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sábado, 6 de setembro de 2014

Família Sotloff questiona fé dos milicianos do Estado Islâmico

Parentes do jornalista decapitado afirmam que ele não tinha o vício da guerra e só queria dar voz aos oprimidos


Roma, 05 de Setembro de 2014 (Zenit.org)


Um dia depois da decapitação do jornalista norte-americano Steven Sotloff por mãos de um miliciano do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), a família da vítima, residente em Miami, declarou por meio do porta-voz Barak Barfí que a grande preocupação do filho era a de "ajudar as pessoas" no mundo árabe, onde "era apreciado por todos". A família recordou que o jornalista comprava remédios para os necessitados e dava aconselhamento aos pequenos empresários locais.

Dizendo algumas frases em árabe, o porta-voz perguntou ao chefe das milícias do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Bagdadi: "Se o mês do Ramadão é o mês da piedade e do perdão, onde é que está a tua piedade?". E foi firme em afirmar que, ao agir desta forma, eles estão traindo o próprio Alcorão.

A família destacou que Sotloff não tinha o "vício da guerra", nem se considerava "um Lawrence da Arábia". Ele apenas "queria dar voz aos que não tinham voz".

Divulgou-se ainda que o jornalista também tinha nacionalidade israelita, informação que os sequestradores provavelmente desconheciam, já que nunca se referiram à sua ascendência judaica. Segundo a rede CNN, Israel escondeu esse dado para não prejudicar ainda mais o sequestrado.

Sotloff "era uma inspiração para todos nos Estados Unidos", disse o porta-voz da família, pedindo que seja respeitada a privacidade dos funerais, cuja data não foi anunciada.

O repórter sequestrado na fronteira entre a Síria e a Turquia tinha sido colaborador da revista Time e do Christian Science Monitor, entre outros veículos de media.

As imagens da decapitação do jornalista provocaram reacções de forte condenação e repúdio em todo o mundo. O secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, chamou o assassinato de "brutal" e pediu que "os responsáveis sejam levados à justiça".

A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) qualificou o facto como crime de guerra. O secretário geral Christophe Deloire declarou que o EI, "não contente com a sua indústria de reféns, leva o horror ainda mais longe ao realizar a decapitação em série de jornalistas".

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