Páginas

quinta-feira, 24 de março de 2022

Podíamos ser nós!

Confesso que desde que estive com estas pessoas que todos os dias me lembro delas.

Desde que estive no Colégio de Nossa Senhora da Graça, em Vila Nova de Mil Fontes, que não esqueço a expressão da Anna Ovcharova, que largou tudo com os dois filhos, deixando para trás os pais, para se afastar o mais possível dos bombardeamentos e resguardar a Nikita e o Makei.

O abraço que me deu era sensível, a sua voz, o seu traço com o pincel nos retoques do desenho desta pintora não manifestavam as imagens de luta, mas sim a tranquilidade que queria dar aos seus, em dias pela frente. «Não vale a pena fazer muitos planos, porque são ilusão. Tudo muda rapidamente.» E a Anna bem o sabe.

Ouço também a voz determinada de Viktoria Kachanovetska, que chegou acompanhada pelos dois filhos, deixando o marido a combater na região de Vinnytsia. Ouvia-a num ucraniano, que depois me traduziram e confesso que penso na linha ténue que existe ao entrar no seu espaço, que é novo mas é seu, e a sua capacidade para me contar o que passou para ali chegar e o porquê de querer regressar.

Só encontrei sorrisos e agradecimentos, generosidade e acolhimento; encontrei gente que quer dar o que tem, os seus dons, para ajudar a minimizar a dor dos outros, que eu, aqui, apenas, consigo imaginar.

Estes são gestos que se multiplicam, no esforço de uma resposta consertada que possa fazer a diferença.

“Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear”, vai dizer o Papa Francisco amanhã, em Roma, num Ato de Consagração a que vai presidir no Vaticano, em ligação a Fátima, invocando a paz, particularmente na Ucrânia e Rússia.

E cada um de nós diz com ele.

Votos de paz e de um excelente dia!

Lígia Silveira

 


www.agencia.ecclesia.pt

      



Sem comentários:

Enviar um comentário