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sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Você sente-se um pecador salvo por Cristo? Não? Então, é um cristão tépido

Em Santa Marta, o Papa destaca que o lugar privilegiado para o encontro com Jesus são os nosso pecados


Roma, 04 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Salvatore Cernuzio


A alergia de Bergoglio a inteligência "mundana" continua a manifestar-se mais, e mais explicitamente: três homilias na Casa Santa Marta foram ocasião para uma crítica velada à "sabedoria" que se traduz em muito estudo, em uma boa conversa, diminuindo a sabedoria divina, que é a verdadeira sabedoria.

Hoje, o Papa Francisco inspirou-se nas palavras de Paulo que, em sua Primeira Carta aos Coríntios, convida aqueles que se julgam sábios a “tornarem-se loucos para serem sábios, pois a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus”.

“Paulo – disse o Papa- nos diz que a força da Palavra de Deus, aquela que transforma o coração e muda o mundo, que nos dá esperança e nos dá a vida, não está na sabedoria humana: não está em belas palavras ou na inteligência do homem, não! Isto é loucura”, diz ele.
 
A Palavra de Deus tem um poder transformador: "passa pelo coração do pregador". Por isso, Jesus diz àqueles que pregam a Palavra de Deus: “tornem-se loucos”, ou seja, "não coloquem sua segurança em sua sabedoria, na sabedoria do mundo".

A força da Palavra de Deus “provém de outro lugar”, isto é, do encontro com Cristo, um encontro que - disse o Papa – se realiza através de nossos pecados e da misericórdia que Deus reserva a estes. Um encontro que é o fulcro da vida cristã e, onde não há este encontro, encontramos igrejas "decadentes" e cristãos “tépidos".

Um cristão, de facto, não tem motivo para se orgulhar de suas pesquisas, de seus estudos ou de sua formação cultural, mas, como afirmam Pedro e Paulo, pode se ‘envaidecer’ por duas coisas: seus pecados e Cristo crucificado”. São Paulo em suas epístolas não transcrevia seu currículo, nem dizia que ele tinha "estudado com os professores mais importantes".

‘Eu apenas me vanglorio dos meus pecados’ diz o Apóstolo dos Gentios. Palavras que escandalizam observa Bergoglio, bem como aquelas da outra passagem: ‘Eu apenas me vanglorio em Cristo e neste Crucifixo.’

A força da Palavra de Deus, testemunha o apóstolo, está no encontro entre os meus pecados e o sangue de Cristo que me salva. “Quando não existe aquele encontro, não há força no coração”, destaca Francisco. “Quando se esquece aquele encontro que tivemos na vida, tornamo-nos mundanos, queremos falar das coisas de Deus com linguagem humana, e não serve: não dá vida.”

Da mesma forma São Pedro, como narrado no Evangelho da pesca milagrosa, fez a experiência de encontrar Cristo através de seus pecados. Ele se dá conta de sua pequenez, ajoelha-se a Seus pés e confessa: "Afasta-te de mim, porque sou um homem pecador." 

Por isso, “neste encontro entre Cristo e os meus pecados está a salvação”, observa o Papa. "O lugar privilegiado para o encontro com Jesus Cristo são os nosso pecados. Se um cristão não é capaz de se sentir pecador e salvo pelo sangue de Cristo e por este Crucifixo é um cristão a meio caminho, é um cristão tépido”.

Quando encontramos Igrejas, paróquias, instituições “decadentes”, significa que “os cristãos que estão ali nunca encontraram Jesus Cristo ou se esqueceram”, pois “aquele encontro vira a vida, muda a vida, disse o Papa, e dá-te a força de anunciar a salvação aos outros.”

A homilia do Santo Padre terminou com a habitual lista de perguntas a serem feitas ao longo do dia: “Sou capaz de dizer ao Senhor que sou pecador, confessando o pecado concreto? Sou capaz de acreditar que Ele com o seu sangue salvou-me do pecado e deu-me uma vida nova? Tenho confiança em Cristo? Perguntemo-nos isso, exorta o Papa, não esquecendo que já temos uma resposta: De duas coisas: de meus pecados e de Cristo crucificado".

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