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sábado, 20 de julho de 2013

A psicóloga de RedMadre é rotunda: «Toda a mulher que aborta sofrerá síndrome pós-aborto»

Fala do poder de perdão e o papel de Deus

Actualizado 1 de Julho de 2013

ReL


Mercedes Castilla, casada e com 4 filhos, é psicóloga e voluntária de Red Madre, em Madrid. É especialista em drogo-dependências, mas começou a trabalhar com mulheres tentadas de abortar quando uma rapariga grávida com esta decisão apareceu na sua consulta.

"Para mim foi um choque, porque nunca me havia encontrado com uma situação assim. Não sabia muito bem como falar-lhe. O sentido comum, as minhas crenças e a minha experiência como mãe (nesse momento estava grávida do meu terceiro filho) ajudaram-me a protegê-la contra o aborto".

Nessa primeira experiência "resgatadora", na sua consulta, conseguiu animar a rapariga a ter o seu bebé.

Quando o dano já está feito, curar
Depois viveu uma segunda experiência, mas desta vez o dano já estava feito: "Uma paciente veio por uma depressão muito aguda. Havia um ano que tinha abortado".

Essas duas experiências fizeram-na dar-se conta da importância das pessoas que rodeiam as mulheres em risco de abortar. "Isso fez-me reflectir e moveu algo dentro de mim. Essas duas situações fizeram-me tomar a decisão de fazer algo e ajudar as mulheres que estavam grávidas numa situação problemática ou que já tinham abortado e que sofriam as consequências", explicou na revista Palavra.

Um mês depois surgiu-lhe a oportunidade de colaborar com REDMADRE e não o duvidou. "O meu trabalho principal é falar bem da maternidade, do positivo e das bondades que tem a maternidade; falar-lhes da esperança, e então a mulher sorri".

Ecografias: que se possa ver
Também as ajuda a consciencializar-se de que o que realmente tem é uma vida humana. "Fazemos-lhes ecografias para que vejam que o que tem dentro não é uma celulite, é um ser vivo e é o seu filho. Isso é muito importante para elas, porque visualizam a existência real dessa vida".

Às vezes o problema não é, em si, que a mulher esteja grávida, mas sim que não tem trabalho, ou dinheiro, ou que pensa que a vão abandonar. "Se lhe oferece ajuda psicológica, ajuda material, o apoio que necessita, porque são momentos nos quais a mulher se sente muito vulnerável, muito só. A Fundação Red Madre o que faz é que a mulher se sinta protegida e não se sinta só".

Voluntários resgatadores disponíveis
Mercedes explica que os voluntários com tarefas de "resgate", necessitam viver "uma disponibilidade horária plena, já que podemos receber uma chamada de emergência a qualquer hora do dia de uma mãe a ponto de abortar. Nesse caso há que ir até onde esteja a mãe ainda que sejam três da manhã e viva na serra".

Mercedes explica: "Muitas das mulheres são conscientes de que o que levam dentro é o seu filho. Ainda que a sociedade lhes diga outra coisa, quando uma mulher fica grávida ela sabe que é de um ser humano não de uma cadeira. Uma mulher, antes de abortar, disse-me: ´Que pena, é o meu primeiro filho e o vou atirar ao lixo´. Algumas o reconhecem, mas afirmam que não lhes calha bem ter um filho. Para elas o aborto é a solução do problema, só pensam nisso, não ligam às consequências de um aborto".

Sempre chega a dor, ainda que demore anos
Porque depois do aborto, chega a dor. É a dimensão principal do serviço de Mercedes, ajudar à mulher que já abortou. Inclusive quando não se pode salvar a vida do bebé, é necessário curar a mãe atingida, e talvez prevenir o seu suicídio.

"Toda a mulher que abortou padecerá, de uma forma ou outra, a síndrome Pós-Aborto. Estudos científicos o demonstram. Não temos dados nem cifras de suicídios porque é muito difícil fazer uma relação causa-efeito entre aborto e suicídio. Sempre se poderia rebater que havia outros factores intervenientes. Mas sabemos na Red Madre, que o suicídio é uma das opções depois de um aborto. Muitas tentam-no, algumas o conseguem".

Ira, insónia, drogas, rupturas...
"A síndrome pós-aborto manifesta-se com insónias, problemas de alimentação, ira, drogas, conflitos dentro de si mesmas, culpabilidade, conduta autodestrutiva, baixa auto-estima. Muitas têm sonhos nas que saem bebés. Outras não se podem aproximar de parques onde há crianças. Outras, que abortaram com o consentimento, a imposição ou aval do seu par, o deixam porque o culpam e lhes recorda a criança".

"O objectivo do meu trabalho é que a mulher se perdoe a si mesma e se sinta perdoada pelos demais. Ver a paz que elas têm quando o conseguem é o mais bonito do meu trabalho", assinala Mercedes.

O poder curador do perdão e o de Deus
Como se mede o perdão? Que poder tem? Um mundo materialista não sabe disto, e sem dúvida o perdão é a chave para a cura e para conseguir uma vida nova.

"Estas mulheres necessitam ser perdoadas por outra pessoa, necessitam saber que há alguém que as perdoa. A saída passa por Deus, ou por um ente superior. Necessitam ser perdoadas. Animo-as quando contam o seu aborto: digo-lhes que fazê-lo contado é o princípio do fim. Que é terapêutico contá-lo".

"Acolho-as, demonstro-lhes carinho", explica Mercedes. "São mulheres muito frágeis. Tem tanta vergonha que, algumas, se auto danificam e dizem que não merecem ajuda. Muitas pensam que é justo que se sintam assim. Calam e não pedem ajuda. Pensam que fizeram algo tão mau que não merecem ser felizes. Castigam-se não pedindo ajuda".

As que chegam anos depois
Mercedes vê dois tipos de mulheres na sua consulta: "As que a síndrome lhes surgiu antes dos 6 meses e, outras, que um desencadeamento posterior (passados muitos anos, inclusive), uma recordação ou uma imagem de uma criança, as faz explodir. Sem dúvida a síndrome já lhes tinha surgido".

A síndrome pós-aborto é muito real e quotidiana: passa pela consulta de Mercedes e de muitos outros psiquiatras e terapeutas dia após dia. Dana milhões de mulheres, e as suas famílias. Muitas delas o curam e o superam e expressam o seu alívio e agradecimento. E sem dúvida, não está reconhecido como tal nos manuais de psiquiatria.

"Não convém, apesar de que existem estudos que o avaliam. Se tu publicamente dizes que o aborto implica uma patologia sais perdendo. Não podes defender o aborto como direito e por outro lado dizer que implica, em todos os casos, uma síndrome", denuncia Mercedes.

A incoerência do silêncio que dana
Isso também dana às mulheres, porque não podem falar perante a sociedade do que estão vivendo e lhes dana.

"É outra das incoerências. Porque a sociedade consente e potência o teu aborto, mas tu, se estás num bar com amigos, ou numa reunião com familiares, não presumes nem dizes que abortaste. O aborto é algo que se leva muito dentro", assinala Mercedes, num diálogo com resgatadores do blogue Rescatadoresdemadres.blogspot.com.es

Mercedes Castilla põe o seu e-mail à disposição de qualquer pessoa que requeira ajuda, escuta ou orientação sobre estes temas:
voluntariado@redmadre.es


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