Zangou-se com Deus, mas logo sanou a sua relação
Propõe um feminismo novo, que defenda os homens, mulheres e meninos. A Teologia do Corpo e a regulação natural da fertilidade são as ferramentas que mudaram a cultura.
Actualizado 21 de Março de 2013
Pablo J. Ginés / ReL
Becky Bowers-Greene é na actualidade uma importante activista pró-vida, católica convencida, promotora da regulação natural da fertilidade, da Teologia do Corpo de João Paulo II e de um feminismo que proteja a vida, a família e a complementaridade do homem e da mulher. O seu blogue www.reclaimingthewomb.com desenvolve todos esses temas.
Mas nem sempre foi assim. Baptizou-se em 2001 em Phoenix, EUA. Antes era feminista, pró-aborto, dava a anticoncepção por suposta e o matrimónio do mesmo sexo parecia-lhe perfeitamente correcto. A sua viagem espiritual e vivencial foi intensa.
Sem educação cristã
"Não me educaram em nenhuma religião, e ainda que nunca se me animou a ser anti-religiosa deu por facto que ao não praticar nenhuma fé devia ser hostil à religião em geral", explica Becky a ReL sobre a sua infância e juventude.
"Pensava que a religião era só uma muleta que os hipócritas usavam para desculpar as suas acções julgando e assinalando com o dedo os demais. Eu não era ateia, mas sim uma agnóstica orgulhosa. Sempre senti que devia haver um Deus, mas divertia-me a ideia de que a Deus lhe interessasse a nossa vida. Parecia-me ridículo que a gente rezasse antes de um jogo, quando em África se passava fome ou havia crianças morrendo de leucemia. Creio que já então tinha algum tipo de diálogo com esse deus", recorda Becky.
Sem nenhuma formação cristã, Becky pensava que Cristo nunca existiu, que tudo o que havia na Bíblia e em seu redor eram mitos.
Feminista, abortista... E um namorado católico
Aos 20 anos era feminista, "pro-choice" (defensora do aborto) e desde logo "não pensava dedicar nem um segundo a considerar que a anticoncepção tivesse nada de mal".
Mas passou-se algo que não é infrequente nos países com diversidade religiosa: arranjou um namorado crente, um rapaz católico que tomava muito a sério a fé. Tão a sério, que na primeira vez que saíram juntos, ele disse-lhe que ia entrar no seminário, a discernir uma possível vocação sacerdotal. Mas queria encontrar-se com ela, conhecê-la, enquanto não chegava o momento. Becky ficou muito intrigada, quis conhecê-lo melhor, entendê-lo, e para isso tinha que entender essa fé que tanto o emocionava.
Lendo "Mero Cristianismo"
Becky inscreveu-se no curso de iniciação cristã para adultos, comum nas paróquias dos EUA. Enquanto ele entrava no seminário, ela estudava a fé. Leu muito C.S. Lewis e especialmente o seu livro "Mero Cristianismo" abriu-lhe os olhos. Deu-se conta de que tinha 24 anos e não sabia quase nada de ética, de moral, e menos de Deus e a sua vontade.
Além disso, "comecei a conhecer mais e mais gente inteligente, amável, amorosa e realmente crente". Ela de menina só tinha conhecido maus cristãos, maus exemplos: as pessoas que conhecia agora a impactavam.
A Escritura, a tradição, a lei moral natural... Tudo parecia encaixar bem na Igreja Católica. E preparou-se para baptizar-se na Vigília Pascal de 2001. Mas não pode ser.
Uma tragédia e uma forte zanga
Na Sexta-feira Santa, dois dias antes do grande momento, o seu pai morreu de um ataque ao coração quando se preparava para ir ao baptismo da sua filha. "No dia que se supõe que eu devia entrar na Igreja, encontrava-me escolhendo o ataúde para o meu pai. Odiei a Deus. Odiei a Igreja. Ao meu pai, ao meu primeiro amor, havia-o levado a morte, e ao meu namorado havia-o levado Deus para o seminário. Estava zangada e disse que nunca perdoaria a Deus por isto".
Mas passaram os dias e entendi uma coisa: "a morte do meu pai tinha sido em vão, porque ele morreu vindo ver o meu baptismo, e eu o tinha deixado. Ainda zangada, decidi receber os sacramentos uns meses depois".
Então saiu o seu namorado do seminário, e retomaram a sua relação. Os dois tinham mudado, tinham que aprender a conhecer-se de novo. E voltaram-se para isso.
Regulação natural e visão católica
Na preparação para o matrimónio, frequentaram um curso de regulação natural da fertilidade. E isso ajudou-os a fortalecer a sua relação e a sua fé. Para Becky, além disso, foi um passo para aprofundar e redescobrir a visão católica da vida para ela mesma, não só por ele. Continuava zangada com Deus, durante 9 meses não foi comungar. Não se fiava de Deus e das suas intenções.
Mas o ensinamento da Igreja, da fé, da sua moral formosa e exigente, fascinava-a. E a sua defesa da vida, da mulher e dos mais débeis. As suas feridas foram-se curando, e reconciliou-se com o Senhor.
"Hoje sei o que é o verdadeiro feminismo: assumir a feminidade e o desígnio com que Deus me criou. É estar casada com alguém que o honra e respeita, educar crianças para que entendam a dignidade da pessoa".
Becky e o seu marido hoje têm três meninos, outro a caminho, e um bebé no Céu. "Falamos a namorados e casais sobre a Teologia do Corpo, o ensinamento da Igreja sobre a vida, a família, a vida e a fertilidade; escrevo e dou palestras no movimento pró-vida. E é para mim uma honra apresentar esta verdade a tanta gente que nunca a escutou".
Propõe um feminismo novo, que defenda os homens, mulheres e meninos. A Teologia do Corpo e a regulação natural da fertilidade são as ferramentas que mudaram a cultura.
Actualizado 21 de Março de 2013
Pablo J. Ginés / ReL
Becky Bowers-Greene é na actualidade uma importante activista pró-vida, católica convencida, promotora da regulação natural da fertilidade, da Teologia do Corpo de João Paulo II e de um feminismo que proteja a vida, a família e a complementaridade do homem e da mulher. O seu blogue www.reclaimingthewomb.com desenvolve todos esses temas.
Mas nem sempre foi assim. Baptizou-se em 2001 em Phoenix, EUA. Antes era feminista, pró-aborto, dava a anticoncepção por suposta e o matrimónio do mesmo sexo parecia-lhe perfeitamente correcto. A sua viagem espiritual e vivencial foi intensa.
Sem educação cristã
"Não me educaram em nenhuma religião, e ainda que nunca se me animou a ser anti-religiosa deu por facto que ao não praticar nenhuma fé devia ser hostil à religião em geral", explica Becky a ReL sobre a sua infância e juventude.
"Pensava que a religião era só uma muleta que os hipócritas usavam para desculpar as suas acções julgando e assinalando com o dedo os demais. Eu não era ateia, mas sim uma agnóstica orgulhosa. Sempre senti que devia haver um Deus, mas divertia-me a ideia de que a Deus lhe interessasse a nossa vida. Parecia-me ridículo que a gente rezasse antes de um jogo, quando em África se passava fome ou havia crianças morrendo de leucemia. Creio que já então tinha algum tipo de diálogo com esse deus", recorda Becky.
Sem nenhuma formação cristã, Becky pensava que Cristo nunca existiu, que tudo o que havia na Bíblia e em seu redor eram mitos.
Feminista, abortista... E um namorado católico
Aos 20 anos era feminista, "pro-choice" (defensora do aborto) e desde logo "não pensava dedicar nem um segundo a considerar que a anticoncepção tivesse nada de mal".
Mas passou-se algo que não é infrequente nos países com diversidade religiosa: arranjou um namorado crente, um rapaz católico que tomava muito a sério a fé. Tão a sério, que na primeira vez que saíram juntos, ele disse-lhe que ia entrar no seminário, a discernir uma possível vocação sacerdotal. Mas queria encontrar-se com ela, conhecê-la, enquanto não chegava o momento. Becky ficou muito intrigada, quis conhecê-lo melhor, entendê-lo, e para isso tinha que entender essa fé que tanto o emocionava.
Lendo "Mero Cristianismo"
Becky inscreveu-se no curso de iniciação cristã para adultos, comum nas paróquias dos EUA. Enquanto ele entrava no seminário, ela estudava a fé. Leu muito C.S. Lewis e especialmente o seu livro "Mero Cristianismo" abriu-lhe os olhos. Deu-se conta de que tinha 24 anos e não sabia quase nada de ética, de moral, e menos de Deus e a sua vontade.
Além disso, "comecei a conhecer mais e mais gente inteligente, amável, amorosa e realmente crente". Ela de menina só tinha conhecido maus cristãos, maus exemplos: as pessoas que conhecia agora a impactavam.
A Escritura, a tradição, a lei moral natural... Tudo parecia encaixar bem na Igreja Católica. E preparou-se para baptizar-se na Vigília Pascal de 2001. Mas não pode ser.
Uma tragédia e uma forte zanga
Na Sexta-feira Santa, dois dias antes do grande momento, o seu pai morreu de um ataque ao coração quando se preparava para ir ao baptismo da sua filha. "No dia que se supõe que eu devia entrar na Igreja, encontrava-me escolhendo o ataúde para o meu pai. Odiei a Deus. Odiei a Igreja. Ao meu pai, ao meu primeiro amor, havia-o levado a morte, e ao meu namorado havia-o levado Deus para o seminário. Estava zangada e disse que nunca perdoaria a Deus por isto".
Mas passaram os dias e entendi uma coisa: "a morte do meu pai tinha sido em vão, porque ele morreu vindo ver o meu baptismo, e eu o tinha deixado. Ainda zangada, decidi receber os sacramentos uns meses depois".
Então saiu o seu namorado do seminário, e retomaram a sua relação. Os dois tinham mudado, tinham que aprender a conhecer-se de novo. E voltaram-se para isso.
Regulação natural e visão católica
Na preparação para o matrimónio, frequentaram um curso de regulação natural da fertilidade. E isso ajudou-os a fortalecer a sua relação e a sua fé. Para Becky, além disso, foi um passo para aprofundar e redescobrir a visão católica da vida para ela mesma, não só por ele. Continuava zangada com Deus, durante 9 meses não foi comungar. Não se fiava de Deus e das suas intenções.
Mas o ensinamento da Igreja, da fé, da sua moral formosa e exigente, fascinava-a. E a sua defesa da vida, da mulher e dos mais débeis. As suas feridas foram-se curando, e reconciliou-se com o Senhor.
"Hoje sei o que é o verdadeiro feminismo: assumir a feminidade e o desígnio com que Deus me criou. É estar casada com alguém que o honra e respeita, educar crianças para que entendam a dignidade da pessoa".
Becky e o seu marido hoje têm três meninos, outro a caminho, e um bebé no Céu. "Falamos a namorados e casais sobre a Teologia do Corpo, o ensinamento da Igreja sobre a vida, a família, a vida e a fertilidade; escrevo e dou palestras no movimento pró-vida. E é para mim uma honra apresentar esta verdade a tanta gente que nunca a escutou".
in
Sem comentários:
Enviar um comentário