Páginas

domingo, 3 de março de 2013

«Um Deus proibido», a película sobre os 51 claretianos mártires de Barbastro

Impactante trailer, estreia na Primavera

Actualizado 3 Março 2013

ReL

No passado dia 22 de Fevereiro apresentou-se em Madrid, no seio da mostra De Madrid até o céu, um fragmento da película Um Deus proibido, que relata os últimos dias dos 51 claretianos mártires de Barbastro, assassinados pela Frente Popular nos primeiros dias da Guerra Civil. A sua estreia está marcada para finais da primavera de 2013.

É a nova e mais ambiciosa criação da Contracorriente Producciones, está dirigida por Pablo Moreno e terminou de rodar-se em finais de 2012. Película coral com até quatrocentos figurantes, entre os 54 actores figuram Jesús Guzmán (Assalto às três, A morte tinha um preço, O bom, o feio e o mau), Elena Furiase (O internado, O livro das águas, Cruzando o limite), Juan Alberto López (Murta, Conta-me como aconteceu, Aqui não há quem viva), Jacobo Muñoz (Branca de neve Boulevard, Paulo de Tarso, a última viagem), além de actores com longa trajectória em dobragem como Juan Rueda e também que procedem do mundo do teatro como Álex Tormo (director da companhia Triaca), Guido Balzaretti (Os miseráveis) e Jerónimo Salas (Madeira de José).

A razão da Providência

Durante o acto, Pablo Moreno destacou que a obra tem uma clara vocação conciliadora: "Erguemos o choque de ideais que se confunde debaixo do terror da guerra” e nesse sentido procurou-se o equilíbrio na trama.

Juanjo Díaz Polo, guionista, apontou a dificuldade que envolve uma película destas características, porque os factos que relata “são algo do que não se falou muito” e “é complicado fazê-lo sem tirar conclusões políticas ou ideológicas”. Mas "o interessante não só é o que ocorreu mas sim porque ocorreu”, e nesse sentido insistiu na ideia de que a história “tem algo de universal: a luta de ideais”.

A rodagem de Um Deus proibido permitiu aos actores viver durante um mês e meio no seminário de Cidade Rodrigo (localidade onde se realizou a maior parte do filme), e nesse sentido Álex Larumbe, que encarna Juan Echarri (o jovem claretiano "mais rude, o que pensava vamos deixar-nos matar sem lutar? mas logo entra na razão e vê que o seu destino é entregar-se de coração à Providência"), agradeceu a colaboração de Juan Carlos Sánchez, reitor do seminário e assessor teológico da película, porque abriu-lhes as portas da sua casa, fê-los participar das suas refeições e criou um grupo de actores crentes e não crentes, pessoas jovens que lutam por algo, “casualmente do tema que fala a película”.

A história
Barbastro, de uns 8000 habitantes naquela época, tinha-se convertido num ponto estratégico da perspectiva militar, devido à existência de quartéis e de um comité revolucionário da CNT perfeitamente organizado. Naquele momento, a comunidade de missionários claretianos estava formada por 60 pessoas: 9 sacerdotes, 12 irmãos e 39 estudantes, entre eles dois argentinos que se livraram do martírio devido à sua procedência estrangeira e que seriam chaves para conhecer os factos que ali ocorreram.

A casa da comunidade claretiana foi assaltada em 20 de Julho de 1936 por milicianos revolucionários. Os três padres, superior, prefeito e ecónomo foram presos. O resto dos claretianos foram transferidos para o colégio dos Padres Esculápios, onde foram encerrados no salão de actos, cadeia de retenção para os claretianos antes do seu fuzilamento.

Pelas janelas, o povo tratava de vê-los, entre eles Trini, la Pallaresa (interpretada por Elena Furiase) que passava as horas tentando ver o seminarista Esteban Casadevall, de que se havia enamorado porque, segundo ela, se parecia com Rodolfo Valentino.

Os carcereiros procuravam a apostasia dos jovens aspirantes a sacerdotes, pelo que, por exemplo, deixaram liberdade em alguma ocasião para que mulheres e prostitutas entrassem no salão, sem nenhum tipo de resposta por parte dos seminaristas.

Com respeito à sua vida cristã, conservaram o hábito de comunhão diária enquanto puderam, introduzindo as formas no cesto do desjejum. No salão rezava-se de contínuo, em pequenos grupos e sussurrando, evitando sempre a atenção dos guardas, que o haviam proibido também.

A alguns claretianos ofereceram-lhes a liberdade como uma forma de pagar favores anteriores ou porque eram conhecidos dos carcereiros, mas antepuseram a libertação de toda a comunidade à sua individual, pelo que finalmente foram martirizados.

Os claretianos encarcerados durante semanas deixaram o seu testemunho escrito nos lugares mais insuspeitos do salão de actos: no banquinho do piano, nas mesas do salão, nas paredes...

Os padres superiores foram fuzilados em 2 de Agosto, os restantes nos dias 12, 13, 15 e 18 de Agosto de 1936. Junto aos Superiores, foi martirizado Ceferino Giménez o Pelé, cigano de missa e comunhão diária que apesar da insistência da sua filha Pepita não abandonou o seu rosário e dá testemunho da sua fé com a sua vida.

Além disso, o bispo Florentino Asensio, preso no seu próprio palácio desde 19 de Julho, transferido para o colégio dos Esculápios no dia 23, foi torturado e assassinado no dia 9 de Agosto.

Os Mártires de Barbastro foram beatificados pelo papa João Paulo II em 25 de Outubro de 1992.

O trailer



in

Sem comentários:

Enviar um comentário