Ainda sabemos o que é um colo? E a palavra regaço, diz-nos alguma coisa? Pois bem, vamos tentar explicar. Como tudo no Homem, o colo é um misto de material e espiritual. Esta realidade está bem patente na pessoa da Virgem Maria, e particularmente na festa da sua Imaculada Conceição (concepção), pois foi ela a primeira e a última pessoa a tê-lo no seu colo: foi a primeira, logo que Jesus nasceu; foi a última (recordem-se as Pietás de tantos artistas) ao receber o corpo morto de Jesus em seus braços.
Sempre que falamos de colo, vem-nos à imaginação a “concha” formada pelas coxas, ventre, peito, braços, antebraços e mãos de uma pessoa que segura alguém, desde um bebé – o mais comum – até ... Esta “concha” é apenas a parte material do colo, mas o acolhimento a quem se recebe no colo começa anteriormente, no estender dos braços para receber e, ainda antes, na ternura de um coração que se abre a aceitar o “peso”, a responsabilidade temporal (minutos, uma vida), de alguém que lhe é confiado. Deus Pai não podia confiar o seu Filho a um colo qualquer. Poe isso, preparou esse colo com muito cuidado.
Antes de mais, teria de ser um colo feminino, um colo de mãe, um colo capaz de amar totalmente, um colo virgem de uma alma virgem de pecado. Deus podia, quis e fez: criou a Virgem Maria sem pecado original, desde o primeiro instante da sua concepção, por meio de um acto de amor de sant’Ana e S. Joaquim. Deus está sempre presente no amor.
Que pena, se os actos que deviam ser de amor geradores de vida, são actos de egoísmo geradores de morte!
O amor é divino e aceita a vontade de Deus. Não a rejeita. Não lhe diz “não”. Maria, uma jovem de Nazaré, foi surpreendida pela visita do Arcanjo S. Gabriel. Jamais sonhara vir a ter um papel tão importante na história da humanidade e da sua salvação. Ficou perturbada, mas aceitou a vontade de Deus como uma escrava. Foi isso que respondeu ao Anjo: “Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a Sua vontade”.
É assim que respondo ao Amor? Tenho confiança na vontade de Deus, no amor que Deus tem por mim? Digo “sim”, quero, faço o que me pede, ou prefiro responder “não”, não quero, não faço? Preparo um colo acolhedor à Vida, às vidas que Deus quer acolher através de mim, confiante na minha real, embora pequena, capacidade de amar? Ou fecho a minha alma ao amor e abro o meu colo à morte com o diu, a pílula, o aborto?
Sim, o colo confortável que preparamos para os nossos filhos, para as vidas que fazem parte da nossa vida, que passam pela nossa vida, às vezes por breves instantes, prepara-se com muita antecedência, fazendo crescer em nós o amor a Deus e aos homens. Somos conscientes da grande honra que é receber a responsabilidade de dar e cuidar de uma vida? Preparo-me para constituir família, pensando no pai, na mãe, que escolho para os meus filhos? Sei que eu, e tu, fomos escolhidos por Deus para sermos o colo de vidas onde Ele quer estar presente?
Se os nossos pais nos baptizaram cedo, ficamos limpos do pecado original. O nosso colo ficou mais preparado para receber Deus. Não é nosso mérito, mas é realidade. Depois, temos toda uma vida para crescer em amor, preparando cada dia um momento para receber Deus no nosso colo. Deus quer receber-nos no seu colo para sempre. Como o vou receber neste Natal?
Isabel Vasco Costa
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