Apresentado em Roma, em estreia mundial, o documentário que descreve a história da mulher paquistanesa condenada à morte por blasfémia e o fundo cultural hostil no qual amadureceu a sua história
Roma, 20 de Abril de 2015 (Zenit.org)
"Se eles me perseguiram, também perseguirão a vós" (Jo 15,
20). Abre-se com essa passagem do Evangelho de João, o filme
documentário Libertá per Asia Bibi, apresentado terça-feira, 14 de Abril, no Hotel Columbus em Roma.
Participaram da projecção, em estreia mundial, o marido marido de
Asia Bibi, Ashiq Masih, e sua filha Eisham Ashiq. Parentes da mulher
decidiram embarcar em uma tournée pela Europa, patrocinado pela
organização católica espanhola HazteOir, para sensibilizar os governos e
os cidadãos europeus sobre a questão.
Inspirado no livro Blasfema. Condannata a morte per um sorso d’acqua,
da jornalista francesa Anne-Isabelle Tollet, o filme foi feito graças à
viagem ao Paquistão de Ignacio Arsuaga, presidente da HazteOir.org e de
CitizenGO, ambos envolvidos na produção do filme.
O documentário não só conta a história de uma perseguida, mas também a
história do povo paquistanês, dividido entre uma maioria
fundamentalista islâmica e uma minoria cristã; narra a coragem de homens
e mulheres que arriscam a própria vida pela liberdade de Bibi; narra,
por fim, o abuso da lei anti-blasfémia no Paquistão, uma lei para a qual
é possível ser condenado à morte só com uma acusação, na maioria das
vezes infundada.
Filmado com bastante cuidado nos detalhes e precisão estilística, o
filme tem grande capacidade de não apenas narrar, mas fazer o espectador
participar emotivamente e empaticamente.
Às imagens tomadas ao vivo que seguem o Tollet em sua reportagem, se
alternam cenas de velhos jornais ou documentários e entrevistas
originais com a família, amigos e moradores do lugar.
O efeito é aquele de pura objectividade na representação da realidade.
Seria falso pensar, e fazer pensar, que no Paquistão ou no mundo, todo
mundo queira Asia Bibi livre, que todos a considerem uma pobre vítima...
a verdade é que muitos fundamentalistas paquistaneses consideram-na
culpada e, por isso, estão felizes por ter sido condenada à morte. Neste
ponto de vista, alternar as declarações dos parentes da mulher e das
pessoas que lutam pela sua liberdade, com aquelas de quem, em nome de
Maomé, se alegram com a sua condenação à morte, dá ao espectador a
oportunidade de conhecer todas as partes envolvidas e as dificuldades
existentes para libertar a vítima cristã.
Se, por um lado, escutamos as declarações do Papa Bento XVI a favor
da libertação da mulher paquistanesa, por outro, escutamos as duríssimas
palavras dos fundamentalistas islâmicos da sua aldeia: “se a
blasfemadora fosse liberta estaríamos prontos para começar uma guerra
civil”. Só mostrando a realidade na sua implacável crueldade é possível
esperar que todos entendam as profundas problemáticas de tal questão, à
qual não só estão envolvidas as autoridades religiosas e políticas no
Paquistão, mas o próprio povo, que pode ser, ao mesmo tempo, vítima e
agressor.
O resultado é extraordinário: o espectador não só conhece sobre uma
realidade desconhecida, mas a vive, a respira, a interioriza, com o
efeito de voltar pra casa e querer conta-la, difundi-la.
Asia Bibi já está na prisão há mais de 2000 dias, porque acusada
injustamente ... porque vítima do abuso de uma lei... porque cristã.
O pedido de ajuda do seu marido e filha no filme, assim como em conferência de imprensa no parlamento italiano, foram claras e sem rodeios.
No Paquistão, quem tentou libertar Asia, como o governador de Puljab,
Salmaan Taseer, e o Ministro das Minorias, Shahbaz Bhatti, foram
brutalmente assassinados. Agora é necessário que os governos europeus
pressionem o Paquistão para que Bibi seja libertada e para que a lei
possa ser aplicada de forma adequada.
Este documentário pode ser uma excelente ferramenta para espalhar a
história de Asia Bibi, para torná-la conhecida no mundo e para
sensibilizar todas aquelas pessoas que nunca se colocaram uma pergunta
fundamental, uma pergunta que está na base desta história: e se fosse eu
que morasse em um país onde não se é livre para professar a própria
religião?
(20 de Abril de 2015) © Innovative Media Inc.
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