Vive uma vida simples, de oração no quotidiano
"Não quero nem necessito ser sacerdote, nem ainda que se ordenasse as católicas; a minha viagem agora é diferente", assegura esta clériga metodista. As místicas medievais e a vida contemplativa atraíram-na à Igreja Católica.
Actualizado 2 de Julho de 2013
Pablo Ginés/ReL
Patty Ryle Clay tirou o seu título de teologia protestante na Emory University de Atlanta e exerceu como pastora metodista durante 23 anos. Também o seu marido era ministro da Igreja Metodista Unida. “Fomos um dos primeiros pares de clérigos da nossa Convenção da Geórgia do Norte”, explica.
Ao entrar na Igreja Católica no Pentecostes de 2009, na paróquia de São Francisco de Assis de Blairsville, escreveu: “tinha um certo pesar na renúncia às minhas credenciais como clérigo metodista: nunca mais celebraria a Eucaristia. Ruminaria ideias para sermões que ficariam sem escrever, palavras alojadas privadamente no meu peito. O privilégio sagrado de enterrar um ser querido ou baptizar um bebé ficariam como experiências do passado”.
E sem dúvida, Patty Ryle tinha muito claro aonde o levava Deus. “Não quero nem necessito ser sacerdote, nem ainda que se ordenasse às mulheres católicas; a minha viagem agora é diferente”, assegura.
Solitária, rebelde e contemplativa
Sempre se combinou nela um temperamento solitário e rebelde com um firme gosto pelo contemplativo.
“Quando reflexiono sobre o meu passado – o rosário que encontrei aos meus pés no bosque quando rezava, aos 15 anos; o lento dar-me conta de que fui contemplativa toda a minha vida; a atracção e afinidade que tinha com as místicas medievais, uma nostalgia profunda por viver em comunidade cristã – dou-me conta que todos esses factores levaram-me ao ponto de não retorno. Quase tomaram a decisão por mim. Tudo o que tive que fazer foi levantar-me perante o altar e aceitá-lo”, escreve.
A liturgia da Quaresma e Páscoa
Patty recorda, por exemplo, quando era uma pastora em práticas numa igreja em Marietta. “Apresentei a essa congregação, mais baptista que metodista, a liturgia e o calendário da Igreja. Pela primeira vez na sua vida, os membros mais anciãos recebiam uma cruz de cinza na sua frente, aprendiam o que eram os quarenta dias da Quaresma e participavam no lavatório dos pés na Quinta-feira Santa. Muitos praticaram pela primeira vez algum jejum quaresmal”.
Depois, a tarde do Sábado Santo, alguns juntaram-se para ir em carro à missa católica do Mosteiro do Santo Espírito em Conyers. “Nossos corações estavam prontos para receber a liturgia formosa e dramática do Rito da Luz próximo da meia-noite. O rito começa fora, ao redor de um fogo, como o que Pedro usava para aquecer-se em Jerusalém. Os monges e o abade cantavam salmodiando: Irmãos e irmãs em Cristo, nesta noite santíssima em que Jesus passou da morte à vida, reunimo-nos como Igreja para observar e orar; esta é a Páscoa de Cristo, na qual partilhamos a vitória de Cristo sobre a morte”.
Agradecimento e simplicidade
Todas estas experiências a foram aproximando à fé católica. Viveu uns meses com umas monjas cistercienses na Noruega. Continuou aprofundando na vida de oração e tratando de vivê-la como uma laica, casada, no mundo, no quotidiano.
Hoje reflecte os seus pensamentos sobre Deus, a oração, o agradecimento pelo mundo e a Graça no seu blogue MisticalUnionIncarnation (http://pattyryleclay.wordpress.com). Trabalha numa padaria e aprecia mais do que nunca as coisas simples.
Não há debate sobre apologética nem protestantismo, e não se sente muito próxima às experiências de muitos outros ex-protestantes, com um itinerário mais teológico, como os da rede “Coming Home” (Voltando a Casa). “É possível ‘voltar a casa’ nesta vida?”, coloca-se, sempre ansiosa do Céu. “Rezo para que sempre possa abrir a minha boca com assombro e maravilha e cantar a Canção que nunca acaba. E rezo para que vocês também o façam”.
"Não quero nem necessito ser sacerdote, nem ainda que se ordenasse as católicas; a minha viagem agora é diferente", assegura esta clériga metodista. As místicas medievais e a vida contemplativa atraíram-na à Igreja Católica.
Actualizado 2 de Julho de 2013
Pablo Ginés/ReL
Patty Ryle Clay |
Ao entrar na Igreja Católica no Pentecostes de 2009, na paróquia de São Francisco de Assis de Blairsville, escreveu: “tinha um certo pesar na renúncia às minhas credenciais como clérigo metodista: nunca mais celebraria a Eucaristia. Ruminaria ideias para sermões que ficariam sem escrever, palavras alojadas privadamente no meu peito. O privilégio sagrado de enterrar um ser querido ou baptizar um bebé ficariam como experiências do passado”.
E sem dúvida, Patty Ryle tinha muito claro aonde o levava Deus. “Não quero nem necessito ser sacerdote, nem ainda que se ordenasse às mulheres católicas; a minha viagem agora é diferente”, assegura.
Solitária, rebelde e contemplativa
Sempre se combinou nela um temperamento solitário e rebelde com um firme gosto pelo contemplativo.
“Quando reflexiono sobre o meu passado – o rosário que encontrei aos meus pés no bosque quando rezava, aos 15 anos; o lento dar-me conta de que fui contemplativa toda a minha vida; a atracção e afinidade que tinha com as místicas medievais, uma nostalgia profunda por viver em comunidade cristã – dou-me conta que todos esses factores levaram-me ao ponto de não retorno. Quase tomaram a decisão por mim. Tudo o que tive que fazer foi levantar-me perante o altar e aceitá-lo”, escreve.
A liturgia da Quaresma e Páscoa
Patty recorda, por exemplo, quando era uma pastora em práticas numa igreja em Marietta. “Apresentei a essa congregação, mais baptista que metodista, a liturgia e o calendário da Igreja. Pela primeira vez na sua vida, os membros mais anciãos recebiam uma cruz de cinza na sua frente, aprendiam o que eram os quarenta dias da Quaresma e participavam no lavatório dos pés na Quinta-feira Santa. Muitos praticaram pela primeira vez algum jejum quaresmal”.
Depois, a tarde do Sábado Santo, alguns juntaram-se para ir em carro à missa católica do Mosteiro do Santo Espírito em Conyers. “Nossos corações estavam prontos para receber a liturgia formosa e dramática do Rito da Luz próximo da meia-noite. O rito começa fora, ao redor de um fogo, como o que Pedro usava para aquecer-se em Jerusalém. Os monges e o abade cantavam salmodiando: Irmãos e irmãs em Cristo, nesta noite santíssima em que Jesus passou da morte à vida, reunimo-nos como Igreja para observar e orar; esta é a Páscoa de Cristo, na qual partilhamos a vitória de Cristo sobre a morte”.
Agradecimento e simplicidade
Todas estas experiências a foram aproximando à fé católica. Viveu uns meses com umas monjas cistercienses na Noruega. Continuou aprofundando na vida de oração e tratando de vivê-la como uma laica, casada, no mundo, no quotidiano.
Hoje reflecte os seus pensamentos sobre Deus, a oração, o agradecimento pelo mundo e a Graça no seu blogue MisticalUnionIncarnation (http://pattyryleclay.wordpress.com). Trabalha numa padaria e aprecia mais do que nunca as coisas simples.
Não há debate sobre apologética nem protestantismo, e não se sente muito próxima às experiências de muitos outros ex-protestantes, com um itinerário mais teológico, como os da rede “Coming Home” (Voltando a Casa). “É possível ‘voltar a casa’ nesta vida?”, coloca-se, sempre ansiosa do Céu. “Rezo para que sempre possa abrir a minha boca com assombro e maravilha e cantar a Canção que nunca acaba. E rezo para que vocês também o façam”.
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