual o extremismo religioso nesse país africano, disse o Santo
Padre em carta à Conferência Episcopal nigeriana. O pontífice denuncia
que os fundamentalistas se dizem religiosos, "mas abusam da religião
para torná-la uma ideologia em interesse da opressão e da morte". O papa
afirmou também que reza todos os dias pela Nigéria e agradeceu aos bispos, sacerdotes e religiosos pelo seu empenho. "Não se cansem de fazer o bem".
Com 168 milhões de habitantes, a Nigéria é o país mais populoso da
África. Quase 50% da população é muçulmana e a outra metade é cristã.
80% do norte do país é muçulmano; os cristãos predominam no sudeste.
Desde 2009, o grupo terrorista islamista vem executando uma campanha
sangrenta para instalar nos três estados do nordeste uma nação
teocrática islâmica. É nessa região que se encontra a diocese de
Maiduguri, que abrange os estados federados de Yobe e Borno, assim como a
parte setentrional do estado de Adamawa.
A situação nessa diocese, que é a mais extensa da Nigéria, é
precária: desde o começo das lutas, foram assassinados aproximadamente 5
mil dos 125 mil católicos. Além disso, foram forçadas a deixar os seus
lares mais de 100 mil pessoas; entre elas, 26 dos 46 sacerdotes da
diocese, 30 religiosas e mais de 200 catequistas. Dos 40 centros
comunitários, 22 estão ocupados pelos terroristas. Mais de 350 igrejas
foram reduzidas a ruínas. Três das quatro escolas católicas foram
fechadas.
(17 de Abril de 2015) © Innovative Media Inc.
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