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segunda-feira, 4 de março de 2019

Presença de organizações internacionais é ponto crítico na busca de acordo na Nicarágua

O Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, durante as conversações entretanto interrompidas (foto: Direitos reservados)
Serão retomadas nesta segunda-feira as negociações políticas entre o Governo da Nicarágua e sectores da oposição política a Daniel Ortega, depois de uma interrupção na sexta-feira, dia 1, após oito horas de reunião. Quando as conversas foram suspensas, estavam em causa os procedimentos e a agenda a seguir: fontes citadas pela agência Fides indicam que o lado governamental continua a resistir à proposta de presença da Organização dos Estados Americanos e das Nações Unidas como testemunhas e garante dos passos que vierem a ser acordados.

As reuniões contam com a presença do cardeal Brenes, presidente da Conferência Episcopal, e do núncio (embaixador do Vaticano) no país, Stanislaw Sommertag.
Um dos representantes da Aliança Cívica, que junta opositores ao Governo, manifestou, apesar de tudo, confiança em que um roteiro de trabalho possa vir a ser alcançado brevemente. “Sem regras claras e bem definidas, não é possível encetar um diálogo sério e responsável”, observou.
No primeiro dia dos trabalhos, os dois representantes na Igreja Católica sublinharam o desejo do Papa Francisco e da comunidade internacional de que o diálogo nacional’ seja conclusivo e que conte com a presença de representantes internacionais na mesa das negociações.
Entretanto, num gesto apresentado como manifestação de boa vontade, o presidente do país ordenou a libertação de uma centena de presos políticos, dos mais de 700 que se crê existirem na Nicarágua. Mas a questão da libertação de todos os prisioneiros por motivos políticos constitui um ponto da agenda de negociações proposto pela oposição.
Em comunicado citado pelo diário El País, o Ministério da Governação (Interior) anunciou que um certo número de detidos receberam “benefício de convivência familiar ou outras medidas cautelares”, o que leva a supor que a saída da prisão pode não ser definitiva.
Ativistas dos direitos humanos reagiram ao gesto de Ortega exigindo que sejam anuladas as acusações contra os agora libertados. Mas esta disponibilidade para voltar a negociar, nove meses depois de interrompida a ronda negocial anterior, deve-se também a factores como o crescente isolamento internacional, o agravamento da crise na Venezuela e, sobretudo, a contracção de quatro por cento na economia e a perda de mais de 300 mil postos de trabalho em 2018. 


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