Frequentemente
dou comigo a reflectir no que disse o Papa Francisco na homília do domingo de
Cristo Rei: não devo pensar e fazer o que me apetece mas sim o que me faz bem.
Não tenho qualquer dúvida que o que me faz bem é fazer o bem, a vontade de
Deus. Maria na sua vida sempre o fez, não fosse Ela concebida sem pecado, a
mais santa de todas as criaturas. Certo dia, na sua adolescência, quando seu
pai Joaquim descansava, resolveu ir buscar água à fonte pois como sabemos
naquela época não havia água canalisada. Era uma tarefa habitualmente feita
pelo homem da casa, mas, principalmente naquele tempo de estio, era bem
custosa. E lá foi, para poupar o pai, com o seu cântaro à cabeça, cantando como
sempre fazia, pois era uma rapariguinha muito alegre. A fonte não era muito
distante e ficava à saída de Nazaré. Saltitando e cantando lá ia aquela bonita
rapariga e até era acompanhada pelo chilrear de alguns passarinhos. Entretanto
espreitava-a uma cobra venenosa e ela quando a viu na berma do caminho, com o
susto tropeçou e caiu sobre as pedras. O cântaro partiu-se e ela tão magoada
ficou que não conseguia levantar-se para fugir do reptil horrendo que se
aproximava perigosamente. Assustada pediu ajuda ao seu Deus – Javé, e fechou os
olhos, pois temeu que iria morrer. Abriu-os ao ouvir um baque e viu a cabeça da
cobra mesmo a seu lado e o corpo serpenteando ainda que estivesse morto. De pé,
um belo rapaz, um pouco mais velho que ela, tinha morto a cobra e pediu para
ajudá-la a levantar-se. Não conhecia praticamente ninguém em Nazaré, porque
tinha vindo de Belém há poucos dias e como era carpinteiro andava à procura de
madeira nas cercanias da aldeia. Ouvira um cântico harmonioso e resolvera
aproximar-se para ver a quem pertencia tão linda voz. Maria agradeceu-lhe e ele
disse que sempre a iria proteger.
Alguns dias passaram, e José, assim se chamava o jovem carpinteiro, dirigiu-se a casa de Joaquim e de Ana com um cântaro novo que iria oferecer a Maria. Pensava também pedi-la para noivar. Maria ficou muito contente mas respondeu a José que não podia aceitar, pois havia prometido a Javé ficar sempre virgem. José sorriu e disse-lhe que não temesse, pois como já lhe dissera quando se conheceram, sempre a iria proteger e respeitar.
Maria Teresa Conceição
professora universitária
aposentada
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