João Paulo II é uma referência para
abordar estes temas; de formação filósofa e tendo sido durante algum tempo docente
universitário de ética, esteve sempre em contacto com cientistas, sempre
acreditando na harmonia ente ciência e fé.
Com interesse académico e pedagógico,
as suas convicções são de interesse
vital para um número importante de pessoas e questões decisivas das suas vidas.
João Paulo II sempre gostou de falar
com os cientistas; mesmo como Bispo de Cracóvia, sempre reconheceu como “muito
frutuosos, os contactos com o mundo da ciência e particularmente com os
especialistas em ciências físicas“ (ibid). “A ciência em si mesma é boa, por
ser conhecimento do mundo que é bom, criado e visto pelo Criador com satisfação“,
como se lê na Bíblia, no primeiro capítulo do Génesis, sublinhando assim, como
muitas outras vezes, que ciência e fé não são dois mundos opositores.
No entanto João Paulo II refere mais
tarde na encíclica o Redentor do homem sublinhando no seu discurso a
necessidade da submissão da técnica à ética, “às normas morais que regem a vida
do homem” (ibid). E não se inibiu de fazer um pedido aos cientistas “aos homens
de ciência das diversas disciplinas - em particular a vós físicos, que
descobristes energias de um alcance imenso - compete utilizar todo o vosso
prestígio, para que as consequências científicas se sujeitem às normas morais,
em vista da proteção e do progresso da vida humana" (ibid).
Afirma também “fé e ciência
pertencem a duas diferentes ordens de conhecimento que não se podem sobrepor
uma à outra” e diz: “a razão e a fé provêm da mesma divina fonte de toda a
verdade”
Acrescentou ainda que se a ciência e
a teologia procederem sempre em conformidade com os princípios metodológicos
próprios de cada uma, não é de temer que cheguem a resultados contraditórios.
João Paulo II na encíclica Fé e Razão
de 1998 tem uma meditação muito bonita, onde nos diz “em toda a criação
visível, o homem é o único ser que é capaz não só de saber, mas também de saber
que sabe, e por isso se interessa pela verdade real daquilo que vê (…) está aqui
o motivo de muitas pesquisas, particularmente no campo das ciências que
levaram, nos últimos séculos, a resultados tão significativos, favorecendo
realmente o progresso da humanidade inteira”.
Uma afirmação importante e clara de
João Paulo II a propósito numa catequese proferida na Praça de S. Pedro em 1986
(Osservatore Romano 17 abril desse ano) “pode-se, portanto, dizer que do ponto
de vista da fé não se veem dificuldades no explicar a origem do ser humano,
enquanto corpo, mediante a hipótese de evolução. É possível que o corpo humano,
seguindo a ordem imprimida pelo criador nas energias da vida, tenha sido
progressivamente preparado nas formas de seres viventes antecedentes. A alma
humana, no entanto, da qual depende, em definitivo, a humanidade do ser humano,
sendo espiritual, não pode ser emergida pela matéria “.
É a nossa fé que nos mantém no
caminho certo, dia após dia. Uma fé que nos motiva à esperança numa ciência que
não deixe de lado os princípios morais e éticos. O Mundo cresce quando não nos
destruímos, cientificamente, eticamente, quando respeitamos os outros. Estamos
na quaresma, aproveitemos o sacrifício do filho Deus para refletirmos, para
melhorarmos e para orar por todos que neste momento por diversos motivos estão sem fé.
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