O papa Francisco encerra a viagem apostólica ao Brasil e a saudade dá lugar à esperança de um futuro melhor a partir do que foi semeado em terra boa: a vida dos jovens.
Rio de Janeiro, 29 de Julho de 2013
Um jovem de "76 anos" conseguiu reunir numa praia três milhões e meio de jovens.
Ele conseguiu com suas palavras, mas, sobretudo, com as suas mostras de humanidade e de espiritualidade.
O papa Francisco se viu acompanhado por um frio incomum e por chuva
em todos os cantos do Rio de Janeiro, mas, como bem disse o bispo da
cidade no discurso de despedida, era uma chuva criadora, que ajuda os
brotos a germinar e a terra a ser mais fecunda.
A volta do sol, da luz e do calor, no fim de semana, foi quase uma imagem daquele crescendo de respostas interiores, que os jovens foram encontrando na oração, nas catequeses, na proximidade dos sacramentos.
É este o fruto da Jornada Mundial da Juventude, é este o significado
do saldo altamente positivo que o porta-voz da Santa Sé, pe. Federico
Lombardi, ressaltou na última conferência de imprensa.
Em entrevista ao repórter Gerson Camarotti, veiculada no programa
Fantástico, da TV Globo, a primeira entrevista do seu pontificado, o
papa Francisco respondeu à pergunta sobre o porquê do declínio dos
católicos no Brasil e do crescimento dos evangélicos.
Ele disse que a Igreja é como uma mãe que não pode se comunicar
somente através de documentos escritos. A proximidade é necessária. É
necessário abraçar, beijar, tocar, ficar perto do filho e da filha.
É isto o que o papa Francisco tem feito desde a sua chegada ao pontificado.
É por esta razão que, na manhã de domingo, um jovem exibiu em
Copacabana um cartaz em que estava escrito: “Papa Francisco, sou
evangélico, mas eu amo você”.
Os jovens são utópicos e isso é bom. A utopia é respirar e olhar para
frente. É este o sentido de nadar contra a corrente, expressão que o
papa mencionou diversas vezes.
Ir em frente sem medo, para servir, é a acção, a qualidade e o
propósito daqueles que são chamados por Cristo a fazer discípulos além
de toda fronteira da segurança humana e geográfica.
As Jornadas Mundiais da Juventude são um belo evento, mas não são
suficientes se, ao voltar para casa, não se é evangelizador, cristão
vivo, capaz de transmitir a fé aos outros.
O evangelho é para todos e não para alguns. Ele não é apenas para
aqueles que parecem mais próximos, mais receptivos, mais acolhedores. É
para todos. Foi o que disse o papa Francisco.
"O melhor meio para evangelizar os jovens são outros jovens": é por
isso que, durante a homilia, ele também mencionou o glorioso José
Anchieta, o beato jesuíta espanhol enviado em missão ao Brasil quando
tinha só 19 anos de idade.
Quando se está com o Senhor, não se pode ter medo; no seguimento do
Senhor, não pode haver reservas. Servir, afinal, é a condição própria de
quem segue a Cristo, que veio a nós não para ser servido, mas para
servir.
O jovem, se amado, escutado, guiado, contagia de juventude.
No final da viagem apostólica ao Brasil, fará falta nas ruas do Rio
de Janeiro aquele homem vestido de branco, lembrado com saudade, como
disse dom Orani Tempesta.
O papa Francisco, que não escondeu as suas saudades precoces do Rio,
será gratificado pela resposta dos jovens que, como resultado principal
da Jornada Mundial da Juventude, farão do Campus Fidei de Guaratiba um
novo bairro para os pobres, construído com os recursos voluntários dos
próprios jovens em favor de outros jovens, como família que são; jovens
sem terra, sem casa.
A próxima Jornada Mundial da Juventude estará de volta à Europa, na
cidade polaca de Cracóvia. Talvez lá também, graças aos peregrinos da
Argentina, Francisco possa tomar de novo o seu chimarrão.
Essa bebida nacional argentina, que também é típica do sul do Brasil,
além de ter propriedades medicinais, é um ritual de acolhida, de
partilha, de fraternidade: é o que papa Francisco recebeu; é o papa
Francisco trouxe à cidade maravilhosa, graças a uma juventude que sabe
maravilhar.
in
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