Tem um menino Down; no princípio assustou-se, hoje adora-o
Actualizado 17 de Junho de 2013
Álvaro de Juana / ReL
Desde há já dois meses, às terças-feiras à noite esta afamada chefe espanhola entra nos lares de milhares de espanhóis através do pequeno ecrã pela mão do programa “Masterchef”, que cada semana bate o seu recorde de audiência na La1 da TVE.
Em Junho de 2013 está obtendo uma média de 21,6% de share, superando os 4 milhões de espectadores. Todo um recorde de audiência para um formato que se estreou débil em Espanha, mas que ganhou força e se mostra imparável.
Os cozinheiros perante o jurado
O programa é um “talent show” culinário, um concurso de cozinheiros anónimos que competem entre si com uma série de provas nas quais tem que elaborar diferentes pratos com um limite de tempo e debaixo da atenta observação de três prestigiados chefes nacionais.
Um destes “implacáveis” juízes é Samantha Vallejo-Nágera, conhecida por muitos como “Samantha de Espanha” pelo catering que fundou com o mesmo nome em 1995.
Formou-se nos melhores restaurantes do mundo: Londres, Lyon, Nova Iorque e Espanha, entre outros lugares. Mas, diz, o melhor que lhe aconteceu na vida é o seu terceiro filho, que tem a síndrome de Down.
Do paisagismo à cozinha
Samantha, prima da conhecida escritora católica María Vallejo-Nágera e irmã de Colate, ex da cantora Paulina Rubio, defendeu a vida em numerosas ocasiões.
Nunca pensou dedicar-se à cozinha, e por isso iniciou os seus estudos de paisagismo e foi formando-se como decoradora até que “por uma aposta tonta” a sua vida deu um giro radical.
“Estava com Moppi Horcher – cozinheiro e dono do prestigioso restaurante Horcher – ceando em casa da minha mãe, em Pedraza, e ele, a quem adoro, começou a meter-se comigo: ‘Não sabes o que é trabalhar duro, como eu trabalhei toda a minha a juventude’. E eu dizia-lhe que se equivocava, que aguentava o que fosse. ‘Ah, sim?’ ‘Pois quero ver-te na segunda-feira com um gorro baixo de cozinheira no Horcher’ (um dos melhores restaurantes de Madrid). E nessa segunda-feira levantei-me, comprei um uniforme de cozinheira e apareci no Horcher, cheia de confiança. E mudou a minha vida: passei da arquitectura de jardins à cozinha, com a qual, desde então, tenho ganhado a vida”.
Um filho Down: “nunca o teria abortado”
Sem dúvida, todavia ficava-lhe um acontecimento que faria que a sua vida fosse ainda “mais perfeita”, como ela mesma chegou a dizer: teve um terceiro filho… Com síndrome de Down.
“Eu então não sabia que seria mais perfeita. Agora quando o vejo e sinto que é tal maravilha não compreendo o desgosto que tive. Então todo o mundo me dizia que um menino com Down era a pêra e eu pensava, mas as pessoas são tontas? Isto é um drama, uma tragédia, um horror…! E no final é uma das alegrias das nossas vidas, da minha, da dos meus pais, da dos meus amigos”, explicava numa entrevista à La Razón em 2011.
Não foi fácil porque “teve um primeiro momento de assimilação complicado, mas logo fiquei encantada”, e “como sempre tinha querido ter quatro filhos fui a procura de mais um”.
Sobre se tivesse abortado no caso de que este filho também fosse Down, contesta cortante: “Não. Não o teria feito nem antes de saber a maravilha que era, assim que sabendo-o, muito menos. Não quero demonizar as pessoas que abortam, porque sempre há casos e casos… Mas eu não o faria”, assinalava.
“Rezo todos os dias”
A prestigiosa chefe nunca ocultou o que pensa sobre este tema e desde que nasceu o seu filho Patrick, a quem todos chamam “Roscón” porque nasceu no dia de Reis, tampouco esconde que ajuda fundações e associações que trabalham a favor dos descapacitados.
“Eu já ajudava antes, e agora faço-o mais, aproximando-me deles”, assinalava à ABC em 2010. “Eu já era solidária antes nos gestos de dar dinheiro, mas agora sou-o no desejo de aproximar-me um pouco desta gente, o que também é muito importante. Isto faz-te mais humana! Agora cada vez que estou com uma pessoa descapacitada falo com ela ou vou falar com os seus pais, e isso é algo que teria que conhecer todo o mundo”.
A sua vida espiritual, apesar de não ir à missa, é intensa graças à oração: “não vou à missa, mas rezo todos os dias. Em francês, porque a minha mãe é francesa, suponho. Tenho um altarzinho com as minhas virgens e as fotos de todos os que queria e se foram. Vivemos de costas para a morte e, ainda que seja duro, há que assumi-la”, explica Samantha.
Álvaro de Juana / ReL
Desde há já dois meses, às terças-feiras à noite esta afamada chefe espanhola entra nos lares de milhares de espanhóis através do pequeno ecrã pela mão do programa “Masterchef”, que cada semana bate o seu recorde de audiência na La1 da TVE.
Em Junho de 2013 está obtendo uma média de 21,6% de share, superando os 4 milhões de espectadores. Todo um recorde de audiência para um formato que se estreou débil em Espanha, mas que ganhou força e se mostra imparável.
Os cozinheiros perante o jurado
O programa é um “talent show” culinário, um concurso de cozinheiros anónimos que competem entre si com uma série de provas nas quais tem que elaborar diferentes pratos com um limite de tempo e debaixo da atenta observação de três prestigiados chefes nacionais.
Um destes “implacáveis” juízes é Samantha Vallejo-Nágera, conhecida por muitos como “Samantha de Espanha” pelo catering que fundou com o mesmo nome em 1995.
Formou-se nos melhores restaurantes do mundo: Londres, Lyon, Nova Iorque e Espanha, entre outros lugares. Mas, diz, o melhor que lhe aconteceu na vida é o seu terceiro filho, que tem a síndrome de Down.
Do paisagismo à cozinha
Samantha, prima da conhecida escritora católica María Vallejo-Nágera e irmã de Colate, ex da cantora Paulina Rubio, defendeu a vida em numerosas ocasiões.
Nunca pensou dedicar-se à cozinha, e por isso iniciou os seus estudos de paisagismo e foi formando-se como decoradora até que “por uma aposta tonta” a sua vida deu um giro radical.
“Estava com Moppi Horcher – cozinheiro e dono do prestigioso restaurante Horcher – ceando em casa da minha mãe, em Pedraza, e ele, a quem adoro, começou a meter-se comigo: ‘Não sabes o que é trabalhar duro, como eu trabalhei toda a minha a juventude’. E eu dizia-lhe que se equivocava, que aguentava o que fosse. ‘Ah, sim?’ ‘Pois quero ver-te na segunda-feira com um gorro baixo de cozinheira no Horcher’ (um dos melhores restaurantes de Madrid). E nessa segunda-feira levantei-me, comprei um uniforme de cozinheira e apareci no Horcher, cheia de confiança. E mudou a minha vida: passei da arquitectura de jardins à cozinha, com a qual, desde então, tenho ganhado a vida”.
Um filho Down: “nunca o teria abortado”
Sem dúvida, todavia ficava-lhe um acontecimento que faria que a sua vida fosse ainda “mais perfeita”, como ela mesma chegou a dizer: teve um terceiro filho… Com síndrome de Down.
“Eu então não sabia que seria mais perfeita. Agora quando o vejo e sinto que é tal maravilha não compreendo o desgosto que tive. Então todo o mundo me dizia que um menino com Down era a pêra e eu pensava, mas as pessoas são tontas? Isto é um drama, uma tragédia, um horror…! E no final é uma das alegrias das nossas vidas, da minha, da dos meus pais, da dos meus amigos”, explicava numa entrevista à La Razón em 2011.
Não foi fácil porque “teve um primeiro momento de assimilação complicado, mas logo fiquei encantada”, e “como sempre tinha querido ter quatro filhos fui a procura de mais um”.
Sobre se tivesse abortado no caso de que este filho também fosse Down, contesta cortante: “Não. Não o teria feito nem antes de saber a maravilha que era, assim que sabendo-o, muito menos. Não quero demonizar as pessoas que abortam, porque sempre há casos e casos… Mas eu não o faria”, assinalava.
“Rezo todos os dias”
A prestigiosa chefe nunca ocultou o que pensa sobre este tema e desde que nasceu o seu filho Patrick, a quem todos chamam “Roscón” porque nasceu no dia de Reis, tampouco esconde que ajuda fundações e associações que trabalham a favor dos descapacitados.
“Eu já ajudava antes, e agora faço-o mais, aproximando-me deles”, assinalava à ABC em 2010. “Eu já era solidária antes nos gestos de dar dinheiro, mas agora sou-o no desejo de aproximar-me um pouco desta gente, o que também é muito importante. Isto faz-te mais humana! Agora cada vez que estou com uma pessoa descapacitada falo com ela ou vou falar com os seus pais, e isso é algo que teria que conhecer todo o mundo”.
A sua vida espiritual, apesar de não ir à missa, é intensa graças à oração: “não vou à missa, mas rezo todos os dias. Em francês, porque a minha mãe é francesa, suponho. Tenho um altarzinho com as minhas virgens e as fotos de todos os que queria e se foram. Vivemos de costas para a morte e, ainda que seja duro, há que assumi-la”, explica Samantha.
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