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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Francisco aos jovens de El Salvador: cuidado com os gangues juvenis

Espero que tenham semeado bem para colher bons frutos, disse o papa aos organizadores do congresso da Scholas Occurrentes


Cidade do Vaticano, 04 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


O papa Francisco recebeu hoje no Vaticano os participantes do II Congresso da Scholas Occurentes, cuja finalidade foi estudar e pôr em contacto diversas realidades educativas, culturais e religiosas do mundo inteiro. “Espero que tenham semeado bem para colher bons frutos”, disse o Santo Padre ao entrar na Sala do Sínodo e felicitar os organizadores.

Durante a videoconferência que conectou escolas dos cinco continentes, a primeira conversa do papa Francisco foi com um colégio da Austrália. Depois da pergunta feita pelo jovem interlocutor australiano, o papa disse: “Antes de responder, eu quero pegar uma expressão que você falou: ‘construir pontes’. Ou construímos pontes ou levantamos muros: as pontes aproximam, os muros separam”. Francisco ressaltou, a partir disso, a necessidade de “comunicar as experiências que vocês fazem. Vocês podem fazer muitas coisas e comunicá-las aos outros”, porque “ninguém manda, mas tudo funciona”. Comunicar é “dizer sim à vida”, porque “comunicar é dar, comunicar é respeitar e é evitar todo tipo de discriminação”. E concluiu: “Sigam em frente, eu gosto muito do que vocês estão fazendo! Que Deus os abençoe!”.

A segunda comunicação foi com Israel, de onde o jovem Ial, de Telavive, falou em espanhol sobre o seu colégio, no qual estudam jovens das três grandes religiões monoteístas. Os estudantes se comunicam em inglês, mas falam também vários outros idiomas e têm muitos amigos, contou Ial. O jovem perguntou ao papa: “Quando o senhor volta [à Terra Santa]?”. “Eu gostaria de voltar”, respondeu Francisco. “Estive aí há pouco tempo”. Nesse instante, um problema técnico interrompeu a conexão.

Passou-se então para Istambul. Respondendo aos jovens turcos e retomando palavras que eles mesmos diziam, o papa respondeu: “Vocês têm que gritar de dentro: queremos paz! (...) O futuro vai ser melhor ou pior? Eu não tenho aquelas bolas de cristal das bruxas para saber o futuro. Mas onde está o futuro? No seu coração e na sua mente. O futuro é dos jovens, mas cuidado: jovens com asas e jovens com raízes. Para receber a sabedoria dos mais velhos, para sonhar com um mundo melhor e para protestar contra as guerras. É preciso respeitar a sabedoria recebida dos seus pais, dos mais velhos e dos seus avós”.
Da Cidade do Cabo, na África do Sul, outro jovem perguntou ao Santo Padre em espanhol sobre a plataforma escolar da Scholas Occurrentes. “A Scholas não surgiu por acaso”, explicou o papa, “mas de uma ideia de José Maria del Corral, junto com Enrique Palmeiros, criando uma escola em Buenos Aires. E o projecto construiu muitas pontes, começou como um sonho que não sabíamos se podíamos realizar. Mas a juventude precisa se mostrar, mostrar os seus valores. Três pilares fundamentais: educação, desporto e cultura. E a Scholas junta tudo isso”. Francisco destacou que “o desporto nos ensina a jogar em equipe, a não ser egoístas”.

De El Salvador, o jovem Ernesto ouviu do papa: “Eu sei de todo o trabalho que vocês estão fazendo em El Salvador. Sei que estão avançando bastante e trabalhando firme na educação. Educação, desporto e cultura, e cuidado com as ‘maras’ [os gangues de rua daquele país, ndr], porque, assim como existem pontes que os unem, também existem comunicações que servem para destruir. Esses grupos querem a guerra e não sabem trabalhar em equipe. Vocês, trabalhem em equipe e se defendam de quem quer tirar a força do grupo”.

Francisco recordou, por fim, algo que Jesus disse muitas vezes: “Não tenham medo”. E prosseguiu: “Sonhem alto com o futuro. Mas não se esqueçam da herança cultural e de apreciar os conselhos dos mais velhos”.

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