Vice-director da Comunidade Religiosa Islâmica Italiana denuncia confusão entre quem é religioso e quem abusa da religião
Cidade do Vaticano, 01 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
A Partida Inter-Religiosa pela Paz, apoiada pelo papa
Francisco, acontece hoje no Estádio Olímpico de Roma com jogadores de
diversos países e religiões.
Pouco antes do encontro que o Santo Padre teve no Vaticano com os
jogadores, organizadores e familiares, ZENIT entrevistou na Sala Paulo
VI um líder muçulmano, o imã Yahya Sergio Pallavicini, vice-presidente
da Comunidade Religiosa Islâmica Italiana. Pallavicini criticou os
muçulmanos que instrumentalizam a religião para impor uma ideologia
favorável à violência e que confunde os valores religiosos com o abuso
da religião.
* * *
ZENIT: O que o senhor acha deste jogo, com atletas de várias religiões, inclusive muçulmanos?
Pallavicini: Foi uma óptima organização do Vaticano. Soube envolver
campeões de várias religiões e de muitas regiões do mundo. É
intercultural e inter-religioso. Esperemos que ajude os mais jovens a
reconhecer esses valores universais.
ZENIT: Alguns extremistas fazem mais barulho do que os muitos muçulmanos que querem a paz, não é?
Pallavicini: Infelizmente, o barulho aturde, incomoda mais e cria uma
sensação de mais eco. Mas é necessário promover, graças a órgãos como a
ZENIT, aquela harmonia difundida, aquela voz da verdade, da paz e da
irmandade que ainda vive de maneira profunda nos corações de tantos
fiéis, sejam judeus, cristãos ou muçulmanos.
ZENIT: Diversos líderes muçulmanos disseram que esses
extremos não estão de acordo com a sharia nem com o alcorão. O senhor
pode nos falar sobre isso?
Pallavicini: Há uma minoria de indivíduos que se organizaram para
legitimar uma interpretação ideológica que permite o abuso da religião
para usar a violência. E esta é a situação que nós vemos no Oriente
Médio e em outras partes do mundo, uma situação que cria o risco da
confusão entre os verdadeiros religiosos e quem abusa da religião.
ZENIT: Como são os muçulmanos na Itália?
Pallavicini: Graças a Deus, há um cenário de mais maturidade. Há
gerações que estão crescendo no conhecimento da cultura e da sociedade
italiana e dos valores religiosos. Temos que construir, junto com as
novas gerações, autóctones ou emigrantes, uma actividade de verdadeira
cooperação e desenvolvimento, que aumente cada vez mais a coesão social.
(01 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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