Estamos em tempo de advento, vinda do Menino Deus
e caminhada para ir ao seu encontro, em caminho sinodal, (caminho com, sin+odós). Os dias 3, 5 e 10 de dezembro pedem
ajudas, dons e direitos para todos os irmãos. Deficientes, voluntários e sujeitos
humanos com direitos precisam de caminhar em ajuda fraterna, dom e justiça. Às
pessoas com deficiências (dia 3), aos voluntários (dia 5) e aos humanos com
direitos (dia 10) o Menino celebrado a todos dignifica e abençoa na sua vida e
missão.
As categorias de deficiência são inumeráveis e as
categorias de voluntariado mais do que as dos deficientes e suas limitações. Desde
há dezenas de anos foi escolhido o dia 3 de dezembro para a promoção da
dignidade das pessoas com deficiência mental; e da ajuda em todas as suas
limitações. Os voluntários têm o seu dia internacional a 5 de dezembro. Esta
vizinhança não deixa de ser coincidência abençoada. Dois dias como duas faces
da mesma medalha, a realidade do ser e do fazer, do dar e do receber, do ser
irmãos em ação. As limitações e necessidades de uns encaixam nos bens e dons
que sobram aos outros; uns realizam-se no reconhecimento de irmãos; e os outros
no sentimento de aceitar o dever fraterno como marca de autorrealização. No
campo cristão e monoteísta todos se confirmam filhos de Deus, todos, irmãos,
com os mesmos direitos, em testemunho voluntário e missionário a evangelizar e
anunciar o reino de Deus no respeito pela dignidade humana.
A ONU lembra que há no mundo cerca de um bilião de pessoas com algum grau de deficiência:
de pobreza, incapacidades intelectuais, cerebrais, afetivas,
sensoriais, visuais, auditivas; incapacidades motoras de locomoção. Sem
esquecer a fome, iliteracia, falta de cuidados de saúde, casa e direitos de
emigrar. Surpreende
que a ONU apresente também cerca de um bilião de pessoas a fazer voluntariado, as
quais todos os dias tornam mais humana a vida das comunidades. Dão ajuda
fraterna aos deficientes que mais precisam, mais pobres e limitados, nas penúrias
de vida e de falta de autonomia funcional; e espera-se que promovam o respeito
pelos seus direitos de emigrar e procurar refúgio e proteção. É bela a simetria
de um voluntário para cada carenciado grave; simetria entre as pessoas com deficiências
e pessoas em voluntariado a oferecer os seus dons e capacidades, é promessa de
esperança para todos em tempo de covid-19. Limitar o consumo pessoal a favor dos
carenciados constitui uma bênção: o que sobra a uns, remedeia o que falta a
outros. Admirável permuta entre sobras e faltas nos irmãos já é encontro com
Jesus Cristo, o Primeiro Voluntário. De rico se fez pobre em todos os
carenciados seus irmãos a quem dá o dom da sua vida. Por isso, o Papa Francisco
lembra que nem o dom dos sacramentos pode ser negado aos mais incapacitados
(Mensagem, para o dia 3 dez).
João Batista encontrou Jesus nos
caminhos do deserto, sinodalmente; e
hoje, muitos clamam como ele: «quem tiver duas túnicas dê uma a quem não
tem nenhuma, e quem tiver comida reparta com quem não tem». Os pagadores e
cobradores de impostos… não se corrompam desviando para off-shores os bens devidos aos pobres, contra «o que a lei manda». E
os soldados de hoje não roubem dinheiro e valores dos seus irmãos, nem pela
força nem por meio de acusações falsas e corrupção, desrespeitando os seus direitos.
Nem escravizem com drogas e jogos; com injustiças, violências e dores. E assim este
Natal fará que «as esperanças do povo comecem a aumentar», como nas espectativas
da primeira vinda de Jesus Salvador, o Messias, nas palavras do Baptista. […]. «Ele
vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu depósito, mas queimará a
palha no fogo que nunca se apaga». A boa notícia era apelo para mudança de vida
(Cf. Lc 3,10-20). Ser ajudados por irmãos voluntários, nas penas e penúrias, é
a maior mudança sinodal que o mundo de pandemia anseia, como promessa de
esperança de cura, justiça e de vida eterna.
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