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quarta-feira, 23 de março de 2022

Religiosos de Jerusalém pedem paz. Guerra é “blasfémia”, dizem cristãos

Apelo a patriarca Cirilo

 | 22 Mar 2022

Em 25 de fevereiro de 2022, em Kiev, na Ucrânia, uma rapariga olha para a cratera deixada por uma explosão em frente a um prédio de apartamentos que ficou fortemente danificado durante os ataques militares russos em curso. Foto © UNICEF

Em 25 de fevereiro de 2022, em Kiev, na Ucrânia, uma rapariga olha para a cratera deixada por uma explosão em frente a um prédio de apartamentos que ficou fortemente danificado durante os ataques militares russos em curso. Foto © UNICEF

Um grupo de líderes religiosos de Jerusalém uniu-se para uma oração pela paz na Ucrânia, na segunda-feira, apelando à intervenção do patriarca Cirilo de Moscovo, junto do Governo russo, para travar a guerra. 

Também o Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), da Igreja Católica, e a Conferência das Igrejas Europeias (CEC) publicaram esta terça-feira uma declaração conjunta contra a “agressão russa” na Ucrânia.

A iniciativa dos responsáveis judaicos, cristãos e muçulmanos de Jerusalém traduziu-se numa carta conjunta assinada e dirigida ao líder da Igreja Ortodoxa na Rússia, adiantou a agência Ecclesia.

“Nós, líderes religiosos que representamos muitas tradições religiosas, escrevemos para expressar a nossa preocupação com a guerra que está a acontecer na Ucrânia. Estamos conscientes da nossa obrigação religiosa de escolher a paz através do diálogo. O nosso papel é rezar e apoiar resoluções pacíficas de situações de conflito”, pode ler-se na missiva, divulgada online.

Os 150 signatários lamentam ver “pessoas de fé umas contra as outras”, num conflito que “representa um risco muito maior de destruição além da Ucrânia, incluindo a ameaça muito real de um acidente nuclear e um conflito maior entre potências com armas nucleares”.

“À luz da sua estreita ligação com o presidente Vladimir Putin, pedimos que lhe solicite que tome medidas imediatas para diminuir a escalada do conflito e procure uma solução pacífica”, assinala o apelo ao patriarca Cirilo.

Usar religião nesta guerra é “blasfémia”

Já na declaração conjunta do CCEE e da CEC, contra a “agressão russa” no território ucraniano, lê-se que “as religiões não podem ser usadas como meio para justificar esta guerra”. E acrescenta-se: “Todas as religiões, e nós como cristãos, estamos unidos na condenação da agressão russa, dos crimes que estão a ser cometidos contra o povo da Ucrânia e da blasfémia que é o uso indevido da religião neste contexto.”

O documento, enviado à Agência ECCLESIA, surge da reunião do Comité Conjunto CEC/CCEE, que decorreu esta segunda-feira em Bratislava.

“Pedimos aos líderes das nações e da comunidade internacional que façam tudo o que estiver ao seu alcance para acabar com a atual guerra na Ucrânia, que está a destruir vidas e causa um sofrimento incalculável”, indicam os responsáveis cristãos.

O texto destaca que o “coração da fé cristã é a paz e a reconciliação”, antes de agradecer pelo trabalho das várias Igrejas e ONG, juntamente com autoridades nos países vizinhos da Ucrânia e em toda a Europa, para acolher quem foge da guerra. CEC e CCEE saúdam ainda as vozes do povo russo que “protestam fortemente” contra a invasão.

“Continuamos a rezar pelo dom da paz e pedimos a todos os cristãos que se juntem a nós nesta oração, enquanto fortalecem os seus esforços para afirmar o valor da vida e promover ativamente a reconciliação”, conclui a declaração.




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