O bispo de Fulda (Alemanha), Michael Gerber, afirmou que apesar do choque que atingiu a cidade de Hanau e o país, com o ataque de cariz racista e xenófobo que provocou onze mortos, as igrejas cristãs querem continuar próximas de todas as pessoas, seja qual for a sua origem, criando espaços de diálogo e amizade. “Na nossa diocese, temos uma percentagem muito alta de migrantes. Para nós, como Igreja Católica, é importante criar espaços para encontros”, afirmou o bispo da diocese onde se situa Hanau, citado pelo Vatican News.
“Temos a possibilidade de viver algo exemplar, que se espera possa irradiar para a sociedade e motivar outras pessoas. Penso, por exemplo, no trabalho desenvolvido nos nossos jardins de infância, que recebem uma alta percentagem de crianças muçulmanas. Não devemos subestimar as experiências vividas pelos jovens. É muito positivo quando se faz amizade com jovens, pois isso influenciará posteriormente a maneira de entender as relações com pessoas de outras origens”, afirmou, de acordo com a mesma fonte.
Uma missa seguida de adoração eucarística foi celebrada na quinta-feira em memória das vítimas, turcas na sua maioria, na igreja de Santa Isabel, em Hanau. A cidade, com perto de 100 mil habitantes, fica a menos de 30 quilómetros a leste de Frankfurt.
O bispo afirmou manifestou a sua preocupação com o aumento dos ataques extremistas de direita no país e profundamente chocado com este caso em concreto. As autoridades consideram que o autor do crime, com 43 anos, terá tido motivação racista e religiosa, começando a disparar em dois bares num bairro predominantemente habitado por turcos e matando pelo menos onze pessoas, incluindo o atirador e a sua mãe.
Segundo as informações divulgadas até agora pela polícia, Tobias Rathien, o nome do agressor, terá agido sozinho e não tinha antecedentes penais. Depois de matar as pessoas nos bares (turcos, mas também curdos e um bósnio), incluindo uma mulher, na noite de quarta-feira, o suspeito foi encontrado morto em casa. Provavelmente, matou a mãe, de 72 anos, após o que se terá suicidado ele mesmo.
A chanceler alemã, Angela Merkel, reagiu também com horror, reiterando que o racismo e o ódio são um “veneno” culpado “por muitos crimes já cometidos”. O governo federal, o Estado alemão e as suas instituições defendem os “direitos e a dignidade de todas as pessoas no país” e não fazem “distinção de cidadãos com base na origem ou na religião”.
Papa e Conselho Ecuménico lamentam acto de violência e extremismo
Num telegrama enviado ao bispo Gerber, o Papa exprimiu também o seu pesar pelo “terrível acto de violência” que “provocou a morte de pessoas inocentes”.
A mensagem, assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, foi citada igualmente pelo Vatican News.
Também o secretário-geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Olav Fykse Tveit, reagiu às notícias do ataque, afirmando que “o extremismo e o ódio não têm lugar no nosso mundo”. “Devemos continuar a actuar juntos para acabar com as atitudes extremistas e racistas que conduzem a uma violência tão brutal”, afirmou, citado pelo serviço informativo do CMI.
Segundo a mesma fonte, Olav Fykse Tveit acrescentou que o Conselho Ecuménico apoia as igrejas da Alemanha e de todo o mundo “nos seus esforços por travar a onda de xenofobia que destrói o tecido da nossa família humana, que é uma só”.
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