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terça-feira, 21 de abril de 2015

A história de Asia Bibi se tornou um filme

Apresentado em Roma, em estreia mundial, o documentário que descreve a história da mulher paquistanesa condenada à morte por blasfémia e o fundo cultural hostil no qual amadureceu a sua história


Roma, 20 de Abril de 2015 (Zenit.org)


"Se eles me perseguiram, também perseguirão a vós" (Jo 15, 20). Abre-se com essa passagem do Evangelho de João, o filme documentário Libertá per Asia Bibi, apresentado terça-feira, 14 de Abril, no Hotel Columbus em Roma.

Participaram da projecção, em estreia mundial, o marido marido de Asia Bibi, Ashiq Masih, e sua filha Eisham Ashiq. Parentes da mulher decidiram embarcar em uma tournée pela Europa, patrocinado pela organização católica espanhola HazteOir, para sensibilizar os governos e os cidadãos europeus sobre a questão.
Inspirado no livro Blasfema. Condannata a morte per um sorso d’acqua, da jornalista francesa Anne-Isabelle Tollet, o filme foi feito graças à viagem ao Paquistão de Ignacio Arsuaga, presidente da HazteOir.org e de CitizenGO, ambos envolvidos na produção do filme.

O documentário não só conta a história de uma perseguida, mas também a história do povo paquistanês, dividido entre uma maioria fundamentalista islâmica e uma minoria cristã; narra a coragem de homens e mulheres que arriscam a própria vida pela liberdade de Bibi; narra, por fim, o abuso da lei anti-blasfémia no Paquistão, uma lei para a qual é possível ser condenado à morte só com uma acusação, na maioria das vezes infundada.

Filmado com bastante cuidado nos detalhes e precisão estilística, o filme tem grande capacidade de não apenas narrar, mas fazer o espectador participar emotivamente e empaticamente.

Às imagens tomadas ao vivo que seguem o Tollet em sua reportagem, se alternam cenas de velhos jornais ou documentários e entrevistas originais com a família, amigos e moradores do lugar.

O efeito é aquele de pura objectividade na representação da realidade. Seria falso pensar, e fazer pensar, que no Paquistão ou no mundo, todo mundo queira Asia Bibi livre, que todos a considerem uma pobre vítima... a verdade é que muitos fundamentalistas paquistaneses consideram-na culpada e, por isso, estão felizes por ter sido condenada à morte. Neste ponto de vista, alternar as declarações dos parentes da mulher e das pessoas que lutam pela sua liberdade, com aquelas de quem, em nome de Maomé, se alegram com a sua condenação à morte, dá ao espectador a oportunidade de conhecer todas as partes envolvidas e as dificuldades existentes para libertar a vítima cristã.

Se, por um lado, escutamos as declarações do Papa Bento XVI a favor da libertação da mulher paquistanesa, por outro, escutamos as duríssimas palavras dos fundamentalistas islâmicos da sua aldeia: “se a blasfemadora fosse liberta estaríamos prontos para começar uma guerra civil”. Só mostrando a realidade na sua implacável crueldade é possível esperar que todos entendam as profundas problemáticas de tal questão, à qual não só estão envolvidas as autoridades religiosas e políticas no Paquistão, mas o próprio povo, que pode ser, ao mesmo tempo, vítima e agressor.

O resultado é extraordinário: o espectador não só conhece sobre uma realidade desconhecida, mas a vive, a respira, a interioriza, com o efeito de voltar pra casa e querer conta-la, difundi-la.

Asia Bibi já está na prisão há mais de 2000 dias, porque acusada injustamente ... porque vítima do abuso de uma lei... porque cristã.

O pedido de ajuda do seu marido e filha no filme, assim como em conferência de imprensa no parlamento italiano, foram claras e sem rodeios. No Paquistão, quem tentou libertar Asia, como o governador de Puljab, Salmaan Taseer, e o Ministro das Minorias, Shahbaz Bhatti, foram brutalmente assassinados. Agora é necessário que os governos europeus pressionem o Paquistão para que Bibi seja libertada e para que a lei possa ser aplicada de forma adequada.

Este documentário pode ser uma excelente ferramenta para espalhar a história de Asia Bibi, para torná-la conhecida no mundo e para sensibilizar todas aquelas pessoas que nunca se colocaram uma pergunta fundamental, uma pergunta que está na base desta história: e se fosse eu que morasse em um país onde não se é livre para professar a própria religião?

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