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quarta-feira, 27 de março de 2013

O filme sobre a actriz de Hollywood que beijou Elvis e se fez monja poderia elevar-se com um Oscar

Dolores Hart, em «Deus é maior que Elvis»

Partilhou a cena com Anthony Quinn e Gary Cooper. Hoje é prioresa num convento beneditino de clausura nos EUA.

Actualizado 20 de Fevereiro de 2012

ReL


Só um despistado poderia perguntar-lhe "Que faz uma rapariga como tu num sitio como este?" a uma religiosa de 73 anos de idade vestida com o seu hábito da Abadia beneditina de Regina Laudis, nos Estados Unidos, que caminhará sobre a carpete vermelha em 27 de Fevereiro próximo durante a cerimónia da entrega dos Oscar 2011.

Também só um despistado poderia pensar que se trata de alguma estrela que não encontrou melhor estratégia de auto-marketing (à Lady Gaga ou à rapper Nicki Minaj) para atrair os "flashes" dos fotógrafos que vestir-se de monja e que, por suposto, lhe poderia perguntar quem foi o desenhador do seu vestido para a gala.

Despistado, porque qualquer jornalista que se preze como tal conhece a surpreendente história de Dolores Hart, que depois de partilhar cena com actores do gabarito de Anthony Queen, Gary Cooper, Anna Magnani e mesmo Elvis Presley, mudou o deslumbrante mundo de Hollywood pelo da humildade e o silêncio de um convento de clausura no Connecticut.


A Madre Dolores, como agora é conhecida, é o objecto este ano da nomeação para um Oscar pelo documentário "Deus é maior que Elvis" (God Is the Bigger Elvis) que será transmitido pela cadeia HBO em Abril próximo. A curta-metragem recolhe a história da sua vida como religiosa depois da sua brilhante carreira em Hollywood na qual actuou com o rei do rock and roll ("Loving You" em 1957 e "King Creole" em 1958), Anthony Quinn ("Wild Is the Wind", 1957) e George Hamilton ("Where the Boys Are", 1960). Sem dúvida, a sua favorita é "Lisa," de 1962, na qual protagonizou uma refugiada judia depois da Segunda Guerra Mundial.

Mas o nomeado documentário não só explora o período hollywoodesco de Hart mas também a sua vida no convento e o dia-a-dia das suas irmãs religiosas na abadia, que incluiu o seu trabalho na quinta. Como Madre Dolores, muitas das monjas tiveram ocupações profissionais antes de entrar para a clausura, incluindo as de leis e ciência.

"Deus é maior que Elvis" também apresenta a última reunião entre a prioresa beneditina e o seu ex-prometido, Don Robinson. Ele nunca se casou e continuou visitando e ajudando as religiosas do convento até à sua morte, ocorrida em 2011.

Em declarações à USA Today, a religiosa reconheceu que "adorava Hollywood" mas que não se foi dali "porque fosse um lugar de pecado" mas sim porque "uma coisa misteriosa chamada vocação. É um chamado que vem de outro lugar que chamamos Deus, porque não temos nenhuma outra forma de chamá-lo".

Hart disse que ela permitiu o ingresso de câmaras à abadia para ajudar aquelas almas que estão em busca. "Queríamos convidar o mundo a outra ordem de vida que poderia dar algo de esperança", disse ao diário estadunidense.

A directora do documentário, Rebecca Cammisa, confia que a Madre Dolores levará o Oscar. "Este é o seu regresso a Hollywood depois de 50 anos," disse Cammisa. "Este é o seu regresso a casa", acrescentou a cineasta.

"Gostaria de ver a academia no seu melhor momento," disse Dolores Hart a Los Angeles Times via telefónica desde a abadia. "Respeito muito a comunidade. Eles deram-me uma maneira de ser parte de Hollywood na clausura monástica. Será uma maravilhosa oportunidade que nunca poderei desfrutar outra vez na minha vida", acrescentou Hart".

A hoje religiosa foi uma das apresentadoras nos Prémios Oscar de 1959 e continua sendo membro votante da Academia das Artes e Ciências Cinematográficas, que entrega o galardão cada ano.




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