Parentes do jornalista decapitado afirmam que ele não tinha o vício da guerra e só queria dar voz aos oprimidos
Roma, 05 de Setembro de 2014 (Zenit.org)
Um dia depois da decapitação do jornalista norte-americano
Steven Sotloff por mãos de um miliciano do grupo terrorista Estado
Islâmico (EI), a família da vítima, residente em Miami, declarou por
meio do porta-voz Barak Barfí que a grande preocupação do filho era a de
"ajudar as pessoas" no mundo árabe, onde "era apreciado por todos". A
família recordou que o jornalista comprava remédios para os necessitados
e dava aconselhamento aos pequenos empresários locais.
Dizendo algumas frases em árabe, o porta-voz perguntou ao chefe das
milícias do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Bagdadi: "Se o mês do Ramadão é
o mês da piedade e do perdão, onde é que está a tua piedade?". E foi
firme em afirmar que, ao agir desta forma, eles estão traindo o próprio Alcorão.
A família destacou que Sotloff não tinha o "vício da guerra", nem se
considerava "um Lawrence da Arábia". Ele apenas "queria dar voz aos que
não tinham voz".
Divulgou-se ainda que o jornalista também tinha nacionalidade
israelita, informação que os sequestradores provavelmente desconheciam,
já que nunca se referiram à sua ascendência judaica. Segundo a rede
CNN, Israel escondeu esse dado para não prejudicar ainda mais o
sequestrado.
Sotloff "era uma inspiração para todos nos Estados Unidos", disse o
porta-voz da família, pedindo que seja respeitada a privacidade dos
funerais, cuja data não foi anunciada.
O repórter sequestrado na fronteira entre a Síria e a Turquia tinha
sido colaborador da revista Time e do Christian Science Monitor, entre
outros veículos de media.
As imagens da decapitação do jornalista provocaram reacções de forte
condenação e repúdio em todo o mundo. O secretário geral das Nações
Unidas, Ban Ki-Moon, chamou o assassinato de "brutal" e pediu que "os
responsáveis sejam levados à justiça".
A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) qualificou o facto como
crime de guerra. O secretário geral Christophe Deloire declarou que o
EI, "não contente com a sua indústria de reféns, leva o horror ainda
mais longe ao realizar a decapitação em série de jornalistas".
(05 de Setembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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