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sexta-feira, 29 de março de 2013

O papa Francisco, na cadeia

O Papa Francisco beija o pé de um preso
"Isto é o que eu faço. E o faço de coração, porque é meu dever como sacerdote e como bispo"

Bergoglio lavou os pés de 12 menores recluídos na prisão, entre eles duas raparigas

Redacção, 28 de Março de 2013 às 17:58


O papa Francisco pediu esta Quinta-feira Santa aos sacerdotes que sejam "pastores com odor a ovelha", que equivale a viver no meio das pessoas, "nas periferias onde há sofrimento, sangue derramado, cegueira que deseja ver e onde há cativos de tantos maus patrões".

Pela tarde visitou a cadeia de menores de Casal del Marmo, na periferia de Roma, onde lavou os pés a 12 jovens, entre eles duas raparigas, uma católica e outra muçulmana, o que não tinha sucedido nunca.

As imagens da cerimónia foram retransmitidas só em diferido, porque o papa Bergoglio a considerou como um momento privado.

UM PAPA DIFERENTE


Às cinco da tarde, no Instituto Penal para Menores de "Casal del Marmo", nos arredores de Roma, começou a Missa "in cena Domini" celebrada pelo Papa. No seu ministério como Arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Jorge Mario Bergoglio costumava celebrar esta Missa numa cadeia, num hospital ou num hospício para pobres ou pessoas marginalizadas. E na sua primeira Quinta-feira Santa como Pontífice, Francisco quis seguir também esta tradição visitando este reformatório romano.

Numa brevíssima homilia, o Papa Francisco explicou aos presentes o significado do lavar os pés, "carícia de Jesus", que significa "eu estou ao teu serviço". E pediu aos miúdos que esqueçam os agravos mútuos, porque "temos que ajudar-nos". E, quando se despedia deles, disse-lhes: "Não deixeis que lhes roubem a esperança". E repetiu-o duas vezes.

Na sua homilia, o Pontífice recordou que Jesus lavou os pés aos seus discípulos. E acrescentou que Pedro não compreendia, mas Jesus explicou o seu gesto. Deus fez isto e explica aos seus discípulos que devem seguir o seu exemplo. Se o Senhor, o Mestre lavou os pés aos seus discípulos - disse o Papa - também vocês deveriam fazer o mesmo. É o exemplo do Senhor.

"Entre nós o que é mais importante deve estar ao serviço dos demais. E este é um sinal: lavar os pés quer dizer: eu estou ao teu serviço. Devemos ajudar-nos - afirmou Francisco -. Ajudar-nos reciprocamente: isto é o que Jesus nos ensina. E isto é o que eu faço. E o faço de coração - disse o Papa - porque é meu dever como sacerdote e como bispo. É um dever – acrescentou - que me vem do coração. Gosto de fazê-lo - explicou - porque o Senhor assim me o ensinou.

"Às vezes - disse Francisco – zango-me com um ou com outro. Esqueça-o! E se te pedem um favor, fá-lo. Isto é o que Jesus nos ensina e o que eu faço". Mas também vocês - observou – ajudem-se sempre e assim, ajudando-nos nós fazemos o bem. Que cada um de nós pense: estou disposto a servir, estou disposto a ajudar o outro? Este sinal é uma carícia de Jesus que veio precisamente para isto, para servir, para ajudar-nos.

A esse respeito cabe destacar que também o Papa Bento XVI visitou este Instituto de Casal del Marmo em 18 de Março de 2007, onde celebrou a Missa na Capela do "Pai Misericordioso".

De modo que com esta celebração de Casal del Marmo, o Papa Francisco prosseguiu este costume, que se desenvolveu num contexto de grande simplicidade, enquanto as demais celebrações da Semana Santa, tal como os temos informado oportunamente, terão lugar segundo o uso habitual.


O papa Francisco oficiou na cadeia romana de menores de Casal del Marmo a Missa da Ceia do Senhor de Quinta-feira Santa com os jovens ali recluídos, durante a qual lavou os pés a doze adolescentes, entre eles duas raparigas, uma muçulmana, imitando o feito por Jesus com os apóstolos.

Várias centenas de romanos esperavam o pontífice à sua chegada ao reformatório, construído a noroeste da Cidade Eterna, onde foi acolhido com aplausos e vivas.

Esta é a primeira vez que um papa oficia a missa da Quinta-feira Santa num reformatório de menores e não na basílica de são João de Latrão, que é a catedral de Roma, que lhe corresponde como bispo da Cidade Eterna.

No reformatório, que já visitaram em 2008 João Paulo II e em 2007 Bento XVI, encontram-se detidos 46 jovens, deles 35 varões e onze mulheres.

O papa Bergoglio concelebrou a missa com o cardeal vigário de Roma, Agostino Vallini; o capelão do reformatório, Gaetano Greco; o Substituto da Secretaria de Estado ("número três" do Vaticano), Angelo Becciu, e o secretário do papa, Alfred Xuareb.

Também assistiram dois diáconos: o colombiano Pedro Acosta e o frade terciário capuchinho da Dolorosa Roi Jenkins Albuens.

Francisco, imitando o feito por Jesus com os doze apóstolos, lavou os pés a doze jovens, de diferentes religiões e nacionalidades, dois deles mulheres, uma italiana católica e uma sérvia de religião muçulmana, outro gesto do papa que chamou a atenção, visto que os doze apóstolos foram todos homens.

O papa foi recebido pela ministra italiana de Justiça em funções, Paola Severino; a chefe do Departamento de Justiça de Menores, Caterina Chinnici; o comandante da Policia Penitenciária do reformatório, Saulo Patrizi, e a directora do mesmo, Liana Giambartolomei.


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