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sábado, 5 de março de 2022

Fé e Ciência

Já todos conhecemos, e todos têm uma posição sobre este tema - Fé e Ciência - mas nunca é demais expor publicamente razões e pensamentos devidamente estudados por credenciados teólogos e cientistas.

João Paulo II é uma referência para abordar estes temas; de formação filósofa e tendo sido durante algum tempo docente universitário de ética, esteve sempre em contacto com cientistas, sempre acreditando na harmonia ente ciência e fé.

Com interesse académico e pedagógico, as suas convicções são de interesse vital para um número importante de pessoas e questões decisivas das suas vidas.

João Paulo II sempre gostou de falar com os cientistas; mesmo como Bispo de Cracóvia, sempre reconheceu como “muito frutuosos, os contactos com o mundo da ciência e particularmente com os especialistas em ciências físicas“ (ibid). “A ciência em si mesma é boa, por ser conhecimento do mundo que é bom, criado e visto pelo Criador com satisfação“, como se lê na Bíblia, no primeiro capítulo do Génesis, sublinhando assim, como muitas outras vezes, que ciência e fé não são dois mundos opositores.

No entanto João Paulo II refere mais tarde na encíclica o Redentor do homem sublinhando no seu discurso a necessidade da submissão da técnica à ética, “às normas morais que regem a vida do homem” (ibid). E não se inibiu de fazer um pedido aos cientistas “aos homens de ciência das diversas disciplinas - em particular a vós físicos, que descobristes energias de um alcance imenso - compete utilizar todo o vosso prestígio, para que as consequências científicas se sujeitem às normas morais, em vista da proteção e do progresso da vida humana" (ibid).

Afirma também “fé e ciência pertencem a duas diferentes ordens de conhecimento que não se podem sobrepor uma à outra” e diz: “a razão e a fé provêm da mesma divina fonte de toda a verdade”

Acrescentou ainda que se a ciência e a teologia procederem sempre em conformidade com os princípios metodológicos próprios de cada uma, não é de temer que cheguem a resultados contraditórios.

João Paulo II na encíclica Fé e Razão de 1998 tem uma meditação muito bonita, onde nos diz “em toda a criação visível, o homem é o único ser que é capaz não só de saber, mas também de saber que sabe, e por isso se interessa pela verdade real daquilo que vê (…) está aqui o motivo de muitas pesquisas, particularmente no campo das ciências que levaram, nos últimos séculos, a resultados tão significativos, favorecendo realmente o progresso da humanidade inteira”.

Uma afirmação importante e clara de João Paulo II a propósito numa catequese proferida na Praça de S. Pedro em 1986 (Osservatore Romano 17 abril desse ano) “pode-se, portanto, dizer que do ponto de vista da fé não se veem dificuldades no explicar a origem do ser humano, enquanto corpo, mediante a hipótese de evolução. É possível que o corpo humano, seguindo a ordem imprimida pelo criador nas energias da vida, tenha sido progressivamente preparado nas formas de seres viventes antecedentes. A alma humana, no entanto, da qual depende, em definitivo, a humanidade do ser humano, sendo espiritual, não pode ser emergida pela matéria “.

É a nossa fé que nos mantém no caminho certo, dia após dia. Uma fé que nos motiva à esperança numa ciência que não deixe de lado os princípios morais e éticos. O Mundo cresce quando não nos destruímos, cientificamente, eticamente, quando respeitamos os outros. Estamos na quaresma, aproveitemos o sacrifício do filho Deus para refletirmos, para melhorarmos e para orar por todos que neste momento por diversos motivos estão sem fé.

Ana Maria Figueiredo
Pintora


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