Pela minha mente surgiu o dia de Natal onde tive oportunidade de assistir à Missa. Por uns momentos pareceu-me estar em Roma na Basílica de S. Pedro com o Papa João Paulo II a celebrar. Que alegria enorme. Referia o Santo Padre que Jesus nos ensina a redescobrir o verdadeiro significado da nossa existência. “Ó Noite Santa, tão esperada, que uniste para sempre Deus e o homem! Tu nos renovas a esperança. Tu nos enches de assombro extasiante. Tu nos garantes o triunfo do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte”. Regressei ao momento presente. Que bela que é a Basílica de Nossa Senhora e de Santo António, em Mafra. Olhei para o belíssimo Presépio exposto. Tudo era harmonioso ao meu redor! O sacerdote referia que o divino e o humano se juntaram…, que Deus tinha nascido numa humilde gruta e entre um humilde casal da Galileia. Deus quer nascer em nós e entre nós. Fez-se pequeno, abandonou a sua Glória para trazer luz…A luz de Cristo… Que o seu Amor nos ensine a tecer relações, a fomentar a esperança. O Menino nasceu para nós, filhos muito amados do Pai. A Luz que nos guia. Um caminho de amor, de fraternidade e de paz. Saí reconfortada do Convento de Mafra não sem antes ter reverenciado o Menino Jesus e lhe ter agradecido tudo o que de bom e menos bom tinha acontecido na minha vida ao longo do ano que agora findava. Agora com mais força e esperança para enfrentar o novo ano e as suas novas lutas.
Apesar de todos os contratempos surgidos, inerentes à época que vivenciamos, a Consoada tinha sido passada com muita alegria e boa disposição, em família, pese embora nem todos poderem participar, conforme gostaríamos, mas estiveram presentes no nosso coração. Foi um dos Natais mais felizes e, em simultâneo, mais sofridos. E nesta ambivalência deixei as dores e as saudades dos ausentes, no regaço de Maria, já que não me era possível controlar tudo; e usufrui, reconhecida, a alegria do momento presente, a celebração do nascimento de Jesus. Sabia que muitas pessoas idosas se encontrariam sós, outros em confinamento, outros ainda de luto e tantos outros que não tiveram a possibilidade de se juntar aos seus entes queridos.
Entretanto, uma amiga de longa data veio da Alemanha onde reside e trabalha, para passar o Natal com a família. A filha estuda em Londres. É tradição, juntarem-se todos no Natal. A mãe já tem alguma idade e as saudades são muitas. Confidenciou-me que tudo iria correr bem já que tinha todas as vacinas e o teste. Ontem foi para o aeroporto com a filha no sentido de regressarem. Debateu-se com inúmeras dificuldades inesperadas. Entre elas o cancelamento do voo com todos os transtornos que este facto provoca. Graças a Deus a filha tinha conseguido partir e já se encontrava em casa. Também falei com familiares que se encontram em teletrabalho com os filhos em casa em ensino online, com os consequentes transtornos. E assim teremos de procurar novos mecanismos que nos ajudem a ultrapassar o momento presente, com muita esperança, de que este novo ano seja um ano de superação e de recuperação para todos, e em particular para as famílias.
O Papa Francisco recordou que o “Ano Novo começa com Deus nos braços da Mãe deitado numa manjedoura, e que nos encoraja com ternura. Quem não precisa de encorajamento, sobretudo nestes tempos incertos e difíceis por causa da pandemia! De facto muitos temem o futuro e são oprimidos por situações sociais adversas, problemas pessoais, perigos da crise ecológica, injustiças e desequilíbrios económicos e globais”. Contemplando Maria recordemos esperançados que o mundo muda e a vida de todos só poderá melhorar. Santa Maria, Rainha da Paz, concede-nos no início deste novo ano, a paz, não só nos nossos corações mas no mundo inteiro.
Maria Helena Paes |
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