Neste dia, as palavras do Papa Francisco dizem tudo o que é
preciso dizer, em oração, pela paz no mundo, pelo fim da guerra na Ucrânia.
Que a oração de consagração
da humanidade, nomeadamente da Rússia e da Ucrânia, sejam luz para os
dias que vivemos, para as terras de conflito, para as mesas de negociações de
paz... Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria Ó Maria, Mãe de Deus
e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe,
amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe
de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a
vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus,
Príncipe da paz. Mas perdemos o
caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o
sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os
compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os
sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância,
fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela
indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as
nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular
armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa
comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o
coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a
todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos,
Senhor! Na miséria do pecado,
das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da
guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a
olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que
Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e
para a humanidade. Por bondade divina, estais connosco e conduzis-nos com
ternura mesmo nos transes mais apertados da história. Por isso recorremos a
Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não
Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora
escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não
estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os
emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa
confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da
prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio. Assim fizestes em
Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e
introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em
tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma
vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a
alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz.
Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade
urgente da vossa intervenção materna. Por isso acolhei, ó
Mãe, esta nossa súplica: Vós, estrela do mar,
não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra; Vós, arca da nova
aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação; Vós, «terra do Céu»,
trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus; Apagai o ódio,
acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão; Libertai-nos da
guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear; Rainha do Rosário,
despertai em nós a necessidade de rezar e amar; Rainha da família
humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade; Rainha da paz,
alcançai a paz para o mundo. O vosso pranto, ó
Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes,
façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das
armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas
mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso
abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu
país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as
portas e cuidar da humanidade ferida e descartada. Santa Mãe de Deus,
enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós,
disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós.
Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe,
agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a
humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem
necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso
intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor,
recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os
povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria. Por isso nós, ó Mãe
de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado
Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia
e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor,
fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do
vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que
mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos
o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos,
as angústias e as esperanças do mundo. Por vosso intermédio,
derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte
a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito
Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez
do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a
humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas
nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amen. (Papa Francisco) |
|
Sem comentários:
Enviar um comentário