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terça-feira, 2 de setembro de 2014

Imã Pallavicini: os extremistas manipulam a religião

Vice-director da Comunidade Religiosa Islâmica Italiana denuncia confusão entre quem é religioso e quem abusa da religião


Cidade do Vaticano, 01 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


A Partida Inter-Religiosa pela Paz, apoiada pelo papa Francisco, acontece hoje no Estádio Olímpico de Roma com jogadores de diversos países e religiões.

Pouco antes do encontro que o Santo Padre teve no Vaticano com os jogadores, organizadores e familiares, ZENIT entrevistou na Sala Paulo VI um líder muçulmano, o imã Yahya Sergio Pallavicini, vice-presidente da Comunidade Religiosa Islâmica Italiana. Pallavicini criticou os muçulmanos que instrumentalizam a religião para impor uma ideologia favorável à violência e que confunde os valores religiosos com o abuso da religião.

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ZENIT: O que o senhor acha deste jogo, com atletas de várias religiões, inclusive muçulmanos?
Pallavicini: Foi uma óptima organização do Vaticano. Soube envolver campeões de várias religiões e de muitas regiões do mundo. É intercultural e inter-religioso. Esperemos que ajude os mais jovens a reconhecer esses valores universais.

ZENIT: Alguns extremistas fazem mais barulho do que os muitos muçulmanos que querem a paz, não é?
Pallavicini: Infelizmente, o barulho aturde, incomoda mais e cria uma sensação de mais eco. Mas é necessário promover, graças a órgãos como a ZENIT, aquela harmonia difundida, aquela voz da verdade, da paz e da irmandade que ainda vive de maneira profunda nos corações de tantos fiéis, sejam judeus, cristãos ou muçulmanos.

ZENIT: Diversos líderes muçulmanos disseram que esses extremos não estão de acordo com a sharia nem com o alcorão. O senhor pode nos falar sobre isso?
Pallavicini: Há uma minoria de indivíduos que se organizaram para legitimar uma interpretação ideológica que permite o abuso da religião para usar a violência. E esta é a situação que nós vemos no Oriente Médio e em outras partes do mundo, uma situação que cria o risco da confusão entre os verdadeiros religiosos e quem abusa da religião.

ZENIT: Como são os muçulmanos na Itália?
Pallavicini: Graças a Deus, há um cenário de mais maturidade. Há gerações que estão crescendo no conhecimento da cultura e da sociedade italiana e dos valores religiosos. Temos que construir, junto com as novas gerações, autóctones ou emigrantes, uma actividade de verdadeira cooperação e desenvolvimento, que aumente cada vez mais a coesão social.

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