Max Stahl
O jornalista britânico-timorense Max Stahl, que filmou o massacre de Santa Cruz, em Díli, em Novembro de 1991 – e cujas imagens fizeram que a ocupação indonésia de Timor-Leste saltasse para a ribalta dos noticiários internacionais – morreu na quarta-feira, 27, num hospital da cidade australiana de Brisbane, informaram as agências internacionais.
Christopher Wenner, o seu nome de origem, adoptou depois o nome profissional de Max Stahl. A sua ligação a Timor-Leste começou no final de Agosto de 1991, quando entrou no território como turista, com a ideia de fazer um documentário para um canal inglês de televisão.
Para concretizar o objectivo, entrevistou clandestinamente vários membros e líderes da resistência timorense à ocupação. Permanecendo em Timor, Stahl acabaria por estar no cemitério de Díli a acompanhar uma romagem em memória do jovem Sebastião Gomes, da Rede Nacional de Estudantes de Timor-Leste, que tinha sido morto pelos militares indonésios.
A dada altura, muitos dos jovens que acompanhavam o funeral manifestaram-se contra os militares que os vigiavam e estes começam a disparar indiscriminadamente, matando pelo menos 271 pessoas no local e provocando a morte a mais 127 nos dias seguintes – os corpos de muitos destes nunca foram entregues aos seus familiares.
Max Stahl filmou os acontecimentos, escondendo-se atrás de algumas das campas do cemitério. O jornalista ocultou as cassetes com o filme na própria necrópole, voltando mais tarde para as recuperar. Quando as imagens chegaram ao estrangeiro é que a dimensão do que se passara se tornou verdadeiramente conhecida, contribuindo decisivamente para a internacionalização da causa de Timor.
Stahl seria depois condecorado com a Ordem da Liberdade, a mais importante distinção de Timor-Leste, sendo-lhe ao mesmo tempo atribuída a nacionalidade timorense.
Max Stahl, 67 anos, tido ido para a Austrália há já algum tempo, para poder fazer tratamentos médicos.
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