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sábado, 6 de setembro de 2014

Servir

Ao termos conhecimento das notícias que nos são dadas pelos meios de comunicação social ficamos com a ideia de que tudo está a ruir, que as pessoas são más e que o mundo caminha para o abismo; mas, se olharmos bem à nossa volta, encontramos pessoas fantásticas que procuram ajudar os outros a ultrapassar dificuldades e dramas, quer nas grandes catástrofes naturais, quer nos problemas do dia a adia.
 
É certo que o pecado está presente e atormenta todos; que o diabo não tem férias e explora os nossos piores sentimentos com a capa de sermos vítimas e incompreendidos.
 
Para contrariar este ambiente tão deprimente, os Papas têm apresentado modelos, elevando aos altares pessoas que, durante a sua vida, lutaram para cumprir, o melhor que podiam, a vontade de Deus e de não serem obstáculo à acção da graça nas suas almas.
 
Durante séculos pensou-se que a santidade só era possível aos sacerdotes e religiosos mas, se lermos o Evangelho com cuidado, veremos que não é essa a indicação que Jesus nos deu quando afirmou: “Sede santos como o vosso Pai Celeste é Santo”.
 
Nesta afirmação ninguém está excluído, não há classes ou grupos privilegiados, a Santidade é para todos. Esta verdade incontestável foi recordada por S. Josemaría, fundador do Opus Dei, que assim a propôs aos seus filhos. Todos devemos lutar com as nossas debilidades e defeitos para viver, em unidade de vida, todas as virtudes humanas.
 
Um dos primeiros membros do Opus Dei, Álvaro del Portillo, Engenheiro de formação, ao ter contacto com S. Josemaría e ao aperceber-se de toda a riqueza contida no caminho indicado por este santo Sacerdote, a ele aderiu de alma e coração. 

Senhor de uma inteligência brilhante, fazendo render as suas muitas qualidades naturais, trabalhou, estudou, interveio nos trabalhos do Concilio Vaticano II, fazendo parte de várias comissões, ao mesmo tempo era o “ braço direito” do Padre Escrivá, como secretário do Opus Dei.

D. Álvaro possuía muitas qualidades humanas, mas há duas que me parecem especialmente importantes, tanto no trabalho que desenvolveu como na convivência que soube manter com todos aqueles com quem se relacionou: desde pessoas ou meninos a quem dava Catequese até ao Papa.

Estas qualidades são, em primeiro lugar, a constante atenção aos outros que o levavam a esquecer-se de si, estivesse bem de saúde ou doente, em segundo lugar, a discrição total pois, fazia sempre bem o seu trabalho mas sem que fosse notado.

Quase podemos afirmar que D. Álvaro foi o Anjo da Guarda na terra de S. Josemaría; estava presente, vigiava, zelava e desaparecia.
 
Penso que estas qualidades aliadas a uma lealdade absoluta representam o maior contraste com a actualidade em que muitos se põem em “ bicos de pés” para serem notados e apreciados, embora nada de especial tenham feito.
 
O exemplo de D. Álvaro é muito marcante, tanto mais que, ao ser eleito para presidir ao Opus Dei, após a ida para o Céu de S. Josemaría, mostrou uma segurança e fidelidade ao caminho que fora traçado pelo Fundador; o seu procedimento evidencia que, durante a vida de S. Josemaría o mais importante para ele era ouvir o Fundador que recebera de Deus as graças para a fundação e difusão da Obra.

D. Álvaro tinha uma personalidade muito rica que iremos conhecendo melhor com os depoimentos recolhidos junto dos que, com ele, lidaram mais de perto.

Examinada toda a sua vida em processo canónico em Espanha e Itália, o Papa declarou-o Venerável-reconhecimento de que viveu com heroicidade as virtudes humanas e sobrenaturais.

Em 27 de Setembro será Beatificado em Madrid por determinação do Papa Francisco.

É sempre um exemplo, um modelo, pois gastou toda a sua vida a servir.

Para nós é uma meta muito alta para a qual devemos tender, sabendo que teremos muitos escolhos no caminho e que os piores estão dentro de nós.

Margarida Raimond - Professora




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