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terça-feira, 29 de março de 2022

Guerra faz crescer crispação entre Patriarcas

Igreja Ortodoxa

 | 28 Mar 2022

O Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I. Foto © Nir Hason

O Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I. Foto © Nir Hason

No encontro que manteve com o Presidente da Polónia, Andrzej Duda, o Patriarca Ecuménico de Constantinopla Bartolomeu (Igreja Ortodoxa) aprofundou o fosso que o separa do Patriarca de Moscovo, Cirilo, ao classificar a guerra contra a Ucrânia como “injustificada e injustificável agressão”, segundo relata o Orthodox Times neste dia 28 de março.

O Patriarca Bartolomeu está na Polónia a convite do Governo do país e prolongará a sua visita por vários dias, dedicando a maior parte do seu tempo a visitar refugiados ucranianos e a presidir a celebrações em comunidades ortodoxas polacas e ucranianas. No encontro com o Presidente polaco reafirmou a sua solidariedade com “os milhões de refugiados que foram deslocados à força pela contínua, injustificada e injustificável agressão, bem como pela terrível e pesada violência causada pela Rússia na sua pátria soberana da Ucrânia”. A visita é vista pelos responsáveis ortodoxos russos como um claro desafio à autoridade de Cirilo, Patriarca de Moscovo, com o qual a Igreja Ortodoxa Ucraniana (dita autocéfala) rompeu em 2018, num processo apoiado pelo Patriarca Bartolomeu e por outros líderes das principais comunidades ortodoxas do mundo.

O Patriarca de Moscovo não tem parado de intervir a favor das razões que levaram os exércitos russos a invadir a Ucrânia, resistindo a todos os pedidos e pressões que tem recebido para não “abençoar” a guerra e deixar de repetir a linha da argumentação do governo de Vladimir Putin, fornecendo-lhe razões acrescidas para a guerra contra aquele país [ver 7MARGENS].

 

Encontro Francisco-Cirilo?

Entretanto, e de acordo com um artigo do Religión Digital publicado também neste dia 28, o Papa Francisco e o Patriarca de Moscovo, Cirilo, poderiam encontrar-se ainda este ano. O anúncio de tal hipótese foi feito pelo metropolita Hilarion, num programa da televisão russa em que afirmou: “Será um encontro pessoal e espero que possa ocorrer ainda este ano.”

Francisco e Cirilo conversaram por videoconferência já depois da invasão russa da Ucrânia, a 16 de março [ver 7MARGENS]. O encontro virtual não produziu qualquer aproximação dos dois líderes religiosos no que diz respeito à guerra na Ucrânia, tendo o Patriarca de Moscovo voltado a justificar e “abençoar” a invasão russa, enquanto o Papa a condena e clama pelo fim das hostilidades. Em 2016, Francisco e Cirilo encontraram-se no aeroporto de Havana, tendo na altura divulgado a sua intenção de voltarem a encontrar-se de modo mais formal, quebrando, assim, um distanciamento que dura há quase mil anos. Desconfianças criadas pela evolução do mundo ortodoxo, sobretudo pelas querelas relacionadas com a autonomia da Igreja Ortodoxa da Ucrânia, e posteriormente por causa da guerra têm vindo a afastar do horizonte próximo a concretização de tal encontro.




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