Confesso que desde que estive com estas pessoas que todos
os dias me lembro delas. Desde que estive no
Colégio de Nossa Senhora da Graça, em Vila Nova de Mil Fontes, que não
esqueço a expressão da Anna Ovcharova, que largou tudo com os dois filhos,
deixando para trás os pais, para se afastar o mais possível dos
bombardeamentos e resguardar a Nikita e o Makei. O abraço que me deu
era sensível, a sua voz, o seu traço com o pincel nos retoques do desenho
desta pintora não manifestavam as imagens de luta, mas sim a tranquilidade
que queria dar aos seus, em dias pela frente. «Não vale a pena fazer muitos
planos, porque são ilusão. Tudo muda rapidamente.» E a Anna bem o sabe. Ouço também a voz
determinada de Viktoria Kachanovetska, que chegou acompanhada pelos dois
filhos, deixando o marido a combater na região de Vinnytsia. Ouvia-a num
ucraniano, que depois me traduziram e confesso que penso na linha ténue que
existe ao entrar no seu espaço, que é novo mas é seu, e a sua capacidade para
me contar o que passou para ali chegar e o porquê de querer regressar. Só encontrei sorrisos
e agradecimentos, generosidade e acolhimento; encontrei gente que quer dar o
que tem, os seus dons, para ajudar
a minimizar a dor dos outros, que eu, aqui, apenas, consigo imaginar. Estes são gestos que
se multiplicam,
no esforço de uma resposta consertada que possa fazer a diferença. “Libertai-nos da
guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear”, vai dizer o Papa Francisco
amanhã, em Roma, num Ato de Consagração a que vai presidir
no Vaticano, em ligação a Fátima, invocando a paz, particularmente na Ucrânia
e Rússia. E cada um de nós diz
com ele. Votos de paz e de um
excelente dia! |
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