Espero que tenham semeado bem para colher bons frutos, disse o papa aos organizadores do congresso da Scholas Occurrentes
Cidade do Vaticano, 04 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
O papa Francisco recebeu hoje no Vaticano os participantes
do II Congresso da Scholas Occurentes, cuja finalidade foi estudar e pôr
em contacto diversas realidades educativas, culturais e religiosas do
mundo inteiro. “Espero que tenham semeado bem para colher bons frutos”,
disse o Santo Padre ao entrar na Sala do Sínodo e felicitar os
organizadores.
Durante a videoconferência que conectou escolas dos cinco
continentes, a primeira conversa do papa Francisco foi com um colégio da
Austrália. Depois da pergunta feita pelo jovem interlocutor
australiano, o papa disse: “Antes de responder, eu quero pegar uma
expressão que você falou: ‘construir pontes’. Ou construímos pontes ou
levantamos muros: as pontes aproximam, os muros separam”. Francisco
ressaltou, a partir disso, a necessidade de “comunicar as experiências
que vocês fazem. Vocês podem fazer muitas coisas e comunicá-las aos
outros”, porque “ninguém manda, mas tudo funciona”. Comunicar é “dizer
sim à vida”, porque “comunicar é dar, comunicar é respeitar e é evitar
todo tipo de discriminação”. E concluiu: “Sigam em frente, eu gosto
muito do que vocês estão fazendo! Que Deus os abençoe!”.
A segunda comunicação foi com Israel, de onde o jovem Ial, de
Telavive, falou em espanhol sobre o seu colégio, no qual estudam jovens
das três grandes religiões monoteístas. Os estudantes se comunicam em
inglês, mas falam também vários outros idiomas e têm muitos amigos,
contou Ial. O jovem perguntou ao papa: “Quando o senhor volta [à Terra
Santa]?”. “Eu gostaria de voltar”, respondeu Francisco. “Estive aí há
pouco tempo”. Nesse instante, um problema técnico interrompeu a conexão.
Passou-se então para Istambul. Respondendo aos jovens turcos e
retomando palavras que eles mesmos diziam, o papa respondeu: “Vocês têm
que gritar de dentro: queremos paz! (...) O futuro vai ser melhor ou
pior? Eu não tenho aquelas bolas de cristal das bruxas para saber o
futuro. Mas onde está o futuro? No seu coração e na sua mente. O futuro é
dos jovens, mas cuidado: jovens com asas e jovens com raízes. Para
receber a sabedoria dos mais velhos, para sonhar com um mundo melhor e
para protestar contra as guerras. É preciso respeitar a sabedoria
recebida dos seus pais, dos mais velhos e dos seus avós”.
Da Cidade do Cabo, na África do Sul, outro jovem perguntou ao Santo
Padre em espanhol sobre a plataforma escolar da Scholas Occurrentes. “A
Scholas não surgiu por acaso”, explicou o papa, “mas de uma ideia de
José Maria del Corral, junto com Enrique Palmeiros, criando uma escola
em Buenos Aires. E o projecto construiu muitas pontes, começou como um
sonho que não sabíamos se podíamos realizar. Mas a juventude precisa se
mostrar, mostrar os seus valores. Três pilares fundamentais: educação, desporto e cultura. E a Scholas junta tudo isso”. Francisco destacou que
“o desporto nos ensina a jogar em equipe, a não ser egoístas”.
De El Salvador, o jovem Ernesto ouviu do papa: “Eu sei de todo o
trabalho que vocês estão fazendo em El Salvador. Sei que estão avançando
bastante e trabalhando firme na educação. Educação, desporto e cultura, e
cuidado com as ‘maras’ [os gangues de rua daquele país, ndr], porque,
assim como existem pontes que os unem, também existem comunicações que
servem para destruir. Esses grupos querem a guerra e não sabem trabalhar
em equipe. Vocês, trabalhem em equipe e se defendam de quem quer tirar a
força do grupo”.
Francisco recordou, por fim, algo que Jesus disse muitas vezes: “Não
tenham medo”. E prosseguiu: “Sonhem alto com o futuro. Mas não se
esqueçam da herança cultural e de apreciar os conselhos dos mais
velhos”.
(04 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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