Congregações decidem data do Conclave
Roma,
A Igreja está em período de sé vacante, mas não está sem
governo: o colégio cardinalício assumirá a administração da Santa Sé e
do Vaticano. Nesta segunda, 4 de Março, acontece a primeira congregação
na Sala do Sínodo.
Ontem à noite, em Castel Gandolfo, fazia bastante frio. Às oito da
noite, os dois guardas suíços posicionados à porta da residência papal
ficaram frente a frente e, após o cumprimento e os movimentos rituais,
se retiraram. Dentro do portão, três membros da Gendarmaria Vaticana
assumiram a vigilância. Às oito horas e três minutos, as portas se
fecharam.
Do lado de fora, permaneceu a multidão de fotógrafos e operadores de
câmaras de vídeo que quiseram imortalizar com o fechamento das portas o
início da sé vacante, ainda que, oficialmente, ela já tivesse começado
três minutos antes.
Os aposentos do papa no Vaticano foram selados. O camerlengo, cardeal
Tarcisio Bertone, foi o responsável por destruir tanto o anel do
Pescador quanto o selo papal, símbolos do poder pontifício de Bento XVI,
agora papa emérito.
Quem governa a Igreja
A Igreja, neste período, está sendo governada pelo colégio de
cardeais no tocante aos assuntos ordinários, mas não nos que cabem
directamente ao sumo pontífice. Esta disposição é indicada com precisão
pela lei da Igreja na constituição apostólica Universi Dominici Gregis, que só pode ser modificada pelo papa.
O colégio cardinalício não pode dispor dos direitos da Sé Apostólica e
da Igreja, nem modificar as leis emanadas pelos papas. Caso surja uma
emergência "que não possa ser adiada", o colégio de cardeais submete a
questão a votação, decidindo por maioria.
Os cardeais governarão mediante dois tipos de comissões
Nas comissões gerais, devem participar todos os
cardeais eleitores não impedidos, bem como os não eleitores que
desejarem. São presididas pelo decano dos cardeais.
As comissões particulares, por sua vez, são constituídas
pelo cardeal camerlengo e por três cardeais sorteados, chamados
assistentes. A comissão particular dura três dias, depois dos quais é
dissolvida. O cardeal Tarcisio Bertone é o camerlengo e dirigirá estas
comissões.
Quais cargos expiram e quais não
Com a morte ou renúncia do papa, o secretário de Estado e os chefes
dos dicastérios deixam seus cargos. Permanecem nos cargos, no entanto, o
camerlengo, Tarcisio Bertone; o penitenciário maior, o cardeal vigário
da diocese de Roma, Agostino Vallini; o cardeal vigário da Cidade do
Vaticano, Angelo Comastriy, e o decano do colégio cardinalício, Angelo
Sodano.
Eles deverão, junto com o auditor da Câmara Apostólica, Giuseppe
Sciacca, guiar a transição e realizar o processo de eleição do sucessor.
O camerlengo
O camerlengo preside a sé vacante. Actualmente, é o cardeal Bertone,
que, por outro lado, deixa de ser secretário de Estado. O camerlengo,
que é o responsável por verificar a morte do pontífice quando é o caso,
recolhe o anel do Pescador usado por ele e preside as comissões
particulares.
O decano do colégio de cardeais
O presidente do colégio cardinalício é o cardeal Angelo Sodano,
ex-secretário de Estado de João Paulo II. É ele quem deve convocar o
conclave para eleger o futuro papa. Devido aos seus 85 anos de idade,
não poderá participar do próximo conclave. Suas funções no conclave,
portanto, serão assumidas pelo cardeal Giovanni Battista Re.
in
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