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sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Temos de Aceitar um Natal Diferente

Na realidade pese embora todos os constrangimentos que vivenciamos a época do Advento começou. No íntimo, com muita esperança, acreditava que tudo se iria resolver, que este Natal seria quase igual aos outros já vivenciados, cada um com a sua peculiaridade. Mas hoje o meu filho veio trazer bem cedo a minha neta. Ia trabalhar, a sua mulher também e a menina não tinha aulas. Enquanto aguardava a sua chegada liguei a televisão. As notícias não eram de todo animadoras. Várias empresas em dificuldades, em particular a TAP. Há alguns dias tinha ido levar o meu outro filho ao aeroporto. Pensava interiormente como seria difícil estacionar. Antes fosse assim! Um vazio imenso. Vim preocupada. Era um mau prelúdio. A semana passada tive um almoço antecipado de Natal com os meus sobrinhos, onde ultimamente, temos passado a consoada e até mesmo o dia de Natal. Falámos seriamente sobre a situação atual. Era outro concelho, estávamos em situação de emergência, o melhor mesmo seria cada um ficar na sua casa. Também havia muita preocupação a nível do seu futuro profissional em risco. Pois é, o melhor mesmo é usufruirmos de um Natal online. Assim podemos programar-nos o melhor possível, com alguma antecedência. Resta-nos a esperança de que para o próximo ano nos possamos voltar a reencontrar todos. Decidimos que este seria o nosso almoço de Natal antecipado. Depois da aceitação houve alegria. Comprámos uma lembrança útil para as crianças. Hoje veio-me ao pensamento a minha grande amiga recentemente falecida num lar vítima desta terrível pandemia. Também passava há muitos anos, desde que enviuvou, o Natal connosco. Mas agora está bem, no céu, e de lá velará por todos nós.

Apesar de todos os constrangimentos, sempre surgem momentos de alegria. A minha neta fez a Primeira Comunhão e recebeu das mãos do sacerdote, benzida, a sua Bíblia Sagrada. Como estava feliz. E também está feliz por saber que o Natal será celebrado em minha casa, se Deus quiser, e ela terá um papel bem interventivo na preparação e na decoração. Também com a sua alegria contagiante. Entretanto, recebo um telefonema de uma irmã que o ano passado, ela e o marido, nesta data, se encontravam muito doentes lutando com uma doença cancerígena. Graças a Deus superaram a doença e já se encontram a preparar a consoada referindo: “O ano passado não consegui fazer nada, este ano quero voltar a preparar como outrora com o apoio de quem puder vir”.

Na verdade a par das contrariedades sempre vão surgindo graças. “Deus é Pai”, como refere um amigo médico que, apesar da sua luta diária no hospital e do seu cansaço físico, nunca se queixa. É muito positivo, tem sempre uma palavra amiga de encorajamento. E assim cada um vai ultrapassando as suas vicissitudes diárias apoiando-se em Deus, em particular nesta data em que se renova a esperança com o nascimento de Jesus. “Vem Senhor Jesus”. É preciso não desfalecer. A fé é fogo que queima, não é um calmante para quem está agitado, mas uma história de amor para quem está enamorado. Ainda que se esteja cansado e provado, caminha-se rumo a Jesus, nossa luz e salvação. Olho para o meu lado direito enquanto escrevo. Sobre uma almofada de seda, pintada com cores suaves e douradas, repousa o Menino Jesus. À sua volta inúmeras flores no mesmo tom adornam a taça onde se encontra depositada a almofada. Tudo é pouco para o adorar. Sim porque adorar só se adora a Deus, com um amor infinito. Obrigada, Virgem Maria, nossa Mãe do Céu, porque aceitaste trazer no Teu ventre o Amor. “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua Palavra”. O Teu Imaculado Coração será o nosso consolo que nos protege e intercede junto de Jesus nas horas de angústia e de sofrimento, nestes momentos em que o futuro se torna incerto. As mães gostam de ver os filhos alegres, mesmo que façam algum grau de esforço para sorrir e tornar agradável a convivência dos que estão mais perto de nós. Também te pedimos, querida Mãe, pelos ausentes por qualquer motivo, de doença, de solidão, de trabalho, e também pelos que já partiram e pelas suas famílias. No teu regaço, no do Presépio, junto de Jesus, os depositamos com a ternura de um filho amado, que sabe que a sua Mãe fará os impossíveis para aliviar todos os desgostos e preocupações dos seus filhos.

Santa Maria, Rainha da Esperança, intercedei por todos nós, neste Natal que se avizinha bem diferente, mas pródigo em amor, caridade e esperança. Alivia os que mais sofrem por diferentes motivos.

Maria Helena Paes


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